“What the Bleep do We Know?” (o que sabemos?) é um documentário que teve tremendo sucesso (em termos de publicidade e críticas) quer a nível da comunicação social, quer na net (está no YouTube), recebendo até vários prémios para melhor documentário.
A maior parte das pessoas adorou o documentário, porque finalmente lhes explicava o que era a quântica, dava-lhes conforto, e ainda lhes explicava o que a ciência não sabe.
De uma forma popular, e utilizando expressões da ciência (sobretudo quântica), o documentário explicava as ideias New Age de como o Universo está interligado através de “energias invisíveis”.
O que o documentário diz que faz é ligar a ciência (quântica) ao misticismo das “sabedorias ancestrais” (do “conhecimento milenar”).
Para quem ignora o que é a ciência, este documentário prova as suas dúvidas. Daí que não é de estranhar que este documentário tenha sido fortemente apoiado e aplaudido pela comunidade pseudo, sobretudo New Age.
Na verdade, este é um dos piores documentários de sempre.
Mente abertamente em algumas situações, usa expressões científicas indevidamente, põe não-especialistas a falar de ciência, e quando falam cientistas as suas palavras são indecentemente deturpadas para fazer avançar uma ideologia religiosa.
Ou seja, é o típico documentário-pseudo feito por mentirosos e charlatães que deturpa o conhecimento.
Daí que não é de estranhar que a comunidade científica tenha dito precisamente isso: este é um documentário cheio de disparates!
Aliás, é muito pior que disparates.
A produção é de uma seita religiosa fortemente influenciada por uma mulher no filme que tem seguidores que acreditam que ela consegue falar com um espírito chamado Ramtha que supostamente tem 35.000 anos!
Tudo isto não passa de um culto religioso imbecil, que através de um documentário em que põe palavras como “quântica” promove a imbecilização da população e ganha marketing com isso!
Mas muita gente é levada por estes esquemas de marketing mentirosos.
Os idiotas aceitam tudo que lhes é dito, mesmo vindo de não-especialistas que não sabem o que dizem!
É fácil enganar as pessoas desta forma, quando as pessoas não apresentam qualquer pensamento crítico e demonstram uma literacia funcional deplorável!
A personagem Deep Throat, dos Ficheiros Secretos, dizia: “And a lie, Mr. Mulder, is most convincingly hidden between two truths.”. A mentira é melhor escondida entre 2 verdades.
É o que este documentário faz. Promove a mentira, metendo algumas palavras verdadeiras da quântica pelo meio. E as pessoas são levadas!
Aliás, todos os pseudos usam esta técnica! E há pessoas que caem que nem patos nessas mentiras!
Afinal, a mesma técnica é usada nas pulseiras quânticas, no Reiki, etc.
Representam de forma completamente ignorante algumas expressões científicas, e ficam à espera que as pessoas que não sabem sobre o assunto acreditem no que eles dizem.
O objectivo é sempre o mesmo: fazer dinheiro com a estupidificação da população. Com isso promovem a imbecilidade das pessoas, o que leva essas pessoas a acreditarem mais no que lhes é dito!
Podem ler críticas detalhadas a este documentário: aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui.
CUIDADO COM ESTES VENDEDORES DE BANHA DE COBRA!!!
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Ana,
“se as exposições começarem logo com os beneficios da ciencia, palestras sobre a ignorancia e desinformação”
<--- como sabe, nós aqui no blog temos imensos posts sobre isso e muito mais 😀 Mas continuo sem entender qual é o problema de afirmar objectivamente que as pessoas são ignorantes e burras. Ignorante = aquele que ignora. Ou seja, quem ignora informações importantes sobre um assunto. Eu sou ignorante em milhentos assuntos. Assim de repente, lembro-me de medicina e de agricultura. Sou um ignorante nesses assuntos. Fico chateado por referir o óbvio? Claro que não! Burras = sem conhecimentos dos assuntos em causa. Novamente, todos nos encontramos nesta categoria em vários assuntos. estúpidas = sem sentido crítico, sem literacia funcional. Infelizmente é o que há mais. Não faltam estudos sobre isso. Quer na população em geral, quer na ciência em particular. Por exemplo, muita gente da ciência tem conhecimentos da sua área específica, mas falta-lhe conhecimentos de pensamento crítico, para poder abordar outras áreas da ciência. parvos = com argumentos pseudo... que previligiam a irracionalidade. Há 1 hora atrás, eu estava nesta categoria a ver o Benfica. Fartei-me de chamar nomes impróprios ao árbitro, sem qualquer argumento racional a suportar o que dizia. Ou seja, eu estava a ser parvo. Isto é a realidade. Para quê negar ou pôr paninhos quentes? 😉
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Ana,
Concordo inteiramente com o início.
“mas se chamarmos ignorantes e burras”
<--- eu sou ignorante e burro sobre uma variedade de assuntos. Não sei qual é o problema em dizer objectivamente isso. O primeiro passo para a "cura" (educação) é percebermos que há matérias em que temos que ser educadas (em que precisamos saber mais). Se as pessoas não percebem que o são sobre uma variedade de assuntos, então não terão a literacia funcional (nem quererão ter!) para perceberem as explicações de qualquer modo. "e, fés não se discutem, não são racionais" <--- quem não é racional, não vai querer saber de qualquer explicação racional. Tal como eu disse em cima, existem vários estudos sobre não se conseguir mudar as crenças das pessoas. Quem vem para saber mais, consegue perceber o alcance das palavras. Quem não quer saber mais, o que quer que eu dissesse é indiferente. Eu não estou contra o Pedro. Pelo contrário. Eu acho que ele tem a "teoria". A nível teórico, o que ele diz tem toda a lógica. Eu só digo que prefiro seguir os exemplos do terreno, porque por várias vezes a teoria e a prática não estão em sintonia nem são "lógicas" (sobretudo nas ciências sociais, como é este caso).
E, tb conseguimos confrontar as pessoas indirectamente, abrindo-lhes os olhos para a iliteracia vigente e desfazendo os próprios mitos, sem as chamar de burras ou ignorantes directamente 😀 não se trata de pezinhos de lã; trata-se de assertividade e…ok, um pouco de manipulação tb… se as exposições começarem logo com os beneficios da ciencia, palestras sobre a ignorancia e desinformação (com exemplos, assumindo um ar grave :D) na nossa sociedade, contra argumentar com calma e firmeza…aos poucos a coisa rola. E não é que no final de 50 horas de um módulo uma das “moças” encontrou sozinha, numa livraria, “o patrimonio genetico portugues”, comprou-o por iniciativa propria, leu-o e fez-me um resumosito dele sem que eu lho pedisse?… 😉
Mas pronto, isto é um exemplo de um caso de sucesso. Não funciona sempre, não. Tem funcionado com a maioria, e tenho aprendido à minha custa a lidar com este tipo de pessoas. Sempre com aquela ideologia de “vou ensiná-los a pensar, vou ajudá-los a criticar, vou dar-lhes a volta ao miolo”. Mas isso tb implica muito sacrificio pessoal, poucos rendimentos, lutar contra o sistema e a maré, desgastar-me continuamente e chegar a um ponto em que a paciência é muito pouca e dou comigo a responder coisas do género: primeiro preocupe-se em conhecer e aprender, depois logo decide se acredita ou não… 😀
No entanto, esta abordagem de assertividade, como lhe chamam, tem resultado. Comigo, obviamente.
xiii…o q vai para aqui 🙂
A iliteracia científica -e não só- é um problema que tem origem em muitas fontes. Na comunicação social (que a maioria das vezes não confirma as suas fontes; mas não podemos querer que uma notícia para o público em geral seja um artigo científico), no seio da própria ciência (nem todos os excelentes cientistas são bons comunicadores; e, a verdade é que precisamos urgentemente de bons comunicadores), na apatia da ignorância e das mentalidades (muitas pessoas são inteligentes mas recusam-se a dar o braço a torcer ou a abandonar a fé de toda uma vida; e, fés não se discutem, não são racionais; se queremos combater a iliteracia também temos de saber chegar a essas pessoas, rodeando-as assertivamente…desculpe, Carlos, eu sei que foi um desabafo que eu mesma já usei muitas vezes, mas se chamarmos ignorantes e burras a todas as pessoas que queremos educar, não passamos a mensagem).
E depois ainda temos o problema bicudo que é a educação actual… imaginem, por exemplo, o seguinte: uma turma sobrelotada, onde a maioria tem cadastro policial, onde não existe disciplina e onde partem cadeiras nas costas dos professores, onde os pais pura e simplesmente não querem saber do seu papel de educadores. Multipliquem por muitas. E temos uma parcela dessa realidade. Ou alunas que rogam pragas aos professores e lhes dizem, tomara que fique cheia de cancros.
Digam-me, honestamente…a juntar a isto a interminável burocracia, reuniões com colegas e pais, formações adicionais, preparar as aulas com o nenhum tempo que sobra…como se quer que uma pessoa -porque é uma pessoa, não uma máquina multi-usos- aguente mais do que um ano numa sala de aula com uma atitude nobre e empenhada em ajudar?…
Ps – não sou professora, não. Pior! 😀 ;p
Ps2 – sim, o meu idealismo começa a ir pelo cano abaixo.´
Ps3 – já passei este documentário uma vez ahahahahah; congratulem-se por saber que a maioria identificou as parvoices e recusou-se terminantemente a acreditar nelas. E ainda serviu para passar uma mensagem quanto à quantica; e essa parte, ficou! E ainda acharam e aprenderam o que são as charlatanices quanticas…enfim, a maioria. A experiencia correu bem, pelo tipo de turma que era, mas não o volto a usar… puf. 😛 senão, vocês batem-me… 😀
Carlos, Pedro…calma páaaas! Estão do mesmo lado e procuram o mesmo! 🙂
O perigo é quando os pseudos estão a ensinar nas escolas. Algo assim começa a ocorrer no Brasil. Talvez valha a pena ler esse excelente artigo do físico Marcelo Gleiser:
http://marcelogleiser.blogspot.com/2011/02/defendendo-ciencia.html
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É livre de pensar o que quiser, e tomar as filosofias que achar melhor.
Eu faço o mesmo.
E sei pela minha experiência o que tem tido mais resultados positivos.
Além de que basta estudar as diferentes formas de acção que foram testadas aqui nos EUA nos últimos 50 anos, para perceber que quando os cientistas ditaram como se deveria fazer (com o objectivo lunar), o que se viu foi uma atitude muito mais “in your face”, mais “de ataque”. Isso (e não só) levou a um período áureo de pessoas interessadas em assuntos científicos.
Quando voltaram os “pezinhos de lã”, porque é preciso ter cuidado com a “forma” como se fala para as pessoas, por isso (e não só) vê-se praticamente 50% dos americanos a acreditar no Criacionismo, vê-se vários cursos Reiki, vê-se a Homeopatia a ser bastante acreditada pela população, etc, etc, etc…
Como digo, esta é a minha percepção, baseado nas conferências a que assisto, nos livros que leio, e nas aulas que assisti.
Mas como eu também disse, não pretendo com que outros façam o mesmo.
Cada qual que faça o que achar melhor.
Bom, isto está a tornar-se uma conversa de surdos. O problema não é o que diz, mas como diz.
Se o seu interesse é pregar ao coro, força. Se o seu interesse é levar os fence sitters a terem uma visão mais racional sobre esta patranha deste documentário, parece-me que o seu método não é o mais adequado.
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Continuo sem perceber onde vê a arrogância.
A não ser que dar uma nota negativa a um aluno seja arrogância dos professores, que têm o descaramento de avaliar o que os alunos dizem.
“E há pessoas que caem que nem patos nessas mentiras!”
Esta é uma frase popular que se aplica perfeitamente aqui. Não tem nada a ver com arrogancia.
“Os idiotas aceitam tudo que lhes é dito, mesmo vindo de não-especialistas que não sabem o que dizem!”
Esta é a verdade objectiva. Desde quando afirmar o óbvio é ser arrogante?
Como lhe disse, não ponho floreados… sou directo.
“Com isso promovem a imbecilidade das pessoas”
Esta é a verdade. As mentiras dos pseudos promovem a imbecilidade das pessoas. Não educam, deseducam.
“o que leva essas pessoas a acreditarem mais no que lhes é dito!”
Obviamente que se as pessoas sabem cada vez menos pensar, então obviamente vão cair cada vez mais nas patranhas dos pseudos.
Ou seja, mais uma frase totalmente correcta, sem qualquer ponta de arrogância.
Se eu disser que 2 + 2 = 4, estarei a ser correcto ou arrogante?
“Ah, o “já converti alguns” com a técnica X ou o “já converti alguns” com a técnica Y é anecdote. Logo…”
Como eu disse, é a minha experiência. E como tal, faço o que a minha experiência me diz.
Nunca tentei impôr essa minha experiência e atitudes noutros. Faço para mim, o que funciona comigo.
“Acusações aos tipos do documentário, que por acaso são acusações reais, mas que só se pode saber lendo noutros sítios.”
“Não se limita a mandar um par de bocas que afasta o pessoal da vedação.”
Quem quer ter mais conhecimento, clica nos links que está lá a informação toda. Quem não quer, não clica.
Cada qual que faça o que quiser.
Não tenho por costume obrigar alguém a fazer o que não quer.
Ah, uma coisa importante que me esqueci – é praticamente impossível trazer um woo para o lado da razão. Não é desses que falo; falo dos “fence sitters”, os que nem estão cá nem lá. É para esses, creio eu, que devemos falar e a quem devemos tentar chegar, senão, como dizia o Marco Filipe, estamos a pregar para o coro.
Compreendo agora o que dizia em relação a um argumento pseudo. Tinha percebido mal. (Contudo, foi o exemplo que deu, e não as maiúsculas, que me aclararam – afinal de contas, maiúsculas também é argumento pseudo!).
Seja como for, a arrogância vejo-a nas seguintes frases:
“Os idiotas aceitam tudo que lhes é dito, mesmo vindo de não-especialistas que não sabem o que dizem!”
“E há pessoas que caem que nem patos nessas mentiras!”
“Com isso promovem a imbecilidade das pessoas, o que leva essas pessoas a acreditarem mais no que lhes é dito!”
Com estas frases, sobretudo com as duas primeiras e a 2ª parte da última, que consegue o Carlos? Antagonizar aqueles que, não sendo woo, viram o documentário, ficaram curiosos mas suspeitaram que alguma coisa ali era meio “fishy” e foram investigar. Chegam a este site e que vêm? Essas frases.
Que mais vêm? Acusações aos tipos do documentário, que por acaso são acusações reais, mas que só se pode saber lendo noutros sítios.
E não é só a questão, ou não é principalmente a questão, de ser ou não um “dick”, como o Phil Plait fala. O PZ Myers é *corrosivo* no que escreve, é “no holds barrel”, entra a matar e dizima tudo, mas *sempre* com factos e dados (ao ponto de ser exaustivo). Quando não o faz directamente, aponta para outros textos que escreveu antes sobre o assunto. Não se limita a mandar um par de bocas que afasta o pessoal da vedação.
Ah, o “já converti alguns” com a técnica X ou o “já converti alguns” com a técnica Y é anecdote. Logo…
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Há alguns estudos que afirmam que não consegues “converter” ninguém.
Não lhes consegues mudar as crenças.
Curiosamente em várias discussões com criacionistas, em que era brando porque estava a trabalhar para o Centro de Ciência de Baltimore, percebi mesmo isso.
Tinhamos vários criacionistas a visitar o centro, e saíam de lá sempre com as mesmas crenças com que entraram.
Aqui no Texas, mais “liberto em termos profissionais”, usei uma táctica mais agressiva.
E curiosamente já converti alguns! E afastei muitos também, claro.
Por isso, parece-me evidente, tendo em conta esta minha experiência, que uma táctica tem poucos resultados positivos, e a outra táctica não tinha nenhuns.
Daí que não me é dificil escolher qual a que deverei usar.
Se houver uma 3ª alternativa que tenha mais sucesso, estou aberto a ideias, obviamente.
Até lá, utilizo a que sei que tem algumas hipoteses de sucesso.
Ora aí está uma discussão interessante. Será que os cépticos só andam a pregar aos convertidos? Será que devíamos todos seguir o conselho do astrónomo Phil Plait e “don’t be a dick”? E será que existem crenças em que o movimento céptico não deve tocar por risco de afastar algumas pessoas (tipo religião)?
Podia escrever aqui um grande comentário, mas acho que fiquei inspirado para escrever um post sobre o assunto 😉
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Pedro,
Eu disse que ESSA característica foi pseudo.
(tenho que colocar a letra grande, porque pelos vistos em minúsculas não leu)
Todos caímos por vezes nas malhas dos argumentos pseudo.
Newton, considerado um dos maiores cientistas de sempre, tinha várias facetas pseudo.
Isso não faz dele pseudo. Mas algumas das coisas que ele acreditava, eram.
Da mesma forma, eu concordo em 99.9999% do tempo com Carl Sagan, mas ele, em termos de SETI, utiliza argumentos pseudo. Ou seja, nessa característica, era pseudo.
Só por concordar com ele no resto, sou obrigado a não avaliar correctamente essa característica? Claro que não, muito pelo contrário até.
Tem razão, não se chama marvin – Marvin é o nome do servidor, imagino, que manda os emails a dizer que existem novos comentários, que tonto fui!
Carlos, calma. A arrogância não está em afirmar o óbvio, está no tom como se afirma o óbvio. Além disso parece-me muito triste que me apelide de “pseudo”, por discordar num pormenor mínimo, isto é, no tom que usa, por motivos estratégicos. Se coloca esta barreira a um tipo que concorda com 99,9999% do que diz, e discorda apenas do modo como o está a dizer, então que fará com os que estão na vedação, cospe-lhes na cara?
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Eu não me chamo Marvin…
“No final, temos duas opiniões, e sem dados concretos não saberemos quem está certo ou errado em relação a este tema; continuar a discussão seria inútil. Por outro lado, é a meu ver importante que tenhamos, nós, céticos, a capacidade de falar sobre estas coisas e a auto-disciplina necessária para ver onde erramos, se erramos.”
<--- concordo. Fico à espera dessa reflexão.
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Eu não sei onde raio vê a arrogância.
Mas essa é também uma característica pseudo – apelida-se os cientistas de arrogantes só por eles afirmarem o óbvio!
Enfim…
Quanto ao chamar estúpidos, é simples e já o tenho explicado por várias vezes neste blog.
Para mim, ser estúpido é ser iliterado funcional. Ou seja, a pessoa não saber avaliar a informação e cair nas esparrelas.
Todos somos estúpidos em algum momento da vida.
Não percebo onde está o problema em ser directo!
Marvin, eu não digo que acho bem que os jornalistas façam isso; aliás, se é para dizer mal dos media sou o primeiro na fila, até porque foi isso que estudei na universidade.
No final, temos duas opiniões, e sem dados concretos não saberemos quem está certo ou errado em relação a este tema; continuar a discussão seria inútil.
Por outro lado, é a meu ver importante que tenhamos, nós, céticos, a capacidade de falar sobre estas coisas e a auto-disciplina necessária para ver onde erramos, se erramos. Se assim não for, não seremos muito melhor que os woos…
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“se esse fosse o título, muita gente que está na vedação nem iria ler o artigo, pois acharia que é tendencioso.”
<--- pode-se argumentar em sentido contrário. Eu só vi a capa. Milhares de pessoas só vêem capas quando passam por quiosques, esperam pelo autocarro, etc. Certamente que muita mais gente vê a capa dos jornais/revistas do que aquelas que compram. Com essa capa, esses milhares de pessoas vão pensar: "aaahhhh ainda não se sabe então. Existe a dúvida. Por isso, fico com a minha opinião". Já na alternativa que dei, essas pessoas ficavam logo a saber que se sabe a resposta certa. E porventura algumas até compravam para saber os argumentos para chegarem a essa conclusão. "não podemos esperar que um orgão de comunicação social tenha no título a conclusão a que é suposto o leitor chegar por ele próprio." <--- ???? Não? Eu quando leio sobre o Tempo para amanhã, não quero ver títulos: Será que vai fazer chuva ou fazer Sol? Não, eu quero que me dêem a resposta. Se eu quero saber sobre saúde, se por exemplo o Sol provoca cancro de pele, eu não quero tirar as conclusões por mim; eu quero é que falem com os especialistas/médicos e que eles me dêem a informação correcta. Assim como em milhentos de outros assuntos que não domino, quero que os especialistas me digam as respostas, obviamente. Vender o mistério é que é um sinal dos pseudos. Quando há respostas concretas e prefere vender-se o mistério, isso é praticar as estratégias pseudo (veja-se o caso dos OVNIs).
sciencebasedmedicine.org…
Outra coisa – é uma falácia lógica dizer que escrever este artigo de outra maneira seria escrever ‘com floreados’. Uma pessoa não precisa de escrever ‘com floreados’, podendo ser directa, sem por isso chamar aqueles que caiem nas mentiras dos woo (as vítimas, não os praticantes de woo) de estúpidos.
Veja-se, por exemplo, os autores do blog Science Based Medicine – eles não usam floreados e são directos, sem serem arrogantes. ( http://www.sciencebasedmedicine.org/ )
Eu compreendo a ideia de ‘chamar os bois pelos nomes’. O Orac e o PZ Myers, por exemplo, são muito assim, e gosto muito de ler os blogs deles. Tem tudo a ver com estratégia, no entanto; este artigo, infelizmente, não me parece eficaz, é só.
Em relação ao artigo da Visão, claro que lhe dei os parabéns – a grande maioria dos artigos sobre pseudo-ciência e macacadas similares, nos media, são altamente tendenciosos e parciais para o lado do woo. Por fim, há um artigo que é justo e directo!
É verdade que o título “Homeoapatia é pura fraude!” seria mais realista, mas não podemos esperar que um orgão de comunicação social tenha no título a conclusão a que é suposto o leitor chegar por ele próprio. Isso é ser tendencioso, e apesar dos media o serem, pelo menos têm que fingir que o não são. Além disso, se esse fosse o título, muita gente que está na vedação nem iria ler o artigo, pois acharia que é tendencioso. Voltamos à mesma questão, estratégia.
Author
O tom não é arrogante; é directo.
Como se diz em português, eu “chamo os bois pelos nomes”.
Nunca gostei dos “floreados”.
Por exemplo, o Pedro deu os parabéns à Visão por na sua capa ter colocado o título: “Homeopatia, cura ou fraude?”
Eu daria os parabéns se o título fosse: “Homeopatia é pura fraude!”
(já que não gosta de letras maiúsculas, vai a negrito. O objectivo não é gritar, mas sim “emphacize”; tal como se faz no discurso oral)
São formas diferentes de ver as coisas.
Uns ficam contentes com a pergunta; eu fico contente por saber as respostas.
abraço!
Carlos,
O meu tempo livre é grande o suficiente para ter ido ler, a seguir, vários dos links que apresenta. Só ignorei o do “skeptico” pois ele na verdade é um woo disfarçado de cético.
A questão é antes
Será que alguém que está na vedação, isto é alguém que nem é cético nem é woo vai ter uma opinião concreta (e de preferência, correcta) em relação a este documentário, com este artigo?
Parece-me que não. O tom arrogante terá sabido muito bem, ao escrever, mas não vai trazer ninguém que está na vedação para o nosso lado. Falhou, nesse aspecto.
Se o artigo fosse feito noutro tom e explicasse, em 2 ou 3 parágrafos, os principais problemas deste pseudo-documentário, as pessoas que estão na vedação teriam clicado num par de links.
Ah, e não é necessário GRITAR para fazer passar a sua resposta. Eu leio perfeitamente em minúsculas. Aliás, os gritos costumam ser típicos de woo, não da gente.
Author
Pedro,
O tempo que gastou a dizer que não viu exemplos detalhados, deveria ter sido aproveitado para clicar nos links que lhe são facultados.
No post tem a dizer:
“Podem ler críticas detalhadas a este documentário”
Ou seja, eu NÃO VOU REPETIR algo que está perfeitamente explicado nesses links.
Mais, pus a Negrito aqueles artigos que considerei mais importantes/detalhados/exemplificativos.
Os dois primeiros links, por exemplo, têm TOTALMENTE aquilo que diz não saber.
“Ah, e como é óbvio, não vai clicar em nenhuma das críticas detalhadas que são linkadas porque vai achar que serão todas parciais.”
<--- se não vai clicar, então era indiferente eu as colocar no post, porque também não iria querer saber. Esse argumento não funciona. abraço!
Este artigo parece-me que peca por duas razões:
a) Não explica o que está errado com este documentário da treta com exemplos detalhados; já me tinham dito que era uma treta, mas continuo, só lendo este artigo, a não saber exactamente porque é uma treta.
b) Frases como “E as pessoas são levadas!
Aliás, todos os pseudos usam esta técnica! E há pessoas que caem que nem patos nessas mentiras!” e “Com isso promovem a imbecilidade das pessoas, o que leva essas pessoas a acreditarem mais no que lhes é dito!” não ajudam, pois se alguém viu o documentário e acreditou nas mentiras que para ali foram ditas, vai tomar isto como um ataque pessoal, e vai virar costas e acreditar ainda mais no que lá se diz. Ah, e como é óbvio, não vai clicar em nenhuma das críticas detalhadas que são linkadas porque vai achar que serão todas parciais.
É uma pena, mas com artigos assim não vamos lá 🙁