Os reactores nucleares são a solução para muitos doentes que necessitam de radiofármacos.
Em 2009 ocorreu uma crise mundial de um elemento crucial no fabrico de radiofármacos: o Mlibdénio-99 (99Mo). Nesse ano, a 14 de Maio, o Canadá, responsável pelo fornecimento de 40% deste elemento cortou as actividades devido a um acidente. Assim, com esta falta, os hospitais diminuiram o numero de exames baseado no 99Mo, a cintilografia óssea, e passaram a usar ressonância para detectar tumores. “A cintilografia revela se há metástase três ou quatro meses antes da ressonância e da tomografia porque primeiro o osso tem alteração de função e, depois, da forma, e a tomografia só vê a forma” (Fátima Bernardes). Outra opção seria usar Tálio e Gálio só que são mais caros, mais demorados e as imagens são menos nítidas.
O 99Mo é usado em cerca de 80% dos exames na medicina nuclear, a cintilografia é um dos principais exames e permite rastrear a presença de tumores em tecidos e orgãos.
Uma solução que o Brasil encontrou para ajudar os seus 2 milhões de pessoas necessitadas desta técnica foi a de se tornar autossuficiente em 99Mo. O Brasil está preparado para iniciar a construção do Reactor Multipropósito Brasileiro (RMB), no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) para a autossuficiência de radiofármacos
Se no Brasil há 2 milhões de pessoas que necessitam desta técnica, no mundo há 40 milhões que necessitam deste radiofármaco e, consequentemente, reactores nucleares.
3 comentários
Cristiano, referes e bem algo a que se chama de “dilema”. Ou seja, a escolha trará sempre o bem de alguém e o mal de outros, independentemente da escolha. A ciência encontrou forma de ajudar 40 milhões de pessoas com uma tecnologia. E ainda bem que o faz.
O facto de se experimentar primeiramente em humanos não é ciência. É má prática e não é feito em ciência certificada nem acreditada.
Olá,
O que eu retirei do texto é que não se deve ser 100% apoiante de uma ideia, ou 100% contra algo (diabolizando a coisa), porque existe uma multidisciplinaridade que faz com as respostas sejam mais complexas do que há 1ª vista parecem…
😉
Algo supostamente conhecido como “mau”, pode ter vantagens na nossa vida que nem nos damos conta 😉
Também achamos que armas são a solução para muitos casos, como no combate ao crime, para fazer a segurança em certos lugares e para ganhar guerras ditas necessárias.
O mesmo pode se dizer de pena de morte – quantos aqui não gostariam de ver essa “solução” aplicada no caso como o do matador daquele massacre da escola? Ah, desculpe, esqueci que ele se matou… Ou, dito de outra maneira, aplicou a “solução” ele mesmo.
Reatores nucleares podem ser a nossa única opção/solução para certos casos. Tal como as armas e pena de morte. Até para armas nucleares, tem quem lhes dê uma boa aplicação. Se assim não o fosse, não existiriam.
E tal como as armas nucleares, os reatores também podem ser o maior dos nossos problemas.
Você é a favor de armas (nucleares ou não)? Você é a favor de reatores nucleares? Você é a favor da pena de morte? A sua resposta pode valer tanto pra uma quanto paras as outras questões.
Nós temos que ter reatores e armas nucleares (e outros, pena de morte). Quer gostemos disso ou não. Tem que ser assim e vai ser assim, pelo menos por enquanto. Não porque são a melhor opção, mas porque não achamos uma opção melhor, ou as que achamos ainda não podemos por em prática.
O fato é que o homem usa o que pode usar. Todo o poder que obtém, ele usa, mais cedo ou mais tarde (mas geralmente, é mais cedo). E ele sempre justifica isso dizendo que é necessário. E sempre o é. Sempre.
É como aquela história da caixa de Pandora. Uma hora alguém a abre… É inevitável (não é mesmo, agente Smith?).
Primeiro fabricamos uma bebida, e depois que todo mundo bebe (porque é necessário), descobrimos que era veneno. Típico dos humanos… Não é, Smith?
Essa nossa atitude, bem humana, de primeiro aplicarmos às pressas o que acabamos de inventar, para depois analisarmos (bem analisado) o que fizemos, pode explicar porque estamos à beira da sexta extinção.
E se todos “lá fora” têm essa mesma atitude, isso dá uma boa solução para o paradoxo de Fermi. Corrigindo: A melhor de todas, pois,…
… é inevitável.