Com toda a atenção mediática centrada nas descobertas do sistema Kepler-11 e no anúncio dos primeiros candidatos parecidos com a Terra, passou despercebida outra descoberta notável da missão Kepler. Trata-se do primeiro exemplo de um sistema planetário em que dois dos planetas partilham a mesma órbita numa configuração designada de “Troiana”.
No Sistema Solar temos exemplos desta configuração mas não entre dois planetas. Existem por exemplo dois grupos de asteróides que orbitam o Sol à mesma distância que Júpiter e que estão localizados em pontos estáveis do campo gravitacional conjunto do Sol e de Júpiter, designados de pontos de Lagrange. Estes dois grupos de asteróides, designados de “Troianos”, orbitam o Sol nos pontos de Lagrange L4 e L5, 60 graus à frente e atrás de Júpiter, respectivamente.
O novo sistema, designado de KOI-730 (KOI, Kepler Object of Interest) é composto por quatro planetas com períodos orbitais de 7.38, 9.84, 9.85 e 14.78 dias. Embora seja preciso observar o sistema com mais detalhe, os dados disponíveis são consistentes com a possibilidade do sistema ter uma configuração ressonante do tipo 3:4:4:6, isto é, por cada 6 órbitas do planeta mais interior, os dois planetas intermédios fazem 4 órbitas e o mais exterior 3. A figura que se segue ilustra o sistema com as posições relativas dos planetas deduzidas a partir dos dados do Kepler.
Podem ver um post que fala deste sistema no blog systemic e o artigo original aqui.
1 comentário
Muito interessante!
No Sistema solar também encontramos essa configuração troiana em algumas luas de Saturno.