Portugal em chamas

Olá,

acho que um problema crucial é o facto de a floresta não ser vista como um património com valor económico (já para não falar no óbvio valor natural). Há umas dezenas de anos atrás a nossa economia dependia muito mais da agricultura e da produção florestal. Uma percentagem importante da nossa população subsistia quase exclusivamente dessa actividade primária. Nessa altura as matas eram limpas de forma criteriosa pelas pessoas e os resíduos resultantes re-utilizados (e.g. para estrume, lenha, cortes dos animais). Hoje em dia tudo mudou. Quem tem matas já não subsiste delas. Frequentemente é dono delas por herança e a sua ligação com as terras é mínima. Mais, manter as matas limpas custa dinheiro e é muito mais fácil para quem as tem plantar eucaliptos ou simplesmente deixar crescer pinheiros até terem valor comercial para depois fazer algum dinheiro com elas. Depois o ciclo repete-se.

Onde está o Estado no meio disto tudo ? Cria leis que obrigam à limpeza das matas (que não faz cumprir), proibe a plantação de eucaliptos em determinadas zonas (e não faz cumprir), e acima de tudo investe imenso dinheiro em meios de combate aos fogos e não faz quase nada em termos de prevenção: re-ordenamento do território (uma verdadeira “Reforma Florestal” era o que precisavamos), limpeza das matas em concertação com a criação de uma industria de processamento resíduos florestais e bio-fuels.

E onde está o exército no meio disto ? Um instrumento que poderia ser tão importante no combate e aos fogos e um factor de dissuasão através do patrulhamento das matas em épocas críticas.

E a re-florestação ? Porque não se re-florestam áreas ardidas com espécies folhosas e autóctones (e.g. carvalho, sobreiro, castanheiro). Porque se extinguiram os antigos viveiros dos serviços florestais que davam apoio à reflorestação ?

Todos os anos temos este espectáculo triste com promessas de mudanças ou refugio em estatisticas comparativas com anos anteriores.

eu estive no dia do incêndio da serra da Estrela. É horrível o estado em que ficou grande parte da encosta ocidental da serra junto a Seia. Os incendiários não merecem qualquer tipo de misericórdia. As penas de 25 anos ~sao muito poucas para o enorme prejuízo causado.
Espero que usem a tecnologia já disponivel quanto antes que é poder usar-se imagens em tempo real de uma extensão de metros suficiente para se detectar o inicio de um incendio PARA desta forma mais rapidamente se comabter de form mais rapida antes que deflagre. Já chega! Infelizmente, há muitos interesses ocultos e lobbies por trás disto. E há empresas que enganam claramente a opinião pública. Mas provar isso não é fácil…