Já falei de política, neste post.
Apeteceu-me escrever de novo sobre isto, porque me parece que tem ligações à literacia… ou melhor à falta de literacia, falta de avaliação objectiva, falta de pensamento racional. E sendo assim, tem os mesmos resultados daqueles que acreditam nos pseudos.
Não escrevi antes, porque não quiz estar a influenciar as eleições portuguesas, que tiveram lugar ontem.
Tenho precisamente a mesma opinião da Mafalda, no cartoon acima.
Democracia não é, nem nunca foi, poder do povo. Eu nunca pude votar em quem quero, por exemplo. Quando votei em quem quiz, consideraram voto nulo! Democracia sempre foi o poder da classe dirigente cheia de regalias, enquanto os “escravos” alegremente trabalham e têm circo (campanha eleitoral) de vez em quando.
Em parte faz-me lembrar o filme Metropolis, um clássico do mundo do cinema antigo.
As pessoas são totalmente controladas, manipuladas, não fazendo nada para se livrarem disso, mas depois passam o tempo a queixar-se “deste” e “daquele” que toma as decisões, quando foram essas mesmas pessoas que lhes disseram para tomar essas decisões. É um paradoxo.
É um paradoxo tal e qual como a expressão “dever cívico”. Se é dever, não é civismo. Se é dever, deixa de ser uma opção, mas é sim uma obrigação. É mais uma daquelas ideias inventadas pela classe política, para dar ao povo uma falsa noção de controlo.
O povo além de continuar iludido que até tem algum poder nas decisões, também continua iludido que as decisões são a seu favor…
Com isto, não estou a defender a anarquia. Acho que realmente tem que haver certas regras.
No entanto, tal como Jared Diamond, penso que a formação de diferentes classes (uma das consequências da “invenção” da agricultura) é um desastre social.
Esta pintura de Luis Morgadinho, representa um país de lambe-botas… o que me parece que é o reflexo da política.
Estarei a ser demasiado cínico?
Não me parece. Parece que esta é a realidade da situação, tendo em conta as evidências que fui vendo, até pela minha própria experiência.
Não entendo a noção de “voto secreto”.
Parece-me uma expressão que pretende que não haja discussão de ideias, já que não há uma defesa daquilo em que se acredita.
Daí que vou dar a minha experiência.
Aos 18 anos comecei legalmente a votar. Obviamente que no início é algo “especial”, já que se anda iludido que o nosso voto até tem algum poder (fui levado pela publicidade enganosa dos políticos – publicidade enganosa que existe bastante também nos pseudos).
Não sigo ideologias, por isso fui votando nas pessoas pelas pessoas. Já votei em todos os partidos políticos, desde a extrema esquerda, passando pela extrema direita, e acabando nos partidos do meio. Todos já tiveram votos meus. Também já votei em branco, já votei em mim (fiz um quadrado à parte e coloquei o meu nome), e até já votei em algumas personagens da Disney.
Entretanto fui percebendo que nada mudava… ou seja, o meu voto era somente uma ilusão de contribuição.
Tudo não passa de uma ilusão. Independentemente do que eu fizesse, as caras seriam sempre as mesmas, os problemas seriam os mesmos, os palhaços (novamente a noção de “circo”) seriam sempre os mesmos… ou seja, tudo ficaria sempre igual. Porque esse é o objectivo: manter o status quo, manter sempre os mesmos no poder, à custa do povo iludido.
Essa realidade ainda se tornou mais forte, a partir do momento em que fui tendo amigos na política – amigos da minha geração, que até andaram comigo na escola. Esses amigos aprenderam com os seus mentores, mais velhos, mais experientes na política, que o grande objectivo não era ajudar as pessoas, mas sim ajudar-se a si próprio a manter-se no poder e a poder gozar as regalias à custa do povo.
É certo que, como em todas as profissões, existem os maus e os bons. Daí que existem certamente políticos que têm boas intenções. Mas também é certo que a grande maioria será um “político de carreira”, em que o objectivo é viver continuamente à custa do povo. Daí que as caras são sempre as mesmas… nada muda.
A sempre engraçada, e com sentido crítico, série South Park, fez um excelente episódio sobre isto, a que intitulou: “Douche and Turd“, porque na verdade estas são as opções que constantemente temos na política: não existem quaisquer opções de qualidade, mas iludem-nos que é nosso “dever” escolhermos entre uma muito má escolha ou uma péssima escolha.
O resultado de tudo isto foi simples: há mais de 10 anos que deixei de votar. Não vou dar para um “peditório” em que me dizem que tenho que defender uma mentira. Tenho liberdade de escolha, tenho o direito de tomar a atitude que bem entendo.
Nos últimos 12 anos, as únicas eleições em que votaria, se pudesse, teria sido em 2008, no Obama.
Desta vez fiz o mesmo. Não votei. Não só pelos motivos acima, mas até por outro motivo: não estive atento à campanha eleitoral e nem sabia quem eram metade dos candidatos. Logo, seria burrice votar sem estar devidamente informado.
De qualquer modo, estive atento a algumas notícias, sobretudo em termos de comentários no Facebook, de diferentes pessoas.
Percebi, por exemplo, que a campanha eleitoral foi um desastre. Não existe uma visão de futuro. Não se discutiram ideias, não se discutiu o futuro. Não se discutiram estratégias específicas e realistas para se mudar o rumo do país. Por vezes disseram-se generalidades, do tipo “é preciso inovar”, mas nunca expõem uma estratégia inteligente com especificidades concretas para atingir os objectivos. O que houve principalmente foram muitas acusações e “lavar de roupa suja”. Como se pode escolher algum deles, se nenhum deles nos faz acreditar que têm ideias capazes de serem implementadas para inverter a tendência suicida do país? Parece-me que o tal “dever cívico” seria assim entre escolher uma toalha ou uma bandeira para conduzir o meu carro. Ou seja, o meu “dever” seria escolher entre candidatos que não me deram garantias que poderiam “conduzir” correctamente os destinos do país. Essa escolha obviamente que não é, nem poderia ser, um “dever”. Ninguém racional iria pôr uma toalha ou uma bandeira a conduzir o carro; mas há quem nos queira impingir que essa escolha é o nosso dever.
Ainda sobre o clima de campanha, houve quem culpasse os políticos. Mas nem me parece que a culpa seja deles. Parece-me sim que é um problema social: as pessoas não sabem discutir as ideias com argumentos válidos. Utilizam sempre falácias, que muitas vezes caem nos insultos e acusações. E se as pessoas não sabem discutir os assuntos, então os políticos, que pertencem à mesma sociedade, têm o mesmo tipo de falhas.
Posso estar enganado, mas estes foram os temas de campanha:
– o Cavaco Silva promoveu a solução de continuidade. Basicamente a ideia era que a situação económica está tão má (no fundo), que é preciso estabilidade, com alguém que já tenha experiência de governação. Filosoficamente, é uma solução aparentemente racional. A não ser quando se olha para exemplos específicos. Por exemplo, esta foi a mesma mensagem do Bush em 2004: o país estava em 2 guerras, a economia estava a piorar, por isso nas eleições a equipa do Bush promoveu a solução de continuidade com alguém que já tinha experiência do cargo. Todos sabemos qual foi o resultado na economia mundial. Nas eleições de 2008, a mesma equipa de direita (sobretudo com a base que é a extrema-direita) promoveu o mesmo tipo de ideia. Atacou o Obama pela falta de experiência, e promoveu a solução de continuidade/estabilidade no mesmo tipo de políticas, com alguém com experiência nos cargos políticos.
– o Manuel Alegre é um poeta que já há 35 anos está em cadeiras de poder, em cadeiras de governação do país. Ou seja, é mais uma solução de continuidade. As pessoas morrem, as pessoas nascem, as gerações dão lugar a outras… mas os políticos são sempre os mesmos.
– o Fernando Nobre é alguém que vem de fora da política, com um conhecimento do mundo “ao vivo”, e com experiência de ajudar as pessoas (médico, fundador da AMI em Portugal, e que participou em missões humanitárias em diversos países). Ou seja, o perfil do Obama – alguém de fora da política, mas com experiência no terreno na ajuda às pessoas.
– os outros não sei quem são.
Einstein dizia que “a definição de insanidade é fazer sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes.” Ou seja, uma evidência de insanidade é votar sempre nos mesmos e esperar que as coisas mudem.
Obviamente que a solução de continuidade não muda nada. Mantém o mesmo status quo, e mantém os mesmos resultados.
Se os resultados são bons, então continuarão bons. Se os resultados são maus, então continuarão maus.
Se a avaliação que se faz do país é boa, então deve-se continuar com os mesmos. Se a avaliação do país é má, então deve-se mudar!
É aqui que entra a sanidade mental, a racionalidade, o pensamento crítico, a literacia.
Quando ligo o interruptor e a luz acende, então percebo que é uma solução que dá certo. Logo, da próxima vez que queira acender a luz, faço o mesmo. E dá certo novamente. E assim sucessivamente, porque se dá certo, continua-se.
Se tento ligar a luz dando cabeçadas na parede e a luz não acende, então obviamente que alguma coisa terá que mudar. Não posso continuar a fazer o mesmo, se ao fazer sempre o mesmo, os resultados são invariavelmente negativos. Se continuo a pensar que da próxima vez que der uma cabeçada na parede, é que vai ligar a luz, então racionalmente falando, é uma burrice.
Isto é o que se passa, por exemplo, com os pseudos. Pode-se fazer 30 experiências, podem dar 30 vezes resultados negativos, que os pseudos vão continuar a dizer que existe um efeito positivo que se vai ver da próxima vez… é sempre da próxima vez.
Já na ciência, faz-se as experiências, e quando dão resultados negativos, muda-se as coisas de modo a dar positivo. Uma mente científica, deixa de dar cabeçadas na parede, e passa a ligar o interruptor (ou seja, muda algo), de modo a ter um resultado positivo.
Na medicina, que é uma ciência, faz-se a mesma coisa. Toma-se algo e se se ficar pior, então se calhar é melhor tomar outra coisa para tentar melhorar. Por exemplo, se tenho uma sanguessuga na perna que me está a retirar o sangue… o que faço? Opto por continuar com ela, e quiçá até lhe juntar mais algumas amigas na minha perna, porque “acredito” que elas vão deixar de me retirar o que é meu e vão passar a dar-me saúde? Ou opto por retirar aquilo que me fez mal, e talvez pôr, por exemplo, um penso sobre a ferida?
Mas isto não se passa só como diferença entre ciência e pseudo-ciência; ou na vida diária, entre dar cabeçadas na parede ou ligar o interruptor.
Mas também se passa o mesmo em termos empresariais. Um gestor que tenha bons resultados, continua; um que tenha resultados negativos é despedido porque está a afundar a empresa. Nos clubes, que são empresas, também se passa o mesmo: se o clube tiver resultados positivos as pessoas são adoradas; se o clube tiver resultados negativos, então são mudados aqueles que têm responsabilidade, que tiveram o poder, que contribuíram para esses resultados negativos.
Na política não existe qualquer responsabilidade. As pessoas podem estar em centros de poder durante 30 anos, e podem afundar completamente o país, que isso não interessa para o povo. Para o povo, o que interessa é o “circo”, o que interessa é votar sempre nos mesmos mesmo que os resultados sejam negativos. Dá-se valor à incompetência e espera-se que “por milagre” as coisas mudem, com as mesmíssimas pessoas. Como diria Einstein, é a insanidade a funcionar!
Se na política houvesse uma avaliação objectiva as coisas eram muito simples: a pessoa está no poder 5 anos. Avalia-se como o país estava quando ele entrou. Avalia-se como está agora. Avalia-se o quanto ele é responsável por isso (por acção ou inacção). Se o país está melhor, então continua o bom trabalho. Se o país está pior, ele é despedido (como qualquer outra pessoa em qualquer emprego), e tenta-se outro “empregado” que faça um trabalho melhor.
As eleições para Presidente da República Portuguesa foram ontem.
Existem quase 10 milhões de potenciais (recenseados) eleitores portugueses, em Portugal e no mundo.
Ganhou a abstenção com mais de 53% dos votos. Votos em branco foram 4%, e votos nulos foram 2%. Ou seja, no total foram quase 60% de não-votos – 6 milhões de pessoas. Claro que os políticos já andam a tentar dar as explicações mais absurdas para estes não-votos. De várias pessoas com quem falei, posso garantir que a razão principal é só uma: o pessoal está farto de ser enganado pelos políticos. Se o poder político tivesse vergonha, demitia-se em bloco, porque nitidamente a maioria do povo não se revê neles. A democracia supostamente tem nos políticos os representantes do povo. Nitidamente o que estes resultados mostram é que estes políticos não são representantes do povo.
Cavaco ganhou com menos de 25% dos eleitores recenseados: 2.230.104 votos. José Sócrates já parabenizou Cavaco, dizendo que “os portugueses optaram por não mudar. Optaram pela continuidade e optaram pela estabilidade“. Exactamente o discurso do Bush após ganhar as eleições em 2004. Ou seja, ficaram contentes por ficar tudo na mesma, por se manter o mesmo status quo, por perceberem que podem afundar o país o que quiserem, que o povo nunca irá aprender.
Fernando Nobre teve pouco mais de meio milhão de votos: 593.868 votos. Ficou em 3º lugar.
Como eu disse em cima, parece-me que este seria o candidato melhor, porque a mudança é necessária. Se o país está a afundar, é por causa da incompetência de quem está a gerir, nos centros de poder. Logo, dar oportunidade a quem vem de fora para mudar as coisas, seria o caminho mais racional a seguir. Tal como os EUA mudaram do Bush para o Obama. Se pode não ter resultados positivos? Claro! Mas ao menos não se sabe ainda se pode ou não. Mas votar nos mesmos, já se sabe que dá resultados negativos!
No entanto, se eu pensava isto antes das eleições, após as eleições percebi que a mentalidade é a mesma – uma mentalidade que não tem em conta os resultados, mas olha somente para “frases feitas” vazias de conteúdo.
“Nobre diz-se ganhador“. Mas ganhador de quê? Em 10 milhões de potenciais votantes, ele teve cerca de meio milhão de votos. No resultado final, ficou em 3º lugar! 3º lugar!! Ganhou o quê??? Este candidato perdeu. Deveria ser honesto e assumir isso. Dizer que “ganhou” é o que se ouve de *todos* os partidos em todas as eleições. É o discurso já feito, que não tem qualquer realismo, mas é só atirar areia para os olhos. Se este candidato era da diferença, então tem que dizer a verdade, e dizer que perdeu. Não o fez, e por isso, desiludiu-me.
Parece que são os médicos daqueles que têm vícios (ex: álcool ou drogas) que dizem que o primeiro passo para a cura é as pessoas admitirem que têm o vício. Ou seja, para se poderem curar/melhorar, primeiro as pessoas têm que perceber que têm um problema.
Os objectivos não foram atingidos. Logo, perdeu! Só tem que assumir isso, e olhar em frente de modo a tentar superar esse problema. Mas não, parece que ignora que o objectivo não foi atingido, e diz que ganhou. A não ser que o objectivo dele fosse ficar em 3º…
Será que se o FCP chegar ao fim do campeonato no 3º lugar, o Pinto da Costa vai celebrar a vitória, dizendo que ganhou??
Será que a Hillary celebrou ter sido derrotada pelo Obama?
Será que o Rafael Nadal vai discursar dizendo que ganhou, se ficar em 3º no Open da Austrália?
Juro que não entendo. Se eu tivesse votado nele, já me tinha arrependido do voto.
Eu gostaria de votar em alguém que me diz a verdade, que seja realista. Não gosto de pessoas que me mintam e digam “frases feitas”. Por haver muitos desses, é que eu e outros não votamos. É pena que o Fernando Nobre tenha caído exactamente nesses erros das “frases feitas” sem ligação à realidade.
Os resultados são objectivos. As interpretações dos derrotados nunca são realistas.
Após estas eleições, parece-me evidente que muitas pessoas estão satisfeitas com o rumo do país, estão satisfeitas com as pessoas que estão no poder, e estão satisfeitas com o tipo de vida que levam.
Por isso, querem continuar na mesma, sempre com os mesmos resultados, sempre a acreditar nos mesmos políticos, sempre a acreditar que as coisas vão mudar, sempre a acreditar, basicamente, no Pai Natal.
Da minha parte só tenho a dizer que cada qual é livre de votar em quem quiser. Depois têm que viver com as consequências.
Como se diz em expressões populares: cada qual colhe o que semeia… e daí que cada qual tem o que merece.
Termino com alusões à ficção científica, que nitidamente é um espaço de crítica social, e que, quando a ficção científica é excelente, consegue retratar perfeitamente aquilo que se passa na realidade.
Na fabulosa série 3º Calhau a Contar do Sol, num dos episódios, o extraterrestre Dick tem que votar.
Dick tem uma brilhante troca de palavras com um dos representantes das eleições: “Dick Solomon: You mean your vote counts the same as mine?”
O extraterrestre não consegue compreender como o voto de alguém que não sabe o que faz, pode valer tanto como o voto de alguém que está informado sobre as consequências das suas decisões. É uma crítica que faço muito aos pseudos: eles imaginam que a ignorância deles sobre um assunto vale tanto como o conhecimento sobre o assunto.
No episódio, também se vêem as jogadas de bastidores, e o lavar de roupa suja. Ou seja, o não querer discutir ideias, mas sim o supérfluo.
Existe uma fantástica discussão, que termina com uma frase que subscrevo totalmente: “What’s the point of having a democracy, if people go around voting wrong?”
Dick também diz: “I have only 2 choices for citycouncil: a professional liar and my brother the joke! There is no choice. My only choice is not to vote at all. Democracy is horrible, absolutely horrible.” Correcta ou incorrectamente, a realidade é que a grande maioria dos que se abstiveram pensam da mesma forma.
Outra série que todas as eleições sempre me lembram é: Hitchhicker’s Guide to the Galaxy.
Zaphod Beeblebrox é um ladrão (roubou uma nave espacial), é irresponsável, é egocêntrico, não é de confiança, e obviamente não se interessa por mais ninguém (a não ser por ele próprio).
Vai daí, foi eleito Presidente da Galáxia, por ser o candidato perfeito para o cargo – um cargo que não tem qualquer poder, servindo somente para decoração de modo a enganar o povo.
“um dos principais problemas em governar pessoas, está em quem se escolhe para fazê-lo. Ou melhor, em quem consegue fazer com que as pessoas deixem que ele faça isso por elas.
Resumindo: é um facto bem conhecido que todos os que querem governar as outras pessoas são, por isso mesmo, os menos qualificados para isso.
Resumindo o resumo: qualquer pessoa capaz de se tornar presidente não deveria, em hipótese alguma, ter permissão para exercer o cargo.
Resumindo o resumo do resumo: as pessoas são um problema.”
Se existem civilizações extraterrestres avançadas na Galáxia, de uma coisa tenho a certeza: há muito que deixaram de usar a imperfeita e auto-proclamada democracia…
22 comentários
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Fabuloso:
http://www.youtube.com/watch?v=MEL48khJHRQ
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Já agora, a continuação da saga:
http://www.astropt.org/2011/06/05/votar/
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nytimes.comsify.com…
As virtudes da Democracia:
http://www.nytimes.com/2011/02/16/world/europe/16italy.html
http://www.sify.com/news/berlusconi-calls-for-judicial-reform-new-immunity-law-news-international-lcthOcejeje.html
Já para não afirmar o óbvio: Hitler foi eleito numa democracia…
Daí que continuo a dizer: democracia nunca foi poder para o povo, mas sim para os “eleitos” (como na religião) controlarem o povo ignorante, fazendo-o pensar que é o povo que tem o poder…
A Democracia e a opinião da Mafalda no carton aplica-se e por ser assunto popular, também vou tentar expressar o meu pensamento sobre a questão e tendo por base as últimas eleições portuguesas.
Seria ingenuidade ter a convicção de que o povo ou os povos são os soberanos quando a palavra Democracia é o sistema político adoptado constitucionalmente.
Tal como foi ingenuidade a dos povos ou pessoas que acreditaram que nas teocracias o poder vinha do alto de Deus, que nas Monarquias que o poder estaria sempre no Rei, ou ainda nas Repúblicas socialistas, que o poder será da classe operária.
Na realidade a política a meu ver faz-se considerando o somatório estratégico dos inúmeros instrumentos à disposição quer das pessoas que se candidatam, quer das que militam com mais ou menos entrega pelos seus candidatos, as que apenas votam ou se abstêm e noutros casos ainda quando forças militares impõem rumos políticos aos territórios que ocupam.
Tudo isto no computo final, dá a forma de organização da sociedade ou da sua desorganização.
Também a importância do voto, da abstenção, ou da escolha melhor ou pior dos eleitos é com alguma relatividade consoante a dependência socio-económica e política em que se posiciona o eleitor ou é forçado a posicionar-se, consoante as alternativas que se lhe apresentam. Daí o voto ser secreto ser desejável em muitas situações, não necessariamente sempre.
Às últimas eleições portuguesas, chegaram às urnas 6 candidatos. Muito embora com alguma atenção já se antevia quais dos candidatos seria o novo Presidente, não era seguro que assim acontecesse. E a meu ver, iria acontecer apenas três hipóteses possíveis: A reeleição do actual presidente à primeira volta, a segunda volta disputada com Manuel Alegre, ou com Fernando Nobre.
Devo “confessar” que todos os políticos que ao longo de mais de 30 anos foram eleitos também com o meu voto, me desiludiram. Assim nestas eleições, sendo o Fernando Nobre a minha escolha natural, não me admiraria de vir a desapontar-me também.
Votaria em Fernando Nobre, caso viesse a disputar a 2ª Volta com Cavaco Silva.
Preferi à segurança contribuir para a reeleição do actual Presidente, para não correr o risco de vir a a ter de tolerar o Manuel Alegre na presidência.
Tal como Cavaco Silva, também estive como militar Miliciano em Moçambique de 1971 a 1974.
Deixei cá namorada grávida, dum primeiro filho que viria a falecer como nado morto.
Deixei licenciatura para nunca mais e um excelente emprego com programador informático, vi muitos morrerem bem perto nas minas traiçoeiras que não as podiamos evitar.
Não seria coerente ter na actual presidência alguém que na rádio Argel durante mais de 10 anos de guerra tivesse tido uma interacção próxima com os movimentos de guerrilha que então combatiamos. Isto é público, e ás gerações portuguesas pós 25 de Abril não se lhe tem dado uma perspectiva minimamente válida do que foi, e do que é hoje a História de Portugal.
Se há e houve razões para combater o Salazarismo, penso que temos de sobra, mas não nos coloquem mais de 1 milhão de ex-combatentes, a tolerar como comandante chefe das FA alguém de que certamente a maioria não guarda saudades.
Assim com o meu voto, posso não ter procurado outras soluções, mas contribui certamente para os escassos 25% dos eleitores necessários para evitar uma 2ª volta arriscada.
Com este testemunho, também pretendo dizer que na política também há convicções pessoais emocionais racionais ou não, depende do que está em jogo para cada eleitor.
Termino com uma frase curiosa: Errar é humano, só não erra quem nada faz; se é que não fazer nada não será já um erro.
Cumps.
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Já agora, vejam o discurso do Obama:
http://dererummundi.blogspot.com/2011/01/presidente.html
Eu estive a vê-lo em directo, comparei com o dos políticos portugueses (nomeadamente Cavaco ou Sócrates), e comentei no Facebook:
Obama está para Cavaco (ou Sócrates), assim como os U2 estão para a Rute Marlene.
Curioso o ênfase que ele colocou na Educação.
“If you wanna make a difference… become a teacher.”
“Teachers are nations builders.”
Concordo totalmente com ele!
Para combater a imbecilidade que se vê nalgumas notícias, a difusão de ideias anti-ciência, e a fraca literacia funcional das pessoas, só existe uma forma: educação!
O problema da Educação (em termos mundiais) é que continua com métodos, processos, e mentalidade dos séculos 18 e 19.
É uma educação baseada na Revolução Industrial… em que as escolas/universidades são simples “fábricas”.
O mundo mudou… mas a educação (formal) continua parada no tempo.
Dizer mal da democracia… é um exercício vazio. Como disse o Churchill, a democracia é o pior sistema possível… com excepção de todos os outros. Alguns gostam muito da ideia de um “déspota iluminado”, capaz de decidir para o bem de todos e de impor as suas decisões… Má notícia: essa figura não existe. O poder corrompe. Não ponho as mãos no fogo por ninguém – nem por mim mesmo. 😉
Podem-me falar de meritocracia, mas a verdade é que esse “mérito” é sempre avaliado de acordo com a agenda de algum grupo. Não é absoluto, imparcial, objectivo.
Portanto: a democracia não é, nunca foi, perfeita. Mas pode ser melhorada. Ao contrário de outros sistemas. E como a actividade científica, no fundo – é praticada por seres humanos com desejos, ambições, paixões, embirrações e outras particularidades…
Author
youtube.com…
Não nego que é preciso mudar o sistema económico-financeiro.
Recentemente, fui ver um filme genial sobre isso, onde põe tudo numa perspectiva global, que até começou na Islandia:
http://economicsandethics.typepad.com/economics-and-ethics/2010/11/inside-job-is-a-provocative-movie.html
Culturalmente também é preciso mudar… o que eu chamo de mentalidades de fundo.
E no trailer gostei bastante das palavras do Martin Luther King:
http://www.youtube.com/watch?v=I3-MKD2ABpA
MAS não me parece que a mudança para uma cultura, uma mentalidade, de conspirações seja uma boa mudança. Pelo contrário, é ir de mal a pior…
É sair de uma ideologia falhada para seguir uma ideologia de desconfiança.
zeitgeistportugal.org…
Uma alternativa: http://www.zeitgeistportugal.org
Author
Sérgio: impossível? Não concordo 😛
Basta que decidam com base em critérios objectivos, previamente determinados, … ou seja, que decidam com base na inteligência… e não com base naquilo que “sentem”.
O Stephen Colbert, para gozar com os extremistas americanos, diz sempre que também não pensa com o cérebro, mas sim vai pelo que o “gut feeling” lhe diz…
😛
Cristiano:
“Entre os índios, são os mais sábios que guiam, que governam. E estes não são escolhidos pela maioria. São escolhidos por se mostrarem sábios (voto não faz ninguém sábio). Simplesmente, os índios o aceitam (nunca ouvi falar de minoria de índios entre os índios).”
Como é que eu posso me tornar Índio? 😛
É que sem dúvida esse sistema é MUITO MELHOR.
😀
Rita:
Totalmente de acordo: é preciso bom senso.
Também totalmente de acordo: é preciso equilíbrio e não ideologias. Por exemplo, eu votaria Obama aqui e votaria a favor da Segurança Social para todos. No entanto, compreendo as razões inteligentes para os Republicanos não quererem essa Health Care (porque preferem responsabilidade individual, e olham para a Europa e vêem que a Health Care faliu)… claro que acho uma estupidez as invenções que eles fazem com “death panels” e coisas do género.
Para mim, é um problema de mentalidade de fundo, daí que saí de Portugal. E muita gente que sai (para onde fôr), chega ao fim de uns anos e percebe essas diferenças de mentalidade, que Portugal não consegue se libertar… uma mentalidade fechada sobre si própria, provavelmente ainda resquícios de Salazar, como dizes.
Concordo inteiramente com a mentalidade de exploradores, daí preferir pessoas que querem conquistar novos objectivos, e não dizer que ganhou quando perdeu…
Daí que adorei a música da Nelly Furtado e fui muito crítico neste post sobre o Queirós:
http://www.astropt.org/2010/07/02/sorte-portuguesa/
E adorei a música dos Da Vinci, e falei do Mourinho neste post:
http://www.astropt.org/2010/05/25/nos-contra-eles-a-diversidade-humana/
😉
A política que temos, e os políticos que temos são o espelho da sociedade que somos.
Pouco evoluída, pouco educada e com pouca ética e moral (sem ser no sentido religioso).
A forma como as coisas se vão passando, faz me lembrar pais divorciados a tentar comprar o amor dos filhos. O que oferece doces (em vez de fazer comer os vegetais) vai ganhar a predilecção da criança… E quando vem a pergunta – Gostas mais do pai ou da mãe? – obviamente que sai beneficiado o que dá doces… Enquanto a criança não crescer, e perceber, que não pode comer só doces, então vai sempre gostar mais do progenitor que lhe dá essas coisas aparentemente melhores…
Para piorar as coisas, os supostos “adultos” (classe política que devia ser a primeira a dar o exemplo, supostamente tendo acesso a um nível de educação mais elevado e que devia utilizar isso em prol do bem geral) não têm atitudes de adulto ou têm como objectivo educar a criança. Em vez disso, o único objectivo é mesmo ganhar a preferência da criança no curto prazo – tais são os benefícios que daí tiram – e, quando a criança é privada de doces por parte de um dos progenitores, o outro, ainda lhe vai dizer que: “o pai/mãe não te dá doces, porque quer ficar com todos só para ele/ela…”
Relativamente à avaliação objectiva que o Carlos apresenta como possível solução e que deveria existir na política: é impossível 🙂 por verdadeiramente boa que seja a intenção, essa avaliação objectiva é impossível de fazer na pratica. E muito menos num prazo tão curto. Por isso é que se dá o poder às pessoas.. para que sejam estas, com base no que sentem, que decidam. No fundo, a principal vantagem da democracia sobre as outras formas de governo, acaba também por ser uma das raízes do seu problema.
“Se é a maioria quem decide, é o mais forte quem decide. Mas na verdade, o forte que decide nas eleições são os fortes de dinheiro, que escolhem em quem as pessoas devem votar (e aí, tanto faz quem ganha ou perde). É ingenuidade pensar que não é assim que funciona, pois quem pode fazer assim, assim o faz.
Entre os índios, são os mais sábios que guiam, que governam. E estes não são escolhidos pela maioria. São escolhidos por se mostrarem sábios (voto não faz ninguém sábio). Simplesmente, os índios o aceitam (nunca ouvi falar de minoria de índios entre os índios).”
Concordo inteiramente consigo. É sábio aquele que viveu o suficiente para perceber que a arrogância não leva a lado nenhum e que o bom senso é uma virtude necessária ao equilíbrio. Muito poder nas mãos de quem não tem bom senso para o gerir dá no que se vê.
Infelizmente, esta sociedade está cheia de pessoas que deveriam ter idade para saber melhor mas continuam tão ou mais arrogantes como no primeiro dia em que conseguiram aquele cargo na direcção da empresa do tio, acabadinhos de saír da faculdade (sim, esta é uma ideia generalista e um pouco caricaturada, mas dá para perceber a intenção).
Falta bom senso e falta descentralização. Deveria fomentar-se a micro economia, um “voltar ao antigamente” mas aposto que com melhores resultados.
Só pra deixar mais claro o que disse aí em cima.
Sou CONTRA a democracia, que para mim é apenas a versão humana da velha “lei do mais forte” que vigora entre os animais.
E se somos animais, pra que votar? Por que não colocar todos os que querem liderar para se matar numa arena e eleger o que ficar vivo no final?
Eu sempre pensei que assim as eleições seriam bem melhores. Afinal, quem quisesse roubar os outros, teria que ao menos derrotar seus adversários na marra (ou melhor, na maça, na gladius, na lança, no machado, no gancho com corrente…).
Votem em mim e as coisas serão assim! 😀
Obrigado pela dica Vera, parece que entre o Socialismo e o Individualismo, a minha visão “equilibrada” da sociedade fica algures pelo meio. Os extremos nunca resultaram nem vão resultar. Não admito que um Estado me diga que não posso ter nada meu, mas também tenho que ter o bom senso de não querer tudo para mim. Falta bom senso, na minha opinião. Há que chegue para todos, mas há-de haver sempre quem queira mais. Este é um problema quase genético, diria eu, somos muitos e muito competitivos. Diria ainda que a economia, o grande motor da política, peca pelo carácter cada vez mais global que adquire. O que se torna global perde carácter pessoal, as culpas diluem-se e crê-se que o abanão que o nosso país está a levar não é culpa de ninguém… é a economia global! O sistema é constituído por todos, classe política, trabalhadora, patronato. Todos têm “culpa no cartório” mas ninguém assume a sua parte. Enquanto se discutem culpas, não se discutem soluções. Não conheço a realidade dos professores, mas tive um emprego na comunicação social onde me foi ordenado que comunicasse sobre certas empresas com falsas boa intenções e nesse dia eu vim-me embora. Provavelmente vou continuar a perder empregos desta forma até ao dia em que, ou encontre uma empresa com uma boa política social ou me resigne ao “sistema”. Vamos lá ver.
Acho que, mais que uma aversão à mudança em Portugal, há o culto de que este é um país de tradições e brandos costumes, muito por culpa da ditadura de que não há muito saímos (?)
Já fomos uma nação de exploradores, agora ficamos por aqui, no quentinho das brasas, pobretas mas alegretas. Somos seres humanos e não somos diferentes de todos os outros seres humanos, apenas acreditamos que sim. É realmente um problema de mentalidades, acreditamos que somos um povo pacífico (eu não acredito nisso), mas podemos ser tão guerreiros e inovadores como qualquer outro.
Acredito ainda que haja quem entre na política com boas intenções e depois seja “comido” pelo sistema. A corrupção de que tanto se fala é uma realidade, mas o exemplo tem de vir de cima, porque, em última instância, é o presidente que assina. Eu posso trabalhar numa empresa e tentar fazer as tramóias todas que me lembrar, mas só levo a minha avante se o presidente compactuar com elas. Generalizando, há pessoas com boas intenções e outras com más intenções e depois existem os Governos que supostamente deveriam mediar a situação para não permitir abusos. Ora quando os próprios orgãos de regulação estão desiquilibrados, não há muito a fazer. A própria comunicação social deixa muito a desejar, é como o Pires diz, as notícias são copy/paste umas das outras sem verificação de fontes. Um exemplo de que me estou a lembrar foi, aquando do terramoto no Haiti, enquanto nos principais noticiários se apregoava a situação tensa e de guerrilha que havia em certas partes do território como desculpa para que não chegasse lá a ajuda internacional, uma jornalista do democracynow deslocou-se a essas partes do território para constatar que a situação não era nada do que se dizia, não havia guerrilhas mas sim pessoas em sofrimento, em cooperação umas com as outras, que se perguntavam porque é que havia tantos aviões a sobrevoá-los mas nenhuma ajuda. Eu vi estas imagens e não vi guerrilhas nenhumas.
Eu nunca fiz jornalismo a sério, apenas escrevi artigos na área do ambiente e, mesmo eu, não fui a pessoa mais isenta do mundo nalgumas coisas que escrevi. Culpa talvez da falta de experiência e tenra idade. Hoje escreveria de maneira diferente, mas voltaria a despedir-me pelas mesmas razões.
Acho que já me dispersei o suficiente, mas só para terminar, temos que lutar pelo que acreditamos ser o melhor. Eu cá espero não ter que me conformar muito. 🙂
Se é a maioria quem decide, é o mais forte quem decide. Mas na verdade, o forte que decide nas eleições são os fortes de dinheiro, que escolhem em quem as pessoas devem votar (e aí, tanto faz quem ganha ou perde). É ingenuidade pensar que não é assim que funciona, pois quem pode fazer assim, assim o faz.
Entre os índios, são os mais sábios que guiam, que governam. E estes não são escolhidos pela maioria. São escolhidos por se mostrarem sábios (voto não faz ninguém sábio). Simplesmente, os índios o aceitam (nunca ouvi falar de minoria de índios entre os índios).
Eu sempre voto nulo. E voto porque aqui, no Brasil, sou obrigado a votar. Infelizmente. Porque se não o fosse, ficava no quentinho, e me desculpe, dona Vera, mas sem nenhum remorso.
Quem crê que votos decidem alguma coisa deve crer também em duendes e fadas. Votos só servem para mostrar qual das más opções foi escolhida a menos pior.
Eu não acredito que governantes mudam nada. Seria o mesmo que crer que as fadas estão a pintar as flores. Eu acredito em mim. Sou eu quem governa a minha vida e a faz boa ou má, independente do governo que aí está.
Pois foi, é e sempre será assim.
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No Facebook fizeram-me uma pergunta bastante interessante: perguntaram-me se eu tinha alternativas.
A verdade é que não tenho.
Reconheço que essa é a grande falha/limitação do meu raciocínio… não conseguir apresentar alternativas viáveis.
Parece-me sim que o grande problema é que qualquer idealista chega lá ao poder e acaba como os outros.
Se eu próprio me candidatasse, com ideias novas, de futuro… eu não sei se faria melhor que os que lá estão… e porventura cairia nos mesmos erros.
O problema se calhar nem é tanto as pessoas, mas sim o sistema.
É como na educação. Há uns anos atrás fui a uma conferência a Portugal sobre educação. As pessoas que estavam no poder fartavam-se de criticar os que foram lá apresentar ideias novas de como dão as aulas. A certo ponto, tive mesmo que “armar confusão”. Tive que defender uma professora que foi lá apresentar uma palestra com o que tinha feito no ano anterior na sua aula (aula de geologia, em que levava os miúdos para o campo identificar o que viam… em vez de decorarem o que liam num livro… e teve bastante sucesso!). E tive que a defender porque ela estava a ser massacrada com as críticas de uma das presidentes de uma instituição educacional em Portugal. Segundo essa Presidente, os alunos tinham era que aprender as definições, em vez de irem “brincar” para o campo.
Ora, esta forma totalmente absurda de ver a educação, é algo que só me parece possível em países sub-desenvolvidos mentalmente. Daí que “parti para a discussão”.
Estavam lá imensas alunas de Escolas Superiores de Educação, que vieram falar comigo no final. Sorrateiramente, baixinho, conversaram comigo, e disseram-me que pensavam o mesmo que eu, mas que não podiam dizer alto porque tinham medo de sofrer represálias.
Estas alunas também me disseram que queriam ensinar no futuro e fazer evoluir o ensino. Queriam inovar imenso. Eram idealistas. Mas também eram realistas o suficiente para perceberem que nunca o iriam conseguir fazer. As razões que me deram foi que tinham centenas de exemplos de colegas de anos anteriores, que chegaram a escolas com ideias inovadoras mas foram “comidas pelo sistema”. Era impossível para elas fazerem alguma coisa, se tinham sempre os outros professores contra.
Portugal é muito diferente dos EUA, em que a inovação é constante, para o bem e para o mal. Mas por isso é que em termos educacionais, histórias como esta aqui são aos montes:
http://en.wikipedia.org/wiki/Freedom_Writers
Já para não falar de Microsoft, Google, Facebook, etc.
Ora, o que me parece é que há uma ENORME aversão à mudança em Portugal.
Portugal é um país de tradições, de costumes, de brandos costumes.
Tem-se medo de arriscar em algo novo.
Tem-se medo de mudar.
E isso, também se reflecte na política.
Ou seja, como eu disse no post, não me parece que a grande “culpa” (se é que se pode chamar culpa… mas nem acho que a palavra seja a melhor) seja dos políticos.
Parece-me sim que é um problema de mentalidades.
Parece-me um problema social.
Aconselho vivamente um livro que se chama “O Caminho da Servidão” escrito há umas décadas.
Podem ler no link abaixo um resumo.
http://jim.com/hayek.htm
Penso que um dos grandes problemas é a comunicação social. Os candidatos são forçados a alimentar uma comunicação social cada vez mais tablóide, vende mais e é mais fácil de fazer. Para fazer bom jornalismo são necessários jornalistas cultos. Hoje sabemos que em Portugal 80% da informação politica tem como fonte os próprios políticos ou os seus assessores de imprensa. Os jornalistas não fazem o que deviam, investigar e confirmar as noticias. Muitas vezes o trabalho jornalístico é fazer um titulo e copy/paste…
Outro problema que temos é as contas das campanhas… eu sei de onde vem o dinheiro para a campanha do candidato em quem votei. Quem é que sabem de onde vieram os mais de 2 milhões de euros da campanha do candidato eleito? Estes apoios deviam ser públicos e transparentes, assim todos entendíamos melhor algumas declarações e posições assumidas.
Pelo que ouvi as pessoas deixam-se enganar por pouco, “… mas ele não tem cartazes na rua…”, não têm espírito critico e não procuram ou exigem informação.
Tenho que admitir que estas eleições me passaram um pouco ao lado e não sou a pessoa mais indicada para discutir política pois os meus conhecimentos são muito gerais. Dos poucos debates que vi não reconheci seriedade em nenhum dos candidatos. Chocou-me principalmente o facto de o Presidente reeleito admitir aprovar leis com as quais não concorda plenamente ou tem “algumas dúvidas” quanto ao seu futuro. Haja coerência. No meu mundo perfeito existiria uma social democracia, mas nem os partidos, nem os candidatos que reclamam a mesma visão a praticam. Prefiro votar em branco a não votar porque ainda tenho uma pequena esperança de que isso tenha alguma expressão, embora o voto em branco possa ser entendido como uma forma de indecisão quando não é o caso. Em tempos partilhei da opinião da Vera de que “quem não vota, não pode queixar-se de quem governa ou de quem é Presidente da República. No entanto a abstenção é um direito natural, assim como a revolta. Creio que muitos já perceberam que, votando ou não votando, vai tudo dar ao mesmo, existe uma classe que explora e outra que é explorada. A História repete-se e todos fazemos parte dela, os que votam e os que não o fazem.
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Sobre estatísticas, adoro esta citação:
“People use statistics the way drunks use a lamp post: for support instead of illumination”
😛
O problema é que todos tiram as elações que querem (e lhes é conveniente tirar). Seja do branco, do nulo, da abstenção, do voto no A, B ou C. E depois as comunicam como factos. Encontram factores de correlação que me fazem pensar que a estatística, deve ser afinal uma espécie de arte de adivinhação.
Fazem as análises que lhes são convenientes. E nunca vão ver (ou admitir que vêem) qualquer sinal que lhes faça ponderar a legitimidade no que andam (ou não andam) a fazer.
O Carlos ao fim de 3 ou 4 aulas repensava a forma como estava a fazer o seu trabalho. Outros professores, simplesmente implementavam um regime com limite de faltas, convictos que estão de que a sua metodologia de ensino é perfeita e toda a culpa é dos alunos.
Eu já defendi o ponto de vista da Vera. Hoje em dia, já não tenho paciência para ir cheirar a naftalina para as mesas de votos…
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Já eu acho que se eu fôr dar uma aula, tendo 200 alunos, e nenhum me aparecer ao fim de 3 ou 4 aulas, eu entendo como estando a fazer um péssimo trabalho, e que ninguém está interessado naquilo que eu tenho pra dizer/fazer.
Eu não acuso os alunos de “estarem no quentinho”. Mas percebo que a sua ausência é uma manifestação de protesto… em sinal de que eu não estou a fazer bem as coisas…
Curiosamente, eu sou avaliado pelas aulas que dou.
Se nenhum aluno me aparecesse nas aulas e assim não estivessem satisfeitos com a minha “governação” na aula, era despedido.
Mas lá está, é como eu digo: os empregos têm que ter uma certa “accountability”/responsabilidade. A política não tem.
A Ficção Científica critica bastante isso na política também.
Daí que espero que os ETs não sigam estes sistemas…
Bom… como sempre tens o dom de fazer comentários polémicos e, nalguns pontos, a meu ver extremistas.
Aquilo que temos não é uma democracia do Povo. É uma democracia representativa do Povo em que supostamente as pessoas votam em determinadas pessoas (que estão dispostas a assumir esse caro e escolhidas de entre os partidos politicos – não sei qual a percentagem de portgueses militarizados, mas são bastantes).
Aquilo que é a meu ver um problema é o que tu fazes: preferes ficar no quentinho. Eu votei em branco. Porque não reconheci capacidade em ninguém ser ser Presidente da República tendo em conta a vergonha campanha eleitoral. E sinceramente, voto em branco é protesto, abstenção não. Eu, mesmo gripada e com dores no corpo, enfrentei o frio e fui dizer que ninguém merece o meu voto. Ficar em casa sem votar, mesmo que seja pelos motivos que eu votei em branco, é confundido com preguiça! Com o não quero saber. E a verdade é que na minha opinião, quem não vota, não pode queixar-se de quem governa ou de que é Presidente da República. POrque deixou que outros escolhessem por si e não deu voz à sua opinião.
Portanto, eu defendo que devemos votar. Mesmo que seja em Branco. E, mesmo em Democracia, existem regras. Até para preencher os Boletim de Voto loll
VG