Astrónomos Tiram Medidas a Cygnus X-1


(Um sistema binário como o Cygnus X-1, com um buraco negro que se “alimenta” do gás proveniente de uma estrela muito maciça e luminosa. Crédito: ESO/L. Calçada/M.Kornmesser.)

Cygnus X-1 é um sistema binário situado na constelação do Cisne. Como o nome implica é uma fonte intensa de raios X (e também de ondas de rádio) e uma das componentes do sistema é, muito provavelmente, um buraco negro. Apesar da importância astrofísica deste sistema, até agora a sua distância e as dimensões das componentes não tinham sido medidas com precisão.

Agora, uma equipa de astrónomos liderada por Jerome Orosz (San Diego State University), um dos responsáveis pela descoberta do fantástico sistema binário M33 X-7, disponibilizou um artigo em que refina a distância de Cygnus X-1 para 1.86 kilo-parsecs, cerca de 6000 anos-luz. A distância foi obtida pelo método do paralaxe. Orosz e os colegas observaram o sistema com o Very Long Baseline Array (VLBA), um conjunto de radio-telescópios distribuídos desde o Hawaii até às Ilhas Virgens americanas (nas Caraíbas), que são usados como um único radiotelescópio com um diâmetro de milhares de quilómetros. Esta técnica designa-se por Very Long Baseline Interferometry (VLBI) e permite a determinação da posição de fontes de ondas de rádio com uma precisão extrema, na ordem dos mili-segundos de arco.


(A distribuição geográfica dos rádiotelescópios que constituem o VLBA. Crédito: NRAO/AUI/NSF.)

Cygnus X-1 foi observada, juntamente com outras duas fontes de rádio muito mais distantes, em cinco ocasiões ao longo de um ano, aproveitando o movimento orbital da Terra. O descolamento angular aparente do sistema relativamente às fontes de referência mais distantes, o paralaxe, foi medido e a distância correspondente de 1.86 kilo-parsecs calculada, com um erro máximo de 6%. Este valor preciso permitiu a modelação das características físicas do sistema num outro artigo que inclui membros da equipa original. Em particular, foi possível calcular que a componente visível do sistema, uma estrela de tipo espectral O, é cerca de 200 mil vezes mais luminosa que o Sol. Foi também medida a inclinação do sistema relativamente à Terra, 27 graus, que, combinada com medições da velocidade radial, permitiu por sua vez calcular as massas da estrela visível e do buraco negro: 19.1 e 14.8 vezes a massa do Sol, respectivamente.

Os artigos referidos estão aqui e aqui.

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