O Olho Gigante da Gaia

A missão Gaia, em preparação pela ESA, será talvez uma das mais importantes de sempre para a astrofísica, uma vez que permitirá medir com extrema precisão a posição, a distância, o movimento próprio, o espectro e o brilho de mil milhões de estrelas. Por exemplo, será possível determinar a distância das estrelas mais próximas com uma precisão de 0.001% e mesmo para estrelas na região do núcleo da Galáxia, a 30 mil anos-luz, será possível obter uma precisão de 20% na distância. Com efeito trata-se de uma espécie de censo estelar que irá abranger quase 1% das estrelas da nossa Galáxia !

A Gaia deverá ser lançada para o espaço em 2013. Entretanto decorre a produção e montagem da estrutura e instrumentos que compõem o observatório. No passado mês de Junho foi atingido um objectivo importante com a montagem da sua câmara CCD gigante.


(Técnicos da Astrium France montam, um a um, os 106 sensores que compõem a câmara da Gaia. Crédito: Astrium)

A câmara foi montada por técnicos nas instalações da empresa Astrium France, contratada pela ESA, em Toulouse. Com cerca de mil milhões de píxeis, é a maior câmara CCD alguma vez concebida e construída para um observatório espacial. Não se trata, no entanto, de um sensor único. A câmara foi construída a partir de 106 sensores CCD individuais, com uma dimensão de 4.7cm x 6cm e uma superfície colectora mais fina que um cabelo, produzidos pela companhia inglesa E2V Technologies, formando um mosaico de 0.5m x 1.0m. Os sensores são montados sobre uma plataforma de carboneto de silício (SiC), um material com propriedades mecânicas e térmicas notáveis. O espaçamento entre os sensores individuais é de 1mm e o seu alinhamento tem de ser absolutamente perfeito. Dos 106 sensores, 102 serão utilizados para realizar observações, sendo os restantes 4 utilizados para fazer verificações constantes do alinhamento entre os dois espelhos do sistema óptico. No espaço, a câmara funcionará a uma temperatura de -110 Celsius para aumentar a sua sensibilidade (diminuir o ruído).


(Os 106 sensores montados na plataforma de carboneto de silício. Crédito: Astrium)

O vídeo seguinte mostra o sistema óptico do observatório. A caixa no fim do percurso do feixe de luz simulado (a azul) contém o plano focal do sistema óptico, onde ficará instalada a câmara CCD.

(Crédito: ESA)

Podem ver a localização da câmara também na figura seguinte.


(Crédito: ESA)

A notícia original, no sítio da ESA, está aqui.

5 comentários

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    • Carlos Eduardo Santos on 08/07/2011 at 17:52
    • Responder

    E o fato das ondas magneticas q o sol libera com algumas explosões? Não pode danificar o equipamento???

    • Carlos Eduardo Santos on 08/07/2011 at 15:55
    • Responder

    Eu fico confuso com o fato destes equipamentos lançados no universo, não serem atingidos por algum objeto.

    1. Existe essa possibilidade, claro. No entanto, a densidade de material no espaço não é assim tão elevada que faça com que a probabilidade da Gaia colidir com um corpo de dimensão suficiente para causar danos seja significativa.

        • Carlos Eduardo Santos on 08/07/2011 at 16:36

        Bem, pelo pouco que li, alguns corpos no universo navegam a uma velocidade muito alta, mesmo que seja pequeno, mas pela velocidade pode danificar a Gaia.
        E como este objeto é direcionado a uma parte X do universo??? Simplesmente soltam ele no universo?

      1. Olá Carlos,

        a Gaia vai ficar a 1.5 milhões de km da Terra, em órbita do Sol, num ponto chamado de Lagrange. Nestes pontos (há 5) a gravidade da Terra e do Sol são tais que a Gaia pode estacionar aí permanentemente, sem ter de gastar combustível para manter essa órbita e sem a Terra a tapar parte substancial do céu. Há vários outros observatórios colocados nesta posição.

        É certo que a altas velocidades, mesmo pequenos corpos causam grandes danos. No entanto estamos a falar de uma probabilidade ínfima de tal acontecer.

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