Planeta em Órbita de Hamal

(crédito: wikipédia)

Uma equipa de astrónomos coreanos (e um ucraniano) publicou dia 19, na revista Astronomy & Astrophysics, um artigo em que anuncia a descoberta de um planeta em torno de Hamal, a estrela alfa da constelação do Carneiro (Aries). As observações que suportam a descoberta foram realizadas de Novembro de 2003 até Fevereiro de 2010, como parte de um programa que estuda variações na velocidade radial de 55 gigantes de tipo espectral K, levado a cabo no Bohyunsan Optical Astronomy Observatory (BOAO), na Coreia do Sul. Estas estrelas foram anãs de tipo espectral A na sequência principal que entretanto evoluíram para a a fase de gigante quando a fusão do hidrogénio no seu núcleo parou. A detecção de planetas pelo método da velocidade radial em anãs de tipo espectral A é muito difícil pois as linhas espectrais destas estrelas são frequentemente alargadas devido à sua rotação rápida. Assim, para detectar planetas em torno destas estrelas, os astrónomos observam estrelas com massa semelhante numa fase posterior da sua evolução, a fase de gigante, em que os seus espectros são mais estáveis e apresentam grande número de linhas espectrais finas. Podem ler mais sobre esta técnica aqui.

Hamal é uma gigante de tipo espectral K2, 1.5 vezes mais maciça e 13.9 vezes maior que o Sol. Está a uma distância de 66 anos-luz. Por seu lado, o planeta, pelo menos 1.8 vezes mais maciço que Júpiter, orbita Hamal com um período de 381 dias numa órbita com a elevada excentricidade de 0.25.

A detecção de planetas em torno de estrelas gigantes é complicada pelo facto de estas exibirem também pulsações periódicas que podem causar variações na velocidade radial. No entanto, há um conjunto de testes baseados na análise do espectro e na variação ao longo do tempo do brilho da estrela que permitem distinguir se as variações são devidas a pulsações ou a um planeta. Os autores fizeram esta análise exaustiva e concluíram que a única explicação plausível para as observações é dada pela existência do planeta.

Hamal junta-se assim a outras estrelas gigantes conspícuas, e.g. Pollux (beta Geminorum) e Edasich (iota Draconis), que são acompanhadas por planetas.