Jovem mas surpreendentemente crescido!
Os astrónomos utilizaram um arsenal de telescópios, tanto no solo como no espaço, incluindo o Very Large Telescope instalado no Observatório do Paranal do ESO, no Chile, para descobrir e medir a distância ao enxame de galáxias mais distante mas mais evoluído encontrado até agora.
Embora este enxame se observe quando o Universo tinha menos de um quarto da sua idade atual, o objeto assemelha-me de forma surpreendente aos enxames de galáxias do Universo atual.
“Medimos a distância ao enxame de galáxias mais distante mas mais evoluído alguma vez encontrado”, diz Raphael Gobat (CEA, Paris), autor principal do estudo que utilizou as observações do VLT do ESO.
“O surpreendente é que quando o observamos mais detalhadamente, este enxame de galáxias não parece ser jovem – muitas das galáxias já evoluíram e não parecem ser galáxias com formação estelar intensa como as que se observam tipicamente no Universo primitivo.”
Os enxames de galáxias são as maiores estruturas do Universo que se mantêm coesas devido à força da gravidade.
Os astrónomos pensam que estes enxames crescem ao longo do tempo e por isso os enxames de maior massa deverão ser raros no Universo primitivo.
Embora enxames mais distantes tenham sido observados, todos eles parecem ser objetos jovens em processo de formação e não sistemas já evoluídos.
(…) Os resultados mostraram que estamos efetivamente a observar um enxame de galáxias tal como era quando o Universo tinha cerca de três mil milhões de anos – menos de um quarto da sua idade atual.
Uma vez determinada a distância a este objeto raro, a equipa observou cuidadosamente as galáxias componentes, utilizando tanto o Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA como telescópios no solo, incluindo o VLT.
Foram encontradas evidências que sugerem que a maioria das galáxias do enxame não estão a formar estrelas, mas são compostas por estrelas que têm já mil milhões de anos de idade, o que faz deste enxame um objeto evoluído, semelhante em massa ao Enxame da Virgem, o enxame de galáxias rico mais próximo da Via Láctea.
Outra evidência que mostra que este é um enxame evoluído chega-nos de observações de raios X feitas com o observatório espacial da ESA XMM-Newton.
O enxame emite raios X que devem estar a vir de uma nuvem muito quente de gás ténue que enche o espaço entre as galáxias e está concentrada na direção do centro do enxame.
Este é outro sinal dum enxame de galáxias evoluído, que se mantém firmemente coeso pela sua própria gravidade, o que não acontece com enxames muito jovens que ainda não tiveram tempo de prender o gás quente deste modo.
Como Gobar conclui: “Estes novos resultados apoiam a ideia de que enxames evoluídos existiam quando o Universo tinha menos de um quarto da sua idade atual. Segundo as teorias atuais, tais enxames devem ser muito raros e nós tivemos muita sorte em encontrar um. Mas se observações futuras mostrarem que existem muitos mais, então isso querer dizer que precisaremos de rever o nosso conhecimento sobre o Universo primitivo.”
Leiam todo o artigo, na página do ESO.
2 comentários
Eu gostaria de saber se vocês já encontraram a resposta para este enigma. Se não estou enganado, este é apenas um de vários casos, não é? Teria como alguém me dizer qual são as possíveis respostas para esses acontecimentos? Um forte abraço! (Vim aqui por sugestão do Jonathan AstroPT).
Author
Eu não sou cosmólogo (especialista em enxames distantes), mas por tudo o que li, a resposta direta à sua pergunta é: não, ainda não se sabe a resposta a este mistério.
O Universo é muito grande, e as respostas vêm gradualmente 🙂
Este enxame tem sido estudado nos últimos anos, mas vai-se estudando uma coisa ali, outra acolá, mas ainda não se tem a resposta geral ao que perguntou.
Exemplos de investigações nos últimos 2 anos a este enxame:
http://sro.sussex.ac.uk/id/eprint/86015/
https://www.cambridge.org/core/journals/proceedings-of-the-international-astronomical-union/article/environmental-effect-on-galaxy-evolution-cl-j1449-0856-at-z-199/EC36BE146D9D6FA7C918F78D44B31559
https://phys.org/news/2021-03-astronomers-faint-radio-jets-galaxy-cluster.html
abraço!