Em Novembro de 2009 a sonda Cassini observou de perto a evolução de uma tempestade de dimensão modesta (cerca de 3000 km) na atmosfera de Saturno. Durante estas observações a sonda realizou uma sequência de exposições durante 16 minutos que foram depois editadas na animação de 10 segundos que se segue.
As manchas sensivelmente circulares e com aproximadamente 300 km de diâmetro que ocorrem durante a animação, em vários pontos da tempestade, são relâmpagos ! Devido ao curto intervalo de tempo em que foram obtidas as imagens, a forma da tempestade mantêm-se essencialmente inalterada.
Aparentemente, a energia libertada nestes relâmpagos é comparável à dos relâmpagos mais energéticos observados na Terra. Nesta parte da atmosfera de Saturno existem três tipos de nuvens que podem produzir relâmpagos e que estão organizadas em 3 camadas com uma espessura total de 100 km. A camada de topo é constituída por nuvens de cristais de gelo de amónio (NH4), a intermédia por nuvens de hidrosulfureto de amónio (NH4SH), e a camada mais profunda por nuvens de àgua. A luz proveniente dos relâmpagos tem de atravessar as nuvens até ser captada pela Cassini, pelo que o tamanho dos relâmpagos nas imagens é proporcional à profundidade a que eles ocorrem. De facto, quanto maior for a profundidade de um relâmpago, mais a luz dele proveniente viaja transversalmente até atingir o topo da camada de nuvens. A análise das imagens permitiu assim aos cientistas da missão estimar que os relâmpagos devem ter ocorrido na camada de nuvens de hidrosulfureto de amónio ou no topo da camada de nuvens de àgua.
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