Uma equipa de astrónomos liderada por Mukremin Kilic, do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, anunciou a descoberta de um sistema binário composto por duas anãs brancas com um período orbital recorde de uns incríveis 39 minutos. Designado por SDSS J010657.39-100003.3 (o número de catálogo do Sloan Digital Sky Survey), o novo sistema binário está situado a 7800 anos-luz na direcção da constelação da Baleia. Este tipo de sistema é extremamente raro mas importante pois pode dar origem a uma supernova de tipo Ia.
As anãs brancas movem-se a 1.5 milhões de quilómetros por hora em torno de um centro de gravidade comum e distam uma da outra uns meros 210 mil quilómetros. Este movimento orbital frenético num campo gravitacional intenso provoca a lenta dissipação de energia orbital sob a forma de ondas gravitacionais, uma previsão da Teoria da Relatividade Geral demonstrada de forma espectacular com observações de sistemas binários formados por pulsares. A perda de energia orbital faz com que as estrelas se aproximem inexoravelmente até que, neste caso ao fim de cerca de 37 milhões de anos, acabam por colidir.
De acordo com a teoria, a colisão de duas anãs brancas resultará numa supernova de tipo Ia (que consiste na explosão termonuclear de uma anã branca que inicia a fusão explosiva do carbono), desde que a massa da estrela resultante da colisão atinja um valor crítico. Este não parece ser o caso do SDSS J010657.39-100003.3 uma vez que as massas individuais das estrelas, 17% e 43% da massa do Sol, são manifestamente insuficientes. Neste cenário a teoria prevê que a estrela resultante da colisão tenha no entanto uma massa suficiente para iniciar a fusão do hélio no seu núcleo, pelo que da colisão destas duas anãs brancas nascerá uma estrela que voltará a brilhar com luz sustentada pela sua fornalha nuclear.
O SDSS J010657.39-100003.3 foi descoberto no decorrer de um programa levado a cabo no observatório MMT (antigo Multiple-Mirror Telescope) no Arizona, que produziu já uma dúzia de sistemas binários compostos por anãs brancas previamente desconhecidos.
Podem ler a notícia em inglês aqui.
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