Explosão de vida no Mar Báltico

Uma florescência de cianobactérias cobrindo o Mar Báltico, numa imagem captada a 11 de Julho de 2010 pelo Medium Resolution Imaging Spectrometer (MERIS), um dos instrumentos científicos a bordo do satélite Envisat.
Crédito: ESA.

As florescências de cianobactérias são fenómenos tendencialmente sazonais, que ocorrem no Mar Báltico, geralmente após as florescências primaveris de diatomáceas e de dinoflagelados (constituintes comuns da comunidade fitoplanctónica da região). Resultam da associação de um particular conjunto de condições ambientais que favorecem a proliferação de cianobactérias filamentosas fixadoras de azoto atmosférico. Fazem parte desse conjunto: a baixa salinidade das águas do Mar Báltico (favorável à proliferação da maioria das cianobactérias planctónicas, pouco tolerantes a águas com elevada salinidade); a diminuição drástica da concentração de nitratos nos meses de Verão (resultante, essencialmente, da explosão populacional primaveril de diatomáceas e de dinoflagelados); a manutenção de concentrações elevadas de fosfatos (nutrientes essenciais para a proliferação das cianobactérias); e o aumento da temperatura e da insolação da água (as cianobactérias são organismos fotossintéticos que crescem preferencialmente a temperaturas mais amenas).
São duas as espécies cianobacterianas que geralmente dominam as florescências no Mar Báltico: a espécie não tóxica Aphanizomenon flos-aquae e a espécie potencialmente produtora de toxinas (hepatotoxinas e neurotoxinas) Nodularia spumigena.

Aspecto macroscópico de uma florescência de Aphanizomenon flos-aquae numa albufeira do Alentejo.
Crédito: Sérgio Paulino.

Aspecto microscópico dos feixes de filamentos de Aphanizomenon flos-aquae, numa amostra colhida numa albufeira do Alentejo (ampliação 100X).
Crédito: Sérgio Paulino.

Cada vez mais vulgares e prolongadas nos meses de Verão, as florescências de cianobactérias potencialmente tóxicas são fenómenos extremamente nefastos para as economias do Mar Báltico, uma vez que ditam o encerramento de praias na região, e limitam a pesca nas zonas afectadas. Com vista a minimizar o seu impacto na vida das populações locais, as autoridades dos países bálticos têm beneficiado desde 2002 da monitorização contínua destes fenómenos, a partir de uma rede de satélites de observação que inclui o satélite europeu Envisat.

4 comentários

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    • Carlos Oliveira on 28/07/2010 at 05:00
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    cienciahoje.pt…
    Já agora, este link: 🙂
    http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=44246&op=all

    • Carlos Oliveira on 20/07/2010 at 14:51
    • Responder

    Obrigado pela explicação! 🙂

  1. É possível. Não é muito saudável.
    Para além da possível inalação e deglutição de grandes quantidades de células potencialmente produtoras de toxinas (e estamos a falar de toxinas cancerígenas e toxinas paralizantes), o contacto com a biomassa poderia desencadear reacções alérgicas desagradáveis na pele. Por isso, não é de todo aconselhável.
    No entanto, é um fenómeno digno de ser observado de perto. Em poucos dias, as florescências de cianobactérias podem atingir densidades na ordem dos milhões de células por mL!

    • Carlos Oliveira on 20/07/2010 at 00:44
    • Responder

    Muito giras estas fotos que tiraste 🙂

    Pergunta: é possível nadar no Mar Báltico no meio desta “florescência”?

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