Educação Finlandesa

Vi neste blog, este artigo sobre a educação na Finlândia.
Pareceu-me interessante, até porque temos já colocado aqui posts sobre educação, com alguma característica astronómica.

Tenho um grande amigo Finlandês com quem me dei muito bem durante 3 anos, por isso tenho noção de algumas características da educação que se faz pela Finlândia.
Concordo com várias coisas no post.
O que não entendo no post é a “aversão” à tecnologia.

Se o saber se transmite de pessoa para pessoa fisicamente, então a existência desse blog é um paradoxo.
Por outro lado, o que é que o autor considera como tecnologia? É contra os lápis? É que eles são tecnologia…

Parece-me que, como sempre quando há inovações científicas/tecnológicas, as pessoas confundem a tecnologia em si com a sua aplicação.
As tecnologias podem e devem ser bem aplicadas nas escolas (como são os lápis e cadernos, também da mesma forma serão os computadores).
E os computadores permitem fazer muito mais do que anteriormente.
Existem por exemplo os exercícios chamados de “Generative Design” que são simplesmente assombrosos. Puxam pela criatividade dos alunos de uma forma incrível, geram hipóteses surpreendentes por parte dos alunos, e explicam de forma visual assuntos que de outra forma seriam tão abstractos que normalmente são incompreendidos.
Outros exemplos existem até aqui no blog, onde alunos de escolas secundárias descobriram supernovas, pulsares, asteróides, etc, devido precisamente a essas novas tecnologias (não é melhor eles aprenderem ciência fazendo ciência como os cientistas, do que estarem sentados a ler definições de um livro?).

Por fim, as escolas Finlandesas também fazem uso das tecnologias…

Deixo o vídeo, que é bastante interessante:

(no Youtube, podem ver outras reportagens semelhantes)

2 comentários

    • Carlos Oliveira on 19/07/2010 at 13:57
    • Responder

    Mário,

    Note que concordo consigo em quase tudo o que diz no post 😉
    Por exemplo, quanto às políticas de educação tem razão.
    Apesar da escola secundária em Portugal ser muito melhor que a maioria dos países em que passei… incluindo EUA 🙂

    Só o 3º ponto é que me pareceu muito mal posto… até porque o seu blog não está fisicamente ligado a nós, e transmite saber 😉

    Agora que há muito mau uso das tecnologias da informação… aí concordo consigo.
    Da mesma forma que, na Universidade em Portugal, tive professores que se sentavam na cadeira da frente e liam o livro da disciplina (que era deles) sem mais nada… também já tive professores a usarem o powerpoint para simplesmente lerem os “bullet points”.
    Aliás, existe um artigo chamado “How powerpoint is evil”. Que basicamente nos transmite a ideia que as novas tecnologias podem nos dar muitas alternativas, mas que muitas vezes são usadas para “ensino tradicional” – aquele chato em que alguém lê algo e todos os outros ouvem.

    Agora, há vários casos de sucesso de integração da tecnologia nas salas de aulas… com cerca de 15 alunos por turma… com actividades em grupo… e com os professores muito mais disponíveis para ajudar e com contacto directo (os tais 5 sentidos de que fala) com os alunos. É perfeitamente possível integrar a tecnologia dessa forma 😉

    Olhe, dou-lhe um exemplo da astronomia (já que o blog é disso mesmo).
    Ter telescópios nas escolas é fantástico, certo? E ter planetários insufláveis ainda é melhor, certo? Sempre se pode ver o movimento das estrelas, Sol, e planetas, sem ser ao ler palavras num livro…
    E se os professores não forem ensinados a trabalhar com eles, o que se faz a essa “tecnologia”? É colocada nos armários e nunca mais é usada…

    Ou seja, eu acho que o problema da tecnologia da educação não é o problema da tecnologia em si, mas sim o facto de não se saber integrar na escola convenientemente… devido a um conjunto de factores, claro 🙂

    Concordo consigo quando diz que tem que haver “estabilidade das relações e criação de laços comunitários” entre os alunos, os professores e a comunidade.

    E também concordo consigo que muitas vezes só se olha para o negócio imediato (seja computadores Magalhães, seja telescópios e planetários insufláveis), em vez de fazer o que seria muito melhor que seria olhar para o longo prazo, e dar formação profissional aos professores de forma a integrar de forma eficiente/pedagógica as novas tecnologias, ou então aproveitar esse dinheiro para criar uma “rede de muitas pequenas escolas, e tempo e condições para criar ambiente amigável na comunidade”.

    abraço!

  1. Caro Carlos Oliveira:

    Culpa minha, de facto, se deixei a ideia de ter “aversão” às novas tecnologias. Trabalho com calculadoras gráficas, computador, datashow, etc., e tenho os meus blogs.

    Admiro todo o progresso científico e tecnológico devidamente utilizado, o AstroPT deixa-me frequentemente fascinado.

    Tenho aversão, sim, e muita, é à pseudo-ciência intitulada “pedagogia” que vê em ferramentas tecnológicas a panaceia para acabar com o ensino “bolorento”, “passadista”, “elitista”, do manual, do lápis e papel, da aprendizagem de cor, do quadro preto, da palavra e presença central do professor. E tenho aversão às políticas da educação que seguem esta orientação e aproveitam para dar negócio a alguns, quando o dinheiro era muito mais bem gasto numa rede de muitas pequenas escolas, e tempo e condições para criar ambiente amigável na comunidade.

    O que o ensino na Finlândia, segundo o vídeoclip, mostra, é que quadro interactivo, calculadora e outros gadgets de simulação de experiências, se podem ser úteis, não são indispensáveis; enquanto que a transmissão da palavra pessoa a pessoa e fisicamente, com estabilidade das relações e criação de laços comunitários, essa sim. é indispensável.

    Tanto quanto possível, adiar as novas tecnologias para uma fase mais adiantada de autonomia: é perfeitamente possível a auto-aprendizagem online quando já há uma boa base de formação.

    Cumprimentos,

    Mário

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado.

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.