Dimensões Extra e a Nossa Visão das Coisas (também literalmente)

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Imaginemos um universo de 2 dimensões: a Planilândia, onde só existem as dimensões de comprimento e de largura. Os seus habitantes são figuras planas e só conhecem os sentidos trás, frente, esquerda e direita (Obviamente aqui falta a dimensão temporal). Apenas os físicos e matemáticos desse mundo plano têm noção de que existem outra dimensão – altura. Os habitantes planos não compreendem essa visão matemática porque não a conseguem imaginar. Está fora do seu alcance experimental. Os matemáticos sabem-no pelas equações complicadas.

Uma figura plana veria apenas o segmento mais perto de outro habitante, uma das arestas por exemplo.

Agora entra em cena um personagem da 3ª dimensão, uma maçã. Esta pode ver coisas que nunca um plano viu. Consegue ver o interior das casas e dos habitantes, uma espécie de raios X. O habitante plano ao ver a maçã a aproximar-se assusta-se pois esta rebola e os pontos de contacto com o solo vão alterando à medida que esta se vai deslocando pela Planilândia.

A certa altura permite ao quadrado uma experiência única. Atira-o ao ar e o habitante plano descobre a altura, vê o interior das casas e dos companheiros. Desfruta de uma visão privilegiada do seu mundo.

Por fim, ao cair os seus companheiros acham estranha a sua espontânea materialização à sua frente, depois de ter desaparecido misteriosamente da sua casa. Mas ele simplesmente esteve por cima deles, num local nunca antes experimentado e não compreendido por aqueles habitantes.

Esta é uma estória que espelha um pouco da investigação e do que podemos esperar das dimensões extra.

A incompreensão dos pessoas leigas sobre a matéria que os cientistas estudam e a sua tentativa de explicar. Como os habitantes da planilândia nunca tinham experienciado tal dimensão e como não a podiam ver desacreditavam os cientistas. Hoje é igual, muita gente quer ver claramente, como um desenho o que está nas fórmulas matemáticas e quer uma explicação simples do que é complexo. Quando há uma boa analogia simples esta torna-se simples demais e denotam-se falhas na explicação. Por este motivo, uma analogia é apenas isso, uma explicação redutora ou uma introdução simples à explicação complexa.

Outro facto a retirar deste conto é que devemos ter a mente aberta a novas explicações e aventurar-nos nas ideias. Muitas vezes a ficção tornou-se realidade e não devemos desprezar uma hipótese antes de a testar (se for possível). Por um motivo, não conhecemos o nosso mundo de 4 dimensões (3 espaciais e uma temporal) tão bem como um suposto ser de 11 dimensões (as descritas pela teoria de cordas).

Estória retirada do livro “Cosmos” de Carl Sagan, 5ª Edição, pgs 304/305

3 comentários

  1. Agostinho,

    O ser de 4 dimensões espaciais pode vê-lo, nós é que não o “vemos” a ele, nem conseguimos sequer conceber o que é essa 4ª dimensão espacial.
    Da mesma forma que o quadrado da planilândia, a 2 dimensões, não nos consegue conceber a nós (em 3 dimensões), mas nós “vêmo-lo” perfeitamente.
    😉

    Quanto a 11 dimensões, como o Dário referiu, só se usam para as chamadas teorias do Tudo, como as Cordas. Mas é só um “truque” matemático… não corresponde à realidade (ao que se sabe). É uma simples abstracção que se faz
    😉

  2. O teu texto está muito giro 🙂

    Esta ideia também está explicada em 2 vídeos pelo Dr. Quantum e pelo Carl Sagan, neste post:
    http://www.astropt.org/2010/06/03/a-4%C2%AA-dimensao-espacial/
    😀

    E, claro, também podem ver na série Cosmos:
    http://www.astropt.org/2008/10/29/cosmos-de-carl-sagan/
    🙂

    • Agostinho Magalhães on 09/07/2010 at 12:47
    • Responder

    Que vê um “elevendimention” que eu não veja? Como vê ele?… Ele vê-me?

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