Uma equipa de astrónomos europeus utilizou o Very Large Telescope (VLT) do ESO para medir a distância à galáxia mais distante conhecida até hoje.
Ao analisar cuidadosamente a fraca luminosidade da galáxia, a equipa descobriu que está na realidade a observar esta galáxia quando o Universo tinha apenas 600 milhões de anos (o que corresponde a um desvio para o vermelho de 8.6).
Estas são as primeiras observações confirmadas de uma galáxia cuja radiação está a dissipar o denso nevoeiro de hidrogénio que enchia o Universo primordial.
Estes resultados aparecem no número desta semana da revista Nature.
(…)
A co-autora Nicole Nesvadba (Institut dôAstrophysique Spatiale) comenta: “Medir o desvio para o vermelho da galáxia mais distante é bastante importante por si só, mas as implicações astrofísicas desta detecção são ainda mais importantes. Esta é a primeira vez que sabemos com toda a certeza que estamos a observar uma das galáxias que dissipou o nevoeiro que enchia o Universo primordial.”
Um dos factos surpreendentes relativo a esta descoberta é que o brilho da UDFy-38135539 parece não ser suficientemente forte por si só para dissipar o nevoeiro de hidrogénio. “Devem existir outras galáxias, provavelmente menos brilhantes e de menor massa, companheiras da UDFy-38135539 que também ajudam a tornar o espaço entre as galáxias transparente. Sem esta ajuda adicional, a radiação da galáxia, por mais brilhante que fosse, ficaria presa no nevoeiro de hidrogénio circundante e não a teríamos observado”, explica o co-autor Mark Swinbank (University of Durham).
Leiam todo o artigo, no site do ESO.
É interessante também pensar que estamos a ver a galáxia, não como é hoje, mas sim como era há cerca de 13 mil milhões (Bilhões, no Brasil) de anos atrás.
Ou seja, a luz que estamos a ver, saiu da galáxia há 13 mil milhões de anos, e percorreu o espaço nesse tempo, até chegar até nós.
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Os fundos dos nossos mares, por exemplo, ainda são bastante desconhecidos.
E continuamos ainda hoje a descobrir civilizações “esquecidas” na Amazónia.
😉
Mas isso de uma “espécie global” é o que se vê na ficção científica. Sempre que os Humanos chegam a qualquer lado, ou os ETs chegam cá, parece que não há qualquer ecossistema, mas sim somente uma espécie completamente global, planetária, que vive nesse planeta ET.
Eu sou muito apologista de que nós para o universo somos como átomos ou células para um ser vivo, de que todo o material observável e palpável é a composição de um ser ou algo parecido em que diferentes células têm diferentes funções e nós podemos até adaptar isso ao nosso universo.
É um conceito muito abstracto ou muito egocêntrico ou sei lá o q mais, mas temos q começar a processar as diversas possibilidades e termos em mente de que não existe só comprimento, largura e altura. Há muitas mais coisas q não são mesuráveis e que não será nas próximas 100 gerações (caso não nos lembremos de nos matar-mos uns aos outros primeiro) q teremos um conhecimento abrangente a todo o universo.
Em relação a um post anterior q li, sobre Cientologia, também creio q a ciência por vezes se preocupa com coisas fúteis de mais.
Penso que em primeiro lugar temos de criar sim um bom sistema educacional virado para a Saúde, Educação, Economia e Ciência (sendo a astronomia a grande base) e após estarmos cientes do que realmente somos (para já um fruto da casualidade) evoluirmos como espécie, porque o homo sapiens já está a ficar velho 😛
Peço desculpa por já estar a divagar tanto no assunto, mas o meu desagrado é para com povos e culturas que pretendem expandir o seu território quando na Terra “já não há mais para explorar” (ainda há muito para saber sobre a nossa Mãe, mas perceberam o q quis dizer, certo?).
Enquanto não passarmos a ser uma especie global, porque não o somos, somos sim um conjunto de subespécies, não vamos evoluir!
A reionização foi um processo “não homogêneo” que levou milhões de anos no Universo primordial. Assim, algumas regiões foram processadas antes de outras, mas o processo integral só terminou quando o Universo atingiu 1 mil milhões de anos (1 bilhão, no Brasil), 400 milhões de anos depois desta imagem da galáxia UDFy-38135539 estudada através do VLT do ESO.
Para saber mais consulte os quadros abaixo para z=14, 10, 8 e 6 e o artigo científico de Alvarez e equipa, cujo link segue abaixo:
http://eternosaprendizes.com/2010/10/20/eso-usa-o-very-large-telescope-para-investigar-a-galaxia-mais-distante-conhecida/a-reionizacao-para-diferentes-valores-de-z/
http://arxiv.org/PS_cache/arxiv/pdf/0812/0812.3405v1.pdf
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Pois, ROCA, esqueci-me desse “pormenor”.
Exacto, só vemos o Universo Observável.
O Universo na sua totalidade, pode não estar a crescer…
O Universo na sua totalidade até pode ser só um ET gigantesco, e nós – bactérias – estamos somente no fígado (que vemos a aumentar, porque o ET é alcoólico). Ou seja, o nosso Universo pode ser somente um “fígado” de ET
😀
Sobre Universo Observável sugiro estudar este infográfico da Scientific American que explica bem o conceito:
http://eternosaprendizes.com/2008/12/23/estudo-independente-confirma-o-destino-do-universo-e-controlado-pela-energia-escura/i02-29-universe-observable/
O conceito de “centro do Universo” é algo totalmente desprovido de sentido pois o Universo está em contínua e acelerada expansão. Além disso nós só conseguimos ver uma pequena fração do Universo, o “Universo Observável” que é uma esfera centrada no observador. Fora desta esfera há muito mais Universo, que jamais teremos acesso.
Além disso esta distância galáxia é revelada quando o Universo ainda era um ‘bebê’. Os raios luminosos deste objeto levaram quase 13,2 milhares de milhões de anos para chegar até aqui. De lá para cá a galáxia se deslocou junto com a expansão do Cosmos.
.
Este falsa concepção lembra-me outro pensamento errôneo sobre ‘sincronizar os relógios’ em distâncias astronômicas. Trata-se de uma tarefa sem sentido. Vejamos: um observador na Terra manda um feixe sincronizador de laser para um observador na Lua, ao chegar à Lua o pulso levou pouco mais de 1 segundo. O observador lunar manda um pulso de luz de volta confirmando a sincronização… e mais 1 segundo se passou.
A velocidade da luz é muito pequena quando consideramos as distâncias cosmológicas… como falar de algo tão impalpável como o “centro do Universo”? O centro de algo que nós só observamos uma pequena fração?
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Penso que conseguimos ver essa galáxia, porque esse nevoeiro foi dissipado.
Para o sítio onde estamos a olhar, já não existe esse nevoeiro, daí que conseguimos ver a galáxia.
Mais para “trás no tempo” é que não é possível ver, porque existe esse nevoeiro que não deixaria ver a galáxia em formação.
Penso que será assim…
Mas eu não sou especialista em cosmologia 😉
Um bocado mais no assunto do post, existe algo que me faz alguma confusão: a este nível, distância e tempo confudem-se e misturam-se (quanto mais longe vemos, mais atrás no passado vemos também). Ora, se estamos a olhar para uma galáxia que estaria, há 13 mil milhões de anos atrás, envolta num denso nevoeiro de hidrogénio não transparente, porque não vemos esse nevoeiro na imagem da galáxia? E onde ficará a fronteira do ponto em que deixou de haver esse nevoeiro?
Já agora, acho que simplesmente fascinante que o Homem consiga olhar, literalmente, para algo há 13 mil milhões de anos atrás 🙂
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Sim, claro. Totalmente de acordo.
Mas a ideia é pensar “mais além”.
Da mesma forma que uma formiga está na superfície de um balão, sendo a superfície a 2 dimensões, e percebe que os outros pontos se afastam dela, percebendo que há uma expansão, mas sem centro… pelo menos sem centro no seu universo (que são as 2 dimensões espaciais da superfície do balão)….
Também nós, seres de 3 dimensões espaciais, estamos a ver o universo a expandir-se a 3 dimensões, mas não vemos qualquer centro. Ou seja, esse centro, pode estar numa outra dimensão espacial que não entendemos, nem sequer conseguimos imaginar (tal como a formiga não entende o que poderá ser uma 3ª dimensão).
A explicação do Sagan:
http://www.astropt.org/2010/06/03/a-4%C2%AA-dimensao-espacial/
🙂
Esta é a minha ideia de onde poderá estar o centro… mas posso estar redondamente enganado!
😉
Carlos, a ideia do Universo como a superfície de um balão é um bocado enganadora na visão que provoca. Isto porque tendemos a pensar na superfície do Universo como algo em duas dimensões (na verdade a superfície de um balão tem espessura embora seja bastante menor do que, por exemplo, o seu diâmetro) e facilmente concepcionamos o Universo como um vasto espaço tridimensional. Pessoalmente, é-me difícil imaginar o Universo como a superfície de um balão e sem nada no meio 🙂
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Olá,
Note que o Big Bang nada diz nada sobre o início do Universo.
O Big Bang tenta explicar o desenvolvimento do Universo a seguir ao tempo de Planck (ou seja, 10^-43 segundos após o nascimento do Universo).
0,0000000000000000000000000000000000000000001 segundos parece insignificante, mas naquele tempo, era uma eternidade
🙂
Quanto ao Multiverso, na minha opinião pessoal, é pura especulação, que nasceu porque as pessoas (cientistas incluídos) têm medo de não serem especiais no Universo…
Pois é, pelo que parece o big bang é apenas mais uma teoria sobre o “inicio” do universo com algumas lacunas, assim como aquela teoria de que na realidade existem muilti universos que se tocam de tempos a tempos… Vou esperar mais uns anos até se encontrar um “teorema”…
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Olá,
Não cheguei a perceber a pergunta sobre os detritos.
A concepção sobre existir um centro do Universo é normal, mas é incorrecta… pelo que se sabe actualmente.
Não existe centro do Universo.
Ou, caso exista, não está no Universo…
O Big Bang não foi uma explosão, mas o Big Bang é simplesmente um “crescimento do Universo”, de tudo o que existe, de afastamento de tudo o que existe.
O exemplo que se costuma dar é este:
O Mário compra um balão.
“Bufe” lá para dentro, ou seja, encha-o um pouco de ar. Só um pouco.
Agora, com um marcador, pinte alguns pontos nessa superfície.
A superfície do balão é o nosso Universo.
Agora, vá enchendo mais e mais o balão.
Os pontos vão-se afastando uns dos outros.
Esteja em que ponto estiver, vai ver sempre os outros pontos a afastarem-se de si. Como se o Mário, nesse ponto A, estivesse parado, mas todos os outros se afastassem de si.
Agora, mude para outro ponto. Se o Mário estiver agora num ponto B, e o balão continuar a encher, então vai continuar a ver todos os outros pontos a afastarem-se de si, como se o Mário, agora no ponto B, estivesse parado, e todos os outros é que se afastavam (incluindo agora o A também se afastar).
Ou seja, dá sempre a ideia, estejamos em qualquer ponto do Universo, que nós estamos parados, e tudo o resto no Universo se expande (as nossas observações são relativas, dependem do observador, como diria Einstein).
O que levará à “misconception” que estaremos parados no centro do Universo. Mas não é o caso, porque em qualquer ponto veríamos o mesmo.
Ou seja, tem duas formas de pensar: ou não existe um centro do Universo. Ou todos os pontos fazem parte do centro do Universo.
Eu, pessoalmente, opto por outra maneira de pensar, mas sinceramente é uma forma pessoal de ver as coisas, que nunca vi expressa em lado nenhum.
Para mim, a existir um centro, estará fora do Universo. Tal como no caso do balão, o universo é a superfície, e na superfície do balão não existe qualquer centro. No entanto o centro está fora da superfície, está “dentro” do balão, a fazer a superfície expandir.
Da mesma forma, o centro do Universo estará fora desse Universo, ou melhor, estará “dentro” dele mas fora das nossas dimensões espaciais/temporais.
Isto claro, tendo em conta o exemplo do balão, que é só um exemplo, e que também sofre de algumas misconceptions
😉
Carlos desculpe a minha ignorância, mas isso quer dizer que existe a possibilidade do “centro” do universo se situar algures entre nos e essa galáxia?
Pelo que percebo, o facto do universo estar-se a expandir é devido ao Big Bang. Pondo as coisas simples, numa explosão existem detritos a serem projectados em todas as direcções, se o detrito A esta-se a afastar do B, isso quer dizer que, ou, o A está a afastar-se de B na mesma direcção mas a velocidades diferentes, ou, o A está a afastar-se de B em direcções diferentes.
Qual das afirmações é mais correcta?
Esta notícia é espectacular! Acho incrível estar a olhar-se tão para trás no tempo, é fascinante 🙂
E parabéns pelo site já agora 🙂
Author
Olá,
Pense no efeito Doppler para o som.
Quando um comboio ou uma ambulancia, ou outra coisa que venha a apitar, vem na sua direcção, vem com um tipo de som mais agudo, quando se afasta faz um som mais grave.
Isto tem a ver com os comprimentos de onda, neste caso para as ondas sonoras. Tornam-se mais curtas, os picos mais próximos, quando se aproximam, e mais longas quando se afastam de nós.
O mesmo acontece para as ondas de luz.
Quando um objecto se afasta, as ondas ficam mais longas, e isso torna a onda de luz com um desvio para o vermelho. Quando um objecto se aproxima, a onda torna-se mais curta, e fica com um desvio para o azul.
Ora, sabe-se que o Universo está a expandir, daí que teremos um redshift (desvio para o vermelho) dos objectos, porque eles se afastam de nós.
A chamada Lei de Hubble também nos diz que quanto mais afastado o objecto estiver de nós, maior é a sua velocidade de afastamento, e assim maior será o seu desvio para o vermelho.
Um desvio para o vermelho de 8.6 é bastante alto, e quer dizer que o objecto se está a afastar de nós a uma tal velocidade, que tem que estar extremamente longe da Terra. De facto, está tão longe da Terra que será um dos “primeiros objectos” a se terem formado após o tal “nevoeiro” se ter dissipado no Universo e passarmos a poder “ver” objectos. Ou seja, estamos a ver um objecto nos primórdios do Universo.
Não sei se consegui explicar bem… tentei manter simples… mas não sei se terei simplificado demais, ou, pelo contrário, se terei assumido algumas palavras que talvez sejam mais complexas de entender…
Carlos, por favor explique desvio para o vermelho de 8.6, assim mais por miúdos.
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