Colonizar Marte

Segundo uma noticia avançada pela SIC e desenvolvida pelo expresso, a NASA está a ponderar formas de colonizar Marte até 2030.

A ideia, ao que parece, é recrutar voluntários para uma ida sem regresso. Tenho impressão que já se falou aqui no astroPT sobre isto mesmo.

Sobre a noticia em si, podem ler mais nos links fornecidos, o que me levou a escrever não foi tanto a noticia em si, mas o que ela representa.

Estaremos nós, Humanidade, dispostos a dar o passo? Ou seja, na época dos descobrimentos, os navegadores partiram à aventura naquilo que eles próprios sabiam ser uma viagem sem destino e muito provavelmente sem retorno. Tinham a esperança de voltar, mas ainda assim sem garantias. Essa é a principal diferença para esta questão, quem for a Marte num programa destes, vai e não volta. Além disso ainda tem de “viver” com o facto de que não há garantias que as estratégias de sobrevivência em Marte funcionem e podem muito bem acabar por não ter o que comer ou beber; para não falar que é bom que sejam todos vegetarianos, já que carne não deverá ser possível ter numa base marciana.

Há todos os perigos de um ambiente hostil como Marte: atmosfera sem O2, baixíssimas temperaturas, falta de água em estado liquido, etc. Temos ainda os problemas de viajar e permanecer no espaço durante muito tempo: descalcificação dos ossos, atrofia muscular, entre outros.

Eu sou da opinião de que o principal problema dos futuros colonos marcianos é de origem psicossocial. Imaginem-se a viver com o mesmo conjunto de pessoas no mesmo espaço confinado durante semanas a fio. Isto só na viagem. Depois, em Marte continuam a viver em pouco mais que tendas, com as mesmas pessoas. É inevitável surgirem conflitos, as pessoas vão chocar e é preciso lidar com tudo isto sem acesso ao exterior. Mesmo que se queira comunicar com a Terra nestas situações, ter uma espécie de confessionário do Big Brother marciano, uma mensagem demora de 6 a 40 minutos a chegar à Terra e outro tanto a voltar, dependendo dos pontos das órbitas em que cada planeta se encontrar nesse momento. E então o que dizer do facto de ser “sem retorno garantido”? Não há assim tanta gente que se voluntarie para uma coisa destas…

Para a colonização de Marte ser possível e um verdadeiro sucesso, parece-me que além dos obstáculos tecnológicos e práticos que é necessário ultrapassar, é necessário também vencer as tão ou mais importantes barreiras de convivência social e constrangimentos a este nível que os astronautas para Marte serão sujeitos.

Mas, lá está, isto sou eu… Apenas a “ventilar” a minha opinião e ideias sobre isto.