Críticas aumentam à bactéria de arsénico

mono lake bacteria

Quem nos lê, sabe que temos acompanhado com muito interesse esta história da descoberta de uma “bactéria de arsénico”, nesta categoria.
Demos a notícia inicial neste post, que já teve 60 comentários.
É uma notícia já badalada na ficção científica, em que o veneno de uma criatura, é o elixir da vida de outra criatura.

Penso que dá para perceber que, para mim, esta é uma descoberta importante para a ciência, mas que na prática ainda não encontramos nada diferente na natureza (com uma origem diferente de toda a vida na Terra), e está longe daquilo que os especuladores andavam a dizer.

Entretanto tentei explicar o porquê da NASA ter divulgado esta descoberta, neste post, e comentário.
Penso que a minha posição baseia-se numa perspectiva educacional, de defesa do processo científico.

Parece-me sobretudo que a NASA (e outras instituições científicas) está finalmente a perceber que estamos numa sociedade da informação.
Em vez do que acontecia há 20 anos atrás, em que só sabíamos das notícias relevantes quando houvesse resultados finais, actualmente já é possível ver o processo científico em acção, com as críticas e contra-críticas normais inerentes a estas descobertas científicas.
Devido a isto, e por uma questão de educação científica, penso que é relevante continuarmos a dar conhecimento do que se vai dizendo pelos círculos científicos, acerca desta descoberta.

Alguns exemplos:

arsenic bacteria

O Ron Oremland, começou por ser um dos grandes críticos da Felisa Wolfe-Simon, pensando que ela era “maluca”, convidou-a para o grupo dele, e é um dos autores do artigo científico, como podem ler aqui.
Ele até disse que as críticas são normais, fazem parte do processo científico: “If we are wrong, then other scientists should be motivated to reproduce our findings. If we are right (and I am strongly convinced that we are) our competitors will agree and help to advance our understanding of this phenomenon. I am eager for them to do so.”

O Seth Shostak exulta o resultado e realça a ligação à vida extraterrestre: “while it’s true that the microbe studied by Wolfe-Simon and her colleagues, despite being able to use arsenic, still preferred phosphorous, the result is nonetheless remarkable. Indeed, it’s akin to the joke about the talking dog: the surprise is not that it can do it well, but that it can do it at all. The bottom line, and the reason why this work is both relevant and encouraging for the search for cosmic company is this: In our efforts to find extraterrestrial life, we can easily run into a confounding problem — recognizing life when we see it.”

O Dirk Schulze-Makuch diz, neste artigo, que esta é a 1ª vez que vê evidências excelentes para a existência desta forma de arsénico nas bactérias, mas apesar de já estar convencido, acha que testes complementares serão necessários.

Eu próprio fiz algumas críticas neste comentário:
“Algumas das críticas penso que já estavam expostas em cima. Outras já tinha ideia, do que fui lendo desde que a notícia saiu.
Por exemplo:
– ser uma bactéria mudada e não propriamente se ter encontrado algo novo na natureza.
– a bactéria reproduzir-se, “viver”, melhor com fósforo do que arsénico. E como a natureza tende a escolher as “melhores” opções, tendo em conta a energia disponível, é normal que na prática na natureza se continuar a escolher fósforo.
– ainda haver fósforo (penso que é crítica do Steven Benner).
– a bactéria já era conhecida nestes ambientes. Já se falava do arsénico nestes casos há uns anos.
não ser estável na solução aquática (penso que é crítica do Steven Benner).
– pertencer à mesma árvore da vida que nós (ou seja, não é vida “completamente diferente”).
etc…”

A Sara Seager, professora no MIT, e investigadora de extremófilos, diz isto:
“A nova descoberta é sobre bactérias que podem substituir o fósforo por arsênio nos elementos fundamentais constituintes das células. O arsênio e o fósforo são quimicamente semelhantes. Nessas bactérias, o arsênio está associado com os ácidos nucleicos e com as proteínas de uma maneira que levou os pesquisadores a sugerirem que o fósforo está sendo substituído pelo arsênio na cadeia de DNA da bactéria.
Contudo, descobertas extraordinárias exigem provas extraordinárias, e dados mais detalhados serão necessários para se chegar a conclusões mais robustas.
Por si só, a nova descoberta não sugere nada de novo para a compreensão da origem da vida na Terra.
O arsênio como um bloco de construção bioquímica é quase certamente uma adaptação, e não um remanescente de um cenário diferente para a origem da vida.
A conclusão é, no entanto, verdadeiramente entusiasmante ao mostrar que a vida pode existir fora das verdades tradicionais que têm sido convencionalmente aceitas até agora.
Os pesquisadores vão, sem dúvida, procurar por evidências que sustentem a existência de uma “biosfera sombra”, uma biosfera microbiana com formas de vida que nós ainda não reconhecemos porque elas poderiam ter uma bioquímica radicalmente diferente. Uma biosfera sombra significaria uma “segunda gênese” – uma origem e uma rota evolutiva independentes para o resto da vida como a conhecemos. (…)”

Andrew Moseman diz que nem tudo está errado, mas são precisas evidências extraordinárias que não existem: “The critics don’t allege that the team led by Ronald Oremland is definitely incorrect on all counts; rather, most charge that the data does not prove the extraordinary claim of arsenic replacing phosphorus in the DNA.”

A portuguesa Zita Martins, especialista nestes assuntos, diz isto neste comentário:
“Basicamente, isto tudo resume-se à descoberta de mais um extremófilo, nada mais. Qualquer Quimico com formação em Bioquimica/microbiologia ao ler o artigo da Science vê claramente que eles nem sequer provam que o Arsénio foi incorporado no “esqueleto” da molécula de ADN (ao invés do fósforo).
(…) nada foi provado pela NASA, e o trabalho tem uma série de falhas (…)”

A Rosie Redfield, especialista nestes assuntos, apresenta uma análise técnica bastante completa e crítica da descoberta, dizendo que a NASA não conseguiu provar nada, e que a experiência laboratorial tem diversas falhas. Muito interessantes são também alguns comentários nessa página.

O Steven Benner diz que a substituição do fósforo pelo arsénico “em minha opinião não ficou estabelecida neste trabalho“.

Barry Rosen diz, neste artigo, que “o arsénico pode estar simplesmente se concentrando nos extensos vacúolos das bactérias, e não se incorporando em sua bioquímica“.
Curiosamente, ele inicialmente estava mais convencido dos resultados: “They show that arsenic is in the DNA, but they don’t show that it is participating in the backbone, replacing phosphate”.

O bioquímico Larry Moran diz que o resultado da experiência da Felisa é trivial – não há nada de extraordinário.
Curiosamente, ele é a favor dos blogs de ciência, como o astroPT, que permite comentários/análises sobre aquilo que se vai descobrindo diariamente na ciência.

George Cody, mais um especialista nesta matéria, disse que já sabia da possibilidade de substituição de fósforo por arsénico, mas que na experiência da Felisa falta uma experiência fundamental: “The correct experiment to do would be mass spectrometry which would unambiguously determine whether an arsenate backbone was present or not in the DNA. I cannot accept this claim until such an experiment (easily done) is performed”.
Também diz que os cientistas responsáveis deveriam ter tentado seguir o “caminho dos lípidos“: “Actually, if arsenate had substituted for phosphate anywhere, I would have looked at the lipids first, again using mass-spectrometry”.
Interessante e cientificamente correcta, é também a sua opinião sobre a possível biosfera-sombra: “Ultimately, the idea of a shadow biosphere is interesting, but it would have to be demonstrated to be truly distinct from extant biochemistry, e.g. truly novel metabolic pathways, different bases for coding, different amino-acids or better still enzymes that were not based on amino-acids at all”.
E ele acaba a opinião dizendo, tal como Sagan, que afirmações extraordinárias requerem evidências extraordinárias.

Jim Hu critica os testes da Felisa, e não percebe porque não foram feitas experiências simples.

Ed Yong diz que a bactéria não faz aquilo que a Felisa ou os media dizem.
Diz que o resultado é importante, mas não é tão extraordinário como aparenta: “The discovery is amazing, but it’s easy to go overboard with it. (…) For a start, the bacteria – a strain known as GFAJ-1 – don’t depend on arsenic. They still contain detectable levels of phosphorus in their molecules and they actually grow better on phosphorus if given the chance. It’s just that they might be able to do without this typically essential element – an extreme and impressive ability in itself. Nor do the bacteria belong to a second branch of life on Earth. (…) That doesn’t, however, make them any less extraordinary. (…) It’s an amazing result, but there is room for doubt. As mentioned, Wolfe-Simon still found a smidgen of phosphorus in the bacteria by the end of the experiment. The levels were so low that the bacteria shouldn’t have been able to grow but it’s still not clear how important this phosphorus fraction is. Would the bacteria have genuinely been able to survive if there was no phosphorus at all? Nor is it clear if the arsenic-based molecules are part of the bacteria’s natural portfolio.”

Carl Zimmer também escreveu este artigo sobre vários cientistas que são críticos quanto a esta descoberta: “Almost unanimously, they think the NASA scientists have failed to make their case”.
Zimmer diz que nenhum cientista põe de parte a existência deste tipo de bactérias; simplesmente esta investigação da Felisa tem demasiadas falhas – não tomou certas precauções para não haver lugar a outras interpretações -, e por isso deverá ter levado a conclusões erróneas.
Os críticos basicamente dizem que alguns testes que são normais fazerem-se nos laboratórios científicos são suficientes para retirar todas as dúvidas sobre se a bactéria tem arsénico no DNA ou não. A Felisa não os fez. Mas proximamente vai haver cientistas a fazê-los, e por isso vão desfazer todas as dúvidas sobre as interpretações da Felisa.
Os comentários no artigo do Zimmer, também são muito interessantes.

Forest Rohwer, um microbiólogo que estuda precisamente novos tipos de bactérias, diz que os cientistas não conseguiram provar a existência da nova bactéria: “none of the arguments are very convincing on their own”.
Ele também disse que a investigação no laboratório foi tão mal feita, que os resultados obtidos não podem ser conclusivos: “It is pretty trivial to do a much better job”.

Alex Bradley, microbiólogo da NASA, sem saber, fez uma experiência semelhante, que levou aos mesmos resultados – mas tudo devido a falhas nos procedimentos! As bactérias da Felisa deviam na mesma estar a utilizar fósforo, do sal que a Felisa lhes estava a dar. Como as bactérias que existem no Mar dos Sargaços.
Diz também que a bactéria continua a ser dependente do fósforo: “If this DNA did not hydrolyze in water during the long extraction process, then it doesn’t have an arsenate backbone. It has a phosphate backbone. It is normal DNA.”
Bradley diz que estes resultados da Felisa têm demasiadas falhas: “this study lacks any real evidence for arsenate-based DNA; unfortunately these exciting claims are very very shaky”.

Roger Summons, que era o orientador do Bradley na altura, confirma esta conclusão do Bradley.

Paul Zachary “PZ” Myers, biólogo, diz que não é vida baseada no arsénico:
“What they also found, and this is the cool part, is that they incorporated the arsenate into familiar compounds (actually they didn’t fully demonstrate even this. What they showed was that, in the bacteria raised in arsenates, the proportion of arsenic rose and the proportion of phosphorus fell, which suggests indirectly that there could have been a replacement of the phosphorus by arsenic). DNA has a backbone of sugars linked together by phosphate bonds, for instance; in these baceria, some of those phosphates were replaced by arsenate. Some amino acids, serine, tyrosine, and threonine, can be modified by phosphates, and arsenate was substituted there, too. What this tells us is that the machinery of these cells is tolerant enough of the differences between phosphate and arsenate that it can keep on working to some degree no matter which one is present. So this means that researchers have found that some earthly bacteria that live in literally poisonous environments are adapted to find the presence of arsenic dramatically less lethal, and that they can even incorporate arsenic into their routine, familiar chemistry. It doesn’t say a lot about evolutionary history, I’m afraid. These are derived forms of bacteria that are adapting to artificially stringent environmental conditions, and they were found in a geologically young lake — so no, this is not the bacterium primeval. This lake also happens to be on Earth, not Saturn (…). It does say that life can survive in a surprisingly broad range of conditions, but we already knew that. So it’s nice work, a small piece of the story of life, but not quite the earthshaking news the bookmakers were predicting.”

John Hawks diz que os resultados desta descoberta são ficção.

Iddo Friedberg critica a interpretação dos resultados, e o peer-review que deixou que um artigo destes fosse publicado na Science: “Extraordinary claims attract extraordinary blogging. (…) To sum those up: yes, the microbes contain arsenate, the can grow on arsenic-rich media but there is no convincing evidence that arsenic gets incorporated into DNA, much less other molecules that use phosphate. Because this research is so much in the spotlight, the comments on it are in the spotlight too. I believe we will see some very interesting correspondence on the website and in the upcoming issues of Science. Which brings me to the point of this post: is the peer-review publication culture undergoing a reform?”
Mas diz muito bem das críticas posteriores na blogosfera científica: “post-publication peer-review seems to be a good thing: it quickly identifies issues with the science, and helps to fix them”.

Steven Pelech diz que o artigo da Felisa está cheio de especulações e poucas evidências científicas para as suas interpretações.

Shelley Copley disse abertamente: “Este artigo científico nunca deveria ter sido publicado!

Grant Jacobs analisa como esta descoberta está a ser discutida nos blogs de ciência.

Deepak Singh diz que ainda bem que a blogosfera científica está a debater esta descoberta!

David Dodds critica o “media hype”, critica a forma como a NASA publicitou a notícia, e critica a forma como a NASA não quiz saber das críticas científicas ao artigo.

Ivan Oransky critica o embargo, comparando com outros, e critica as respostas da NASA.

Razib Khan critica o embargo, e sobretudo as especulações dos media: “Most science is arguably wrong. (…) (But the issue) is the press response.”

John Roth diz que a NASA usou um simples golpe publicitário, sem ter em atenção as críticas da comunidade científica, tal como fez com o meteorito marciano ALH 84001 em 1996 (uma crítica já exposta pelo nosso comentador Cristiano, aqui e aqui).

Como eu disse em cima, parece-me que este meu comentário resume tudo o que se passa aqui:
– possíveis erros dos cientistas responsáveis por este estudo,
– erros da NASA em termos de publicidade e de linguagem,
– erros dos jornalistas dos media,
– e ainda bem que estamos a ver o processo científico em movimento na blogosfera – a discussão científica está aberta agora para toda a comunidade
(é preciso é dar um contexto em termos de natureza da ciência).

Phil Plait está maravilhado com o processo da ciência, que sem dúvida, funciona!
“One other thing that’s clear is this means science works.
Someone claims a result, and someone else comes along, takes a look themself, and says, “Wait a second there, pardner…”
Science is a self-correcting process, and sometimes it takes time for those corrections.
The media interrupts that process, which I am not saying is a bad thing necessarily — I think people want to hear about interesting scientific findings, or else I never would’ve started this blog! — but it can throw a monkey in the wrench there. And, of course, showing something is wrong will never get the coverage that the initial finding does, but that’s human nature. And that’s something even science has to deal with sometimes.”

Por último, o jornal The Guardian (artigo, podcast), tal como nós, continua atento a esta descoberta, e está a actualizar constantemente comentários de cientistas sobre esta história.

24 comentários

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  1. .folha.uol.com.br…
    Mais um sumário do que se passou:
    http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/848361-pesquisadores-criticam-bacteria-et-da-nasa.shtml
    🙂

  2. Ok, fecho os comentários aqui, a dita bactéria já me está a levar para o lodo pior que o do Lago Mono… ;-))))

    Abraço firme, muito firme, tão firme como os terrenos indesmentíveis em que a ciência se fundamenta!! 😉

  3. As dúvidas científicas (ou seja, feitas pela ciência… é preciso não esquecer isso) só levam a que as teorias científicas se tornem mais robustas e mais firmes
    😉

    É o terreno da ciência, é um terreno firme 😉
    Basta olhar para o mundo actual, o quão firme que é
    🙂

    Mesmo com notícias que possam “abalar a realidade”, como aqui:
    http://www.astropt.org/2010/12/19/macro-quantica-e-a-descoberta-do-ano/
    Mesmo assim continua a ser o terreno da ciência… um terreno firme, e auto-correctivo
    😉

    O processo da ciência, funciona. Essa é que é uma verdade indesmentível 😉

    abraço! 🙂

  4. Os links somente pretendem ilustrar (em conjunto) algumas diferentes leituras possíveis duma mesma realidade única, que está (até ao momento) muito para lá da percepção, imaginação e compreensão humanas, sobre a qual muitos se têm debruçado e alguns têm certezas inabaláveis, fundadas em terrenos pouco ou nada firmes.

    Abraço. 🙂

  5. Olá Alexandra,

    Concordo contigo nas tuas perguntas, mas nota que tu estás a falar no tipo de ciência que é mais “edge”, porque a maior parte da ciência é um acumular de evidências todos os dias. Por exemplo, sobre a Gravidade ou sobre a própria Evolução.
    As pessoas é que não têm noção disso.

    Por vezes pensa-se que Einstein veio “deitar abaixo” ou “duvidar” de Newton. Mas nada disso. Einstein não só provou que Newton estava certo, mas ainda alargou essas ideias para outros acontecimentos que Newton nem sequer tinha pensado.

    Sorry, mas filosoficamente, sigo Lakatos e não Kuhn
    😛

    Concordo inteiramente com o Agostinho da Silva.
    Mas, tal como tu puseste num link, essas palavras dele são mal compreendidas, são utilizadas de forma anarquista, e com fins religiosos (para duvidar da ciência).
    Olha, são utilizadas também de forma errada pelo Feyerbend, de quem já gostei bastante
    😉

    Quanto aos links sobre Darwin, sinceramente, não entendo onde está a novidade.
    Eu sei que os artigos dizem que sim, mas eu não entendo o porquê de eles dizerem que é novidade
    🙂
    Mesmo Darwin falava na adaptação ao meio ambiente. É um dos pilares da evolução.
    Por outro lado, há competição e colaboração.
    E há Punctuated Equilibrium (ou seja, uma mistura de várias ideias).

    abraço! 🙂

  6. scientificamerican.comscientificamerican.comharunyahya.comharunyahya.comnaturlink.sapo.ptnaturlink.sapo.pt…

    Passei por aqui, para ver se haveria mais actualizações sobre o estudo da bactéria e ocorre-me clarificar que os meus comentários não pretendem ser uma crítica à ciência em si, nem às pessoas incansáveis que a praticam, são apenas pareceres reflectidos e livres, como todos os pareceres devem ser.

    A ciência e todo o processo de conhecimento é um bloco em construção, baseado em actos de (re)construção e (re)conhecimento dos objectos e processos, apartir dos sujeitos que se dedicam ao seu estudo metódico… como tal, e porque estes também são falíveis, a ciência está sujeita ao erro… e tal deve ser encarado pela própria ciência e investigadores, de forma descomplexada.

    Não é necessário recuar no tempo para ilustrar a falibilidade cientifica, basta pensar, quantas vezes o mesmo estudo analisado por pessoas diferentes aponta em direcções opostas? Quantas vezes alguns aspectos negligenciados do estudo irão ser a chave para descobertas futuras? Quantas vezes determinados preconceitos de determinados sujeitos ou comunidades cientificas, enviesam a leitura dos resultados? Quantas vezes os cientistas não têm criatividade ou plasticidade suficiente para determinadas empresas cientificas ou para duvidar de dados tidos como adquiridos, mas mais tarde considerados falaciosos? Quantas vezes as teorias do momento abafam e ridicularizam outras? Quantas vezes as teorias assentam mais em convicções e intuições pessoais do que em provas irredutiveis? Quantas vezes certos “capítulos” da ciência não passam apenas de teorias, mas são considerados como escritos em definitivo? Quantas vezes a ciência é instrumentalizada pelo poder político, por valores, crenças religiosas, etc? Quantas vezes a própria divulgação da ciência é feita de forma incorrecta?

    Eis um exemplo, sintético e sem entrar em pormenores, do que acabo de referir:
    http://www.scientificamerican.com/article.cfm?id=15-answers-to-creationist
    http://www.harunyahya.com/articles/70Sciam15Errors_sci31.php
    http://www.naturlink.sapo.pt/article.aspx?menuid=20&cid=23363&bl=1
    http://naturlink.sapo.pt/article.aspx?menuid=20&cid=26606&bl=1

    Acerca do pensamento, da dúvida, da crítica, da irredutibilidade, e da tolerância, lembrei-me dum texto do Prof.Agostinho da Silva.
    “Nenhum de nós poderá, num momento qualquer, garantir que a sua doutrina seja a que encerre a verdade; os desmentidos surgem a cada passo, as incertezas vão sendo mais fortes à medida que se penetra com maior informação e mais atenta inteligência no mundo que nos cerca; o afirmar categoricamente vai-nos aparecer ao fim de certo tempo tão absurdo como o negar categoricamente; a maior parte dos juízos que formámos reconhecemo-los errados, a maior parte das teorias que arquitectáramos ruíram sem remédio; há, ocultos no futuro, os factos que se preparam exactamente para nos vir desfazer a laboriosa construção; só a dúvida é boa companheira.
    O que podemos é tomar certas hipóteses como mais ou menos prováveis; podemos joeirá-las no curso da razão e pôr de lado as que não resistam à prova; possuiremos sobretudo a verdade e iremos pelo recto caminho na medida em que nos submetermos à experiência e formos tão ágeis de entendimento e tão poderosos de vontade que nos não importemos de abandonar a mais bela das casas se ela se revelar desarmónica ante o mundo exterior; deixaremos Newton por Huyghens e possivelmente voltaremos a ele com a teoria nedelartig; somos como o Eremita para o qual o abandono da casca quer dizer crescimento; é com íntimo júbilo que ascendemos a nova escadaria.
    Fórmulas, teorias e hipóteses nada mais são do que as sucessivas instituições de um mesmo fenómeno permanente e vivo: o impulso de pensar; devemos combatê-las quando se revelem gastas, mas impedir os retrocessos ao que por sua vez se revelou deficiente em anos já remotos (…).
    Para que os homens possam sentir-se felizes com a minha companhia, é necessário antes de tudo que eu tenha a grande força de ver como prováveis as opiniões a que aderiram, desde que as não venham contradizer os factos que posso observar; não devo supor-me infalível; não devo considerar-me a inteligência superior e única entre o bando de pobres seres incapazes de pensar; cumpre-me abafar todo o ímpeto que possa haver dentro de mim para lhes restringir o direito de pensarem e de exprimirem, como souberem e quiserem, os resultados a que puderam chegar; de outro modo, nada mais faria de que contribuir para matar o universo: porque ele só vive da vida que lhe insufla o pensamento poderoso e livre.”
    (Agostinho da Silva, Textos e Ensaios Filosóficos I, Âncora Ed., Lisboa, 1999)

    Abraço a todos! 🙂

  7. spacedaily.com…

    Vai haver uma reavaliação da investigação:
    http://www.spacedaily.com/reports/NASAs_arsenic-eating_life_form_gets_a_second_look_999.html

  8. dailygalaxy.compublico.pt…

    Artigo no De Rerum Natura:
    http://dererummundi.blogspot.com/2010/12/ciencia-em-directo-2.html

    Artigo no Daily Galaxy:
    http://www.dailygalaxy.com/my_weblog/2010/12/nasa-science-smackdown-mono-lake-discovery-challenged.html

    Um artigo no Público sobre estas discussões sobre a bactéria:
    http://www.publico.pt/Ci%C3%AAncias/artigo-sobre-bacterias-que-se-alimentam-de-arsenio-esta-debaixo-de-fogo-da-comunidade-cientifica_1470690

    Realço as opiniões nos comentários que estão de acordo com a minha:
    Do “wicker_man”:
    “A ciência é assim…auto-correctora e vigilante, e desta maneira demarca-se da pseudo-ciência e do charlatanismo!”
    E de um anónimo do Porto:
    “Este processo faz parte da ciência. Qualquer teoria só se torna válida e robusta se resistir à falseabilidade. É este conjunto de visões cépticas que contribui para a robustez ou a não validação dos resultados de qualquer investigação. No entanto acho muito bem que tenha sido publicado pois torna visível este processo para o cidadão comum.”

  9. Olá Alexandra,

    Já corrigi o comentário em cima (é um problema no sistema de comentários que não controlamos – ele coloca automaticamente o nome do link em 1º lugar).

    Nota que a dúvida faz parte da ciência, do processo científico… aliás, um exemplo perfeito é este post.
    Os pseudos enganam. Os cientistas duvidam. Esta é uma distinção importante
    😉

    Quanto à ciência ser demasiado dogmática por vezes, respondo a isso de 3 formas:
    – o processo científico funciona. Mesmo que não se perceba qual é, o certo é que ele funciona. A prova disso é eu estar a escrever isto na net, e tu ires ler também no mundo virtual.
    – se eu te disser que, sem ajudas, qualquer pessoa que se atira de um prédio de 20 andares, cai cá em baixo, não estou a ser dogmático. É a verdade. Existem mais exemplos científicos do género. Há coisas erradas e coisas certas, na ciência.
    – claro que podes apresentar exemplos, por exemplo, da Idade Média (e mais actuais!), em que os cientistas da altura acreditavam no que dizia Aristóteles, e no geocentrismo. Mas aí o erro não é da ciência. Aí o erro é humano. Eles estavam a cair num dos muitos argumentos falaciosos que existem. Ou seja, em vez de verem a ciência, imaginavam que ela era religião (por exemplo, a cosmologia deles era somente teologia).
    Podes até ter razão, mas eu separo a ciência, das pessoas que a fazem. E, para mim, essas pessoas é que seguem por vezes vias não científicas para fazer ciência.
    😉

    abraço!

  10. Sobre as “achas na fogueira”… Ora cá está a vantagem de existirem “teorias da conspiração” para todos os gostos… as mesmas suscitam particular interesse no espírito humano e podem conduzir ao estudo, ao conhecimento, à contra-argumentação e à clarificação cientifica – o lado bom… 🙂 Mas, existirão sempre mentes que têm por vocação criticar/duvidar e essa crítica/duvida é um fim em si mesma e não um meio para encontrar a verdade.
    Sobre “um pouco de água” na fogueira… não esquecer quantas vezes a ciência, imbuida do seu self believe (por vezes dogmático e quase “religioso”), deu passos em falso e mais tarde teve que recuar e se retratar…
    O tempo de leitura da edição da Órbita sugerida foi muito bem empregue… recomenda-se!

    (((E por falar em edição, a minha edição de texto está a sair cheia de gralhas – no último comentário que fiz, logo no começo “realidadeoculta.com” está a mais… espero que este comentário entre no blogue sem erros.)))

  11. Olá Alexandra,

    Quanto à acha prá fogueira, cá vai um pouco de água:
    http://www.astropt.org/2009/07/25/boletim-em-orbita-n-%C2%BA-91-edicao-especial/
    (todas as respostas sobre a conquista lunar, estão aí)
    😛

  12. realidadeoculta.com…

    A propósito do meu coment, ao fazer a revisão e para abreviar a frase final, cortei pedaços de texto, donde resultou uma gralha… a ideia que queria expressar era esta: “não fomos os primeiros a levar o homem ao espaço… mas fomos os primeiros a chegar à Lua… fomos os primeiros a descobrir novas possibilidades de vida, etc, etc…”

    Relativamente às críticas ao trabalho sobre a bactéria, não me parecem gratuitos e não tem que haver, necessariamente, consenso… na minha opinião, o estudo não está completo, aliás a própria autora o admite, daí parecer-me um pouco precipitado este anúncio da NASA (independentemente do entusiasmo que a matéria suscite), a menos que já tenham mais dados que os divulgados… é possível que sim, pois há que ter o cuidado de manter os níveis de exigência e qualidade elevados a bem da reputação dos investigadores, da Agência e da ciência… os revisores servem para isso… mas como já foi dito aqui, ninguém está livre do erro…

    “achas na fogueira”….
    http://www.realidadeoculta.com/alunagem.html
    😉

  13. Já agora, leiam esta crítica ao artigo da Rosie Redfield:
    http://dererummundi.blogspot.com/2010/12/iliteracia-matematica-exponencial.html

    Na altura, sinceramente nem notei isto.
    Mas lembro-me de ter lido a resposta/comentário dela sobre nem ter ligado à matemática do que disse e na altura pensei: afinal, esta é uma crítica forte de alguém especialista, ou uma crítica onde nem sequer se tem tempo para ver a matemática básica?

    Notem que NÃO estou a dizer que a Rosie não sabe nada sobre o assunto e se não tem tempo então não devia ter feito as críticas. Não passo do 80 para o 8.
    Simplesmente é normal que existam erros aqui e ali, seja nos cientistas iniciais, seja nos críticos posteriores.

    Nem os artigos da Science ou da Nature são “written in stone” (totalmente verdadeiros para sempre), nem as críticas dos críticos são todas 100% bem fundamentadas e totalmente verdadeiras.

    Como tenho dito, este é o normal processo da ciência.
    Vai-se de crítica em crítica, limando o que possa estar eventualmente mal, de qualquer lado.
    Esta é a tal “ciência em movimento” a que normalmente não se tem acesso – normalmente isto passa-se “entre portas” e a população geral só tem acesso ao resultado final passados meses ou anos.

  14. Deixem-me antes de mais dizer que concordo com os comentários na sua generalidade.
    No entanto, parece-me que estão a passar do “8 ao 80”, sem haver um meio termo.

    Basicamente estão a culpar os autores do artigo, a Science, e a NASA por erros que pelos vistos são básicos na área em causa.

    Autores do artigo são 12, alguns deles “famosos”.
    Suponho que revisores da Science foram por volta de 4 ou 5. Supondo que uns conhecem-se aos outros, e mesmo que um deles tenha “deixado passar” erros triviais porque gostava da Felisa (vamos supôr!), o certo é que ainda sobram os outros revisores para criticar o artigo. Os revisores não são “uns quaisqueres”. Certamente foi alguém especialista neste tipo de assuntos.
    Por fim, o NAI, da NASA, tem especialistas por tudo quanto é canto – estão espalhados por várias instituições científicas, e alguns deles podem ter sido contactados pela NASA para um “peer-review interno”.

    Ou seja, supondo que isto se passou, o processo normal mais alguns “safety nets” da NASA, ao todo terão sido 20 especialistas que se pronunciaram sobre o assunto.

    Eu não tenho razões para acreditar que este processo não aconteceu, e tenho dificuldade em crucificar imediatamente a NASA se o processo descrito em cima, com cerca de 20 especialistas, realmente aconteceu.

    Esta é a minha posição… continuar a seguir a normal discussão científica, e tentar perceber melhor o que aconteceu e porquê, sem passar já para “está tudo mal” (e “tudo bem” nunca está, porque isso é ciência).

    ———————

    agora passando a uma frase aqui e ali com as quais discordo 😉

    João Cruz: “o método científico de forma imaculada e precisa” <--- Isto não existe 🙂 Cristiano: não acha que se a NASA errou a dar uma notícia há 14 anos atrás, e vamos agora assumir que errou a dar outra notícia passados esses 14 anos, isso não deveria ser um motivo para rejubilar? Pessoalmente não conheço empresas que tenham um departamento tão grande de outreach e que só se enganem uma vez de 14 em 14 anos... 😉 Alexandra: a NASA foi a 1ª a chegar à Lua com a Apollo 8, e repetiu com Apollo 9 e Apollo 10, e depois pousou com Apollo 11, Apollo 12, Apollo 14, Apollo 15, Apollo 16, e Apollo 17. 😛

  15. Muitas das considerações que se podem tecer acerca deste trabalho já foram muito bem sintetizadas acima, na compilação de opiniões de vários especialistas na matéria.
    Ao assistir à conferência da NASA, algumas das explicações de Felisa suscitaram-me algumas reservas acerca da metodologia utilizada e da falta de suporte experimental significativo e justificativo de que carecem o estudo que efectuou, a interpretação dos resultados (que me parece mais intuitiva que cientifica), a apresentação pública do fenómeno e as conclusões.
    É aceite que esta bactéria é arsénico-tolerante e, portanto, um extremófilo “inesperado” e o único que se conhece, até ao momento, com estas características tão invulgares de adaptação bem sucedida ao Arsénio e isso dá-nos uma perspectiva diferente acerca das possibilidades de vida e abre uma janela interessante para a ciência e tecnologia; mas não foi provado que esta bactéria pode crescer e viver naturalmente (sem manipulações, nem mutações) prescindindo inteiramente da presença de Fósforo na sua estrutura de DNA…
    De qualquer forma, coloca(-se) a questão, porque é que a ciência parte do pressuposto de que todas as formas de vida possíveis são construídas sempre apartir de blocos formados por C,H,O,N,P,S, constituintes fundamentais da matriz do DNA…? Deduzir isso, e partir da vida tal como a conhecemos, não é redutor?
    Impõe-se também a pergunta: porque é que a NASA faz um anúncio destes, numa altura destas, em que o próprio estudo não está concluido?
    Creio que a razão desta divulgação ultrapassa o interesse cientifico que a mesma possa ter e visa (embora de forma arriscada) objectivos financeiros e políticos… é, por exemplo, uma justificação pública aos contribuintes e ao Congresso americanos do interesse do trabalho que a NASA realiza, como forma de os seus programas, no actual contexto socio-económico, não serem cortados do orçamento e de obter também fundos privados para a investigação… e é ainda um acrescento à politica contínua de afirmação dos EUA… tipo “(não fomos os primeiros a chegar à Lua, mas) fomos os primeiros a descobrir novas possibilidades de vida, etc, etc…” Que outras descobertas de outras potências mundiais se seguirão?? 😉

  16. Concordo com o que Shelley Copley e John Roth disseram sobre o assunto.

    Acho que com o que a NASA fez, acabou perdendo em credibilidade. E eu não acredito que era isso que esperava obter. Por isso, me parece que fora mesmo precipitada, e que não queria apenas criar uma discussão sobre o assunto.

    Acho que esse tipo de anúncio não era e não deveria ser o estilo da NASA. Sinceramente, estou um pouco decepcionado. Eu não esperava extraterrestres, pois prestei bem atenção aos avisos de que a descoberta seria algo sobre como procurar vida ET, não sobre ETs. Mas mesmo assim, acho que a NASA errou na maneira como fez a coisa toda aparecer.

    E fico avisado (pela segunda vez na vida) quanto aos próximos anúncios bombásticos dessa agência espacial.

  17. Não sendo eu microbiólogo/bioquímico e não tendo lido o artigo em causa (apenas acompanhei online a divulgação do descoberta e vou lendo estes posts) e tendo em conta os comentários que evidenciam falhas graves nos procedimentos, tal paper não deveria ter visto a cor da tinta na impressão…
    É por demais evidente que os Materiais e Métodos se revestem da maior importância num qualquer trabalho de investigação, ainda para mais ao nível da NASA e do periódico em causa!

    Isto pode ser ciência em movimento e a acontecer, mas esta ciência pelos vistos não seguiu o método científico de forma imaculada e precisa, o que torna os seus resultados sofríveis e questionáveis. E isto é o que todos os anos tentamos “enfiar” na cabeça dos nossos alunos finalistas de Licenciatura, quando iniciam a sua tese de final de Curso.
    Este parece ter sido um erro de principiante…
    Dá a ideia de que basta ter nome ou estar associado a determinado nome ou laboratório é já hoje sinónimo de publicação garantida, sem escrutínio.
    Vamos ver o que o futuro nos reserva e à Drª Felisa W-S e sua equipa de investigação.

    Tudo isto daria um excelente sketch do famoso “Arsenic Hall Show”: uhu! uhu! uhu!… 🙂

    E claro, este será certamente o ponto de partida para muitas investigações nesta área, de forma a comprovar ou arrasar esta nova “teoria” do 7º elemento.

  18. Mirian, pois tem razão 🙂 A curiosidade tem sido excelente 🙂

    Pedro,
    Acho que podes ter razão.
    Mas antes de mais testes, ainda não me sinto preparado para “crucificar” os autores do artigo, nem o processo de peer-review.
    Continuo a achar que a NASA terá sido a menos culpada
    😛

    Quanto à comparação com o meteorito (outra crítica), penso que é exagerada, porque neste caso o Obama não andou a fazer conferências de Imprensa para anunciar esta descoberta, como fez o Clinton…

  19. Uma bactéria sempre rende qualquer coisa – da curiosidade científica a uma doença mortal. Essa bactéria está rendendo, além da curiosidade científica, está rendendo assunto, o que está se tornando muito iteressante! 🙂

  20. Pois a mim parece-me que os críticos estão basicamente a demolir o paper da NASA. Neste momento parece-me que há várias conclusões que já se podem tirar:

    1 – O trabalho apresenta diversos erros, alguns que põem em causa as conclusões.
    2 – Os procedimentos usados e testes efectuados têm sido alvo de várias críticas, e se estes estão errados o mais provável é que as conclusões estejam erradas.
    3 – O facto de a bactéria reproduzir-se, “viver”, melhor com fósforo do que arsénico, aponta provavelmente para uma adaptação ao ambiente de arsénico e não para nada de fundamentalmente novo.
    4 – Vários cientistas acham que o artigo nunca devia ter sido publicado e que a revisão do artigo foi medíocre, o que põe em causa também a revista que o publicou.
    5 – O trabalho foi provavelmente mal executado do ponto de vista científico e a sua publicação foi precipitada. Isto faz-nos reflectir que muita coisa é publicada porque apenas tem um nome sonante atrás, neste caso a NASA…
    6 – A chuva de críticas demonstra que há muitos cientistas que realmente percebem profundamente este assunto e conhecem bastante bem os métodos experimentais e as análises que deviam ser usadas num caso destes, de modo que reconheceram diversos erros e falhas no trabalho apresentado.
    7 – Isto não é nada bom para a imagem da NASA e dos seus cientistas e para futuras comunicações do género que provenham da NASA (o meteorito de Marte é também ainda um espinho encravado…).
    8 – Há que se calhar fazer uma reflexão sobre o processo de revisão científica e tentar perceber até que ponto é que ele decaiu em termos de exigência nos últimos anos. Hoje em dia é publicado muito lixo cheio de erros e sem qualquer valor científico. Eu pessoalmente tenho experiência por ter trabalhado em tempos também ligado às ciências da vida, da quantidade enorme de papers que são publicados que estão completamente errados, cheios de erros de medições e conclusões. Há pessoas com centenas de papers publicados a maior parte sem valor nenhum e baseados em erros científicos crassos.
    9 – O estudo destas bactérias até pode ser algo realmente importante e sem dúvida que é preciso fazer mais trabalhos e análises sobre este assunto.

  21. já agora, apesar do título, aqui vai uma correcção:
    as críticas não são directamente à bactéria 😛 ehehehehe
    a bactéria continua a vida dela indiferente aos humanos que andam a discutir.

    as críticas são aos cientistas que publicaram na revista Science, o estudo sobre a bactéria
    😛

  22. Penso que está aqui uma excelente compilação do que 30 pessoas da ciência dizem sobre a descoberta desta já famosa bactéria.
    Na sua grande maioria, estes cerca de 30 críticos são da área em causa (microbiologia/bioquímica), e vários são especialistas reconhecidos mundialmente.
    Por isso, parece-me que este post é importante.
    Daí que se agradece a divulgação desta compilação.
    🙂

    O certo é que as críticas a esta descoberta vão-se acumulando.
    E eu vou fazer por manter este post em constante actualização – assim que fôr lendo outras críticas de outros cientistas, irei actualizar o post com essa informação.

    Parece-me que a lição a tirar é que: as críticas são muitas, e o processo normal da ciência agradece.
    🙂

  1. […] não estamos refeitos de toda a discussão sobre a bactéria de arsénico, e outra bactéria está a tentar entrar nas notícias […]

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