Ciclo de Universos
Sempre gostei da ideia oriental de ciclos intermináveis, como até vemos no reciclar da vida e morte de seres vivos, de estrelas, etc.
Em cosmologia, esta ideia converteu-se numa teoria que nos diz que existirá um ciclo interminável de Big Bang, expansão, contracção, Big Crunch, Big Bang, expansão, contracção, Big Crunch, Big Bang, etc, e assim sucessivamente.
Ou seja, o nosso Universo é o “filho” do Universo anterior, e será o pai do próximo Universo (a ter origem após o Big Crunch deste).
É o chamado Big Bounce – um modelo cíclico de Universo Oscilante.
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Carlos Oliveira
Carlos F. Oliveira é astrónomo e educador científico.
Licenciatura em Gestão de Empresas.
Licenciatura em Astronomia, Ficção Científica e Comunicação Científica.
Doutoramento em Educação Científica com especialização em Astrobiologia, na Universidade do Texas.
Foi Research Affiliate-Fellow em Astrobiology Education na Universidade do Texas em Austin, EUA.
Trabalhou no Maryland Science Center, EUA, e no Astronomy Outreach Project, UK.
Recebeu dois prémios da ESA (Agência Espacial Europeia).
Realizou várias entrevistas na comunicação social Portuguesa, Britânica e Americana, e fez inúmeras palestras e actividades nos três países citados.
Criou e leccionou durante vários anos um inovador curso de Astrobiologia na Universidade do Texas, que visou transmitir conhecimento multidisciplinar de astrobiologia e desenvolver o pensamento crítico dos alunos.
9 comentários
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Author
A energia negra não afecta a matéria no universo, nem é afectada por ela.
Só afecta o Universo no seu todo… o “fabric” do espaço-tempo.
Veja isso como uma forma de antigravidade.
(da mesma forma, um balão pode aumentar de tamanho, e isso é indiferente se na superfície do balão existem mais ou menos pontos/estrelas)
A matéria negra, se existir em quantidade suficiente, pode contrabalançar isso.
Ou seja, se a matéria, que provoca gravidade, fôr suficiente para superar o efeito da energia negra, o universo irá se contrair (e a forma do Universo é esférica).
Senão, a energia negra ganha, e o universo irá expandir-se par sempre.
Da mesma forma, supondo que eu sou o Universo, as minhas pernas são a energia negra, e um camião a vir em sentido contrário é a matéria no Universo:
As minhas pernas fazem-me correr pela estrada fora.
Se um camião em sentido contrário vier em direcção a mim, vai-me parar e arrastar para trás.
Mas as minhas pernas não afectam o camião, não foram as minhas pernas que puseram o camião a andar nem a direcção em que veio, etc. (a energia negra não afecta a matéria)
As minhas pernas afectam-me a mim. Se há outras coisas, independentes, que me afectam também a mim, isso não tem nada a ver com as pernas (energia negra).
😉
Quanto aos gravitões… por acaso, contra o que se sabe, parece-me que Einstein poderia dizer que a Gravidade não é uma força, e por isso não terá gravitões…
Quanto aos buracos negros, sim, eles aumentam a massa.
Mas tamos a falar de Buracos Negros Supermassivos, no centro das Galáxias, e não dos Buracos Negros estelares (fruto da morte de estrelas massivas). E os Supermassivos, ainda têm imensas coisas que não se sabe.
Eu, por exemplo, pergunto-me: o que acontece na singularidade? A massa supostamente tende toda para lá…
Não se consegue ver/detectar “dentro deles”, daí que não se tem certezas de nada…
“a expansão ou contracção é independente da matéria existente no Universo”
Isto surge como algo relativamente novo para mim, estará a escapar-me alguma coisa?
Em princípio, a quantidade de matéria existente no universo é que determinará (pela maior ou menor capacidade de gerar gravidade) a expansão infinita do universo ou a sua contracção (daí as pesquisas à volta da exitência da “matéria negra”).
Pode-se pensar que o que determina a aproximação ou afastamento de galáxias seja a forma do espaço-tempo e não os efeitos da gravidade das mesmas, mas não é suposto a forma do espaço-tempo ser determinada pela gravidade exercida sobre ele?
A não ser que se pense que não existe “gravidade” (nunca foram descobertos os “gravitões”) e que esse efeito é apenas determinado pela forma do espaço-tempo em determinado local, mas então, o que molda essa forma? Não será a massa dos corpos? Se não é, porque razão o espaço-tempo se parece deformar em função da massa?
Voltamos ao mesmo, andamos em “random”…
Carlos, do seu coment pode-se inferir que o consumo de estrelas nos buracos negros faria diminuir a massa do universo, mas um buraco negro não aumenta a sua “massa” (ou melhor, o seu efeito gravitacional) em função da matéria que vai consumindo, ficando na mesma a “massa” total no universo?
……daí que nessa parte o Universo “contrai-se”? É isso?
Sim.
E pelo que percebi estavamos a falar de coisas diferentes: Tal como um corpo que aquecido se dilata e se “expande” no entanto mantem a mesma massa e quando arrefecido pelo contrário se contrai.
Não era este o conceito de expanção/contracção que me referia. Referia-me sim à expansão (aumento da matéria) mais estrelas, contracção diminuição da matéria menos estrelas seja pelo efeito do seu consumo ou do desaparecimento em buracos negros.
“as estrelas irão desaparecendo, e os buracos negros serão as últimas coisas a desaparecer… na prevista “morte fria” do Universo.”
Esta é questão bem mais complexa e que não encaixa a meu ver totalmente da minha lógica. Comentarei noutra ocasião após tentar compatibilizar as leis da quântica com as restantes leis da química e da física que da reflexão prévia que já iniciei parece-me não complementarem. A entropia 2ª lei da termodinâmica faz um “overflow” no meu processamento lógico.
Cumps.
Author
Olá Rogério,
Diga-me se percebi: está a dizer que os buracos negros supermassivos no centro das galáxias, vão “sugando” a matéria em redor, daí que nessa parte o Universo “contrai-se”? É isso?
Se fôr isso, então isso é o que se pensa que vai acontecer nos próximos triliões de anos… ou seja, as estrelas irão desaparecendo, e os buracos negros serão as últimas coisas a desaparecer… na prevista “morte fria” do Universo.
Mas o Universo continuará a expandir-se.
O Universo continua a expandir-se porque a expansão ou contracção é independente da matéria existente no Universo. Daí que é indiferente se as estrelas nascem, morrem, ou “são comidas” pelos Buracos Negros. É o Universo no seu todo, no seu espaço-tempo que expande e contrai. Não depende do que existe “dentro” do Universo.
Daí ser difícil saber o que é a energia negra, responsável por essa expansão.
(da mesma forma, um balão pode aumentar de tamanho, e isso é indiferente se na superfície do balão existem mais ou menos pontos/estrelas)
MAS, pode sempre argumentar que nós também não sabemos o que se passa “dentro” dos Buracos Negros Supermassivos, e eles podem estar ligados ao “fabric” do espaço-tempo do Universo. Daí que essa contracção/expansão pode também depender deles.
Ou seja, essa expansão/contracção não tem nada a ver com as estrelas nem com a sua morte (que podem provocar Buracos Negros estelares), mas pode ter a ver com Buracos Negros Supermassivos no centro das Galáxias.
Ou seja, que se saiba não existe essa contracção parcial em certos sítios (porque a expansão/contracção não depende dessa matéria no Universo), mas o que pode existir sim, penso eu, que não só cosmólogo, é a ligação de buracos negros supermassivos ao espaço-tempo e pode haver efeitos que desconhecemos
😉
“Já agora, qual parte está em contracção? Isso vai contra todas as experiências, observações, e teorias”
Saudações, Caro Professor Carlos Oliveira
Tomando por exemplo uma galáxia:
Em todo o seu conjunto as suas estrelas e planetas tiveram o seu início e acabam extinguindo-se após o consumo da sua energia, os seus restos ou mesmo ainda em plena existência são arastados(as) para os buracos negros supermassivos que se consta existirem em todas as galáxias, esta é a parte da galáxia que estará em contracção e/ou, em muitos casos toda a galáxia.
Passar-se-á o mesmo com todo o Universo. Ou seja haverá sempre estrelas a nascerem, logo jovens, depois adultas, mais tarde a velhice e finalmente o fim. Paradoxalmente o nosso observar humano mesmo com potentes telescópios, distingue apenas os seus raios de luz que se propagam por todo o Universo, sendo que as distâncias percorridas são em tal número astronómico que cria-nos a ilusão da sua existência quando já se extinguiram, e após nascidas só muito tempo depois (dados astonómicos) constatamos a sua descoberta ou existência. Mas repito, não sou especialista na área e só a curiosidade científica através do que se publica permite-me fundamentar a opinião expressa, desde que a lógica encaixe no seu todo.
Cumps.
Author
@ António: não se sabe o que “criou” o 1º Big Bang. A Teoria aceite actualmente é só sobre o Universo Observável e não “todo o Universo”, e só sobre o momento a partir do tempo de Planck.
Sugiro estes meus comentários e os outros a seguir na mesma “thread”:
http://www.astropt.org/2010/10/21/limpando-o-nevoeiro-cosmico-medida-a-galaxia-mais-distante/comment-page-1/#comment-9372
http://www.astropt.org/2010/10/24/extraterrestres-criadores-do-universo/comment-page-1/#comment-9488
🙂
@ Agostinho: pode desenvolver essa ideia? Algumas galáxias “sobrevivem”? Como?
@ Rogério: isso parece semelhante à ideia do Universo Estacionário, que o Hoyle defendia, que explicou a expansão dizendo que em vez de um grande Big Bang no início, o que existiam eram “small bangs” por todo o universo, o que dava a ideia de expansão.
Já agora, qual parte está em contracção? Isso vai contra todas as experiências, observações, e teorias
😉
A ideia é interessante, lógica e consequentemente com probabilidade de estar certa.
Sem que a tivesse lido em algum lugar, já a tinha imaginado mas com uma diferente
exposição: Ou seja o Universo no meu raciocínio estará num permanente ciclo, parte dele em expansão e outra parte em contracção, sendo que o Big Bang que não explica muito, traduzirá as explosões finais do percurso das imensas e ténues nuvens de átmos de hidrogénio que saídas dos buracos negros, voltam a concentrar-se até atingirem as elevadíssimas temperaturas que lhes permitem formar as novas estrelas, planetas e galáxias. Ou seja há um Big Bang permanente, onde renasce a parte do Universo que se extinguiu anterioriormente, tudo isto num ciclo de muitos bilhões de anos de Luz sem que todo o Universo se extinga completamente. Mas quem sou eu, para opinar sobre estas questões. Gosto contudo, de olhar a vida e o Universo compreendê-lo, ainda que numa janela de observação pequeníssima possa também errar. Será apenas mais uma teoria entre muitas outras já existentes.
Cumps.
Também estou de acordo e é o modelo que mais aprecio e sempre sonhei! Com uma ressalva. A contracção não é total porque algumas das (poucas) galáxias escapam à contracção e continuam… não sabendo eu o que originam! Mas continuam…
Pois, mas esta ainda não é a teoria que me fala do que existe “fora” do Big Bang, “fora” dos limites do universo e “fora” da singularidade…nem do que existia antes do 1º Big Bang.
Ok, o tempo e o espaço não existiam e foram criados com o 1º Big Bang, por isso não existia “fora” nem “antes”…mas, se me permitem, eu sou chato e continuo a perguntar – “Como apareceu o que deu origem ao 1º Big Bang?”
Estas questões (juntamente com a extraordinária beleza visual e o “Cosmos” de Sagan), estão na origem do que me levou a gostar de astronomia…
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