Unificação Profunda?

Tudo o que existe pode ser traduzido numa única equação ou terão de ser várias?

Durante muito tempo tentou-se, e ainda hoje se tenta, chegar a um conjunto de leis fundamentais que traduza a realidade. As últimas descobertas leva a crer que não será uma mas sim um conjunto de teorias que se ligam. Cada teoria descreve uma visão própria da realidade. A realidade é independente do observador, logo nenhum de nós tem acesso a toda a realidade mas sim a uma fatia percepcionada pelo próprio de acordo com o seu ponto de vista.

O mundo independente do ponto de vista do observador chama-se realismo e o mundo dependente dos pontos de vista tem o nova de idealismo. Segundo o idealismo, o mundo é construído pela mente humana ao usar os dados sensoriais da realidade que precepciona. A física newtoniana está em harmonia com o nosso senso comum. No entanto, os electrões e fotões têm comportamentos que rivalizam com o senso comum. São as partículas governadas pelas leis da teoria quântica.

No mundo quântico as partículas não têm nem posições nem velocidades definidas. Estes componentes são apenas eventos probabilísticos.

Actualmente existem vários modelos da realidade mas não quer dizer que apenas um esteja correcto. Se, pelo menos, dois estiverem correctos, nenhum será considerado mais real que o outro.

Uma equação capaz de traduzir a Natureza, para Stephen Hawking é impossível. A hipótese seria considerar não uma única equação mas, sim, várias.

Há dezenas de anos que os físicos tentam unir as forças numa única estrutura e que traga a gravidado para o domínio da quântica. Desde 1970 que existe uma teoria que pode ser capaz de o fazer – a teoria das cordas. Contudo os físicos depararam-se com o aparecimento de 5 teorias das cordas. A meio da década de 90 descobriu-se que essas cinco teorias mais a supergravidade descreviam, afinal, os mesmos fenómenos, só com pontos de vista diferentes. Como são pontos de vista diferentes do mesmo mundo é provável que haja algo profundo que una as 6 teorias. De facto estão relacionadas por dualidades.

Fonte SCIAM

23 comentários

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  1. E quem diz que tudo não são fórmulas matemárticas num universo unidimensional? O nosso cérebro pode perceber esse universo e torná-lo 3D e com imagens e cores.

    Podemos definir um objecto a caír, um grave, só com expressões. O volume do objecto através de integrais triplos e as forças com as fórmulas físicas. Depois é só desenvolver.

    Tanto assim é que podemos fazê-lo em computadores e estes usam linguagem matemática na formulação desse cenário, e de todos os outros. O Universo pode ser um supercomputador.

    1. E tanto que nas aplicações bioinformáticas, modelação ambiental, modelação molecular, docking, entre muitos, muitos, muitos outros, explicam-se comportamentos típicos da vida, da matéria e do universo através de linguagem binária 😀

      1. Ainda a propósito de se usar o in silico (computadores, que são máquinas lógico-matemáticas) para estudar e descrever a Natureza e, mais concretamente, os sistemas biológicos: http://www.scientificamerican.com/blog/post.cfm?id=using-computers-to-model-the-heart-2011-07-09&WT.mc_id=SA_facebook

        Especial atenção para:

        *” When studying a mathematical proxy of a living system, the perturbations that you make will only directly have an impact on the components that you want.”

        A revista scientific american acrescenta a frase “Mathematical models are, by definition, simplifications of nature. How does one ensure that they are useful in research?”.

        Não concordo que sejam simplificações, mas sim, descrições. Claro que se o ponto de vista for que a matemática nos permite perceber os sistemas vivos de uma forma que, sem ela, não se conseguiria, aí já pode entrar o conceito de simplificação. Mas é, como tudo, uma questão de perspectiva e de semântica.

  2. “vista tem o nova de idealismo”

    acho que era nome em vez de nova.

  3. Caro Dário,

    parabéns pela escolha do artigo.

    Sugiro que leia uma critica de cada frase dêste artigo, feita por uma diferente cosmovisão. Para resumir, na critica se pergunta: “Qual a base racional para se acreditar que a construção teórica humana que explicará ”tudo o que existe” tem que ser equações matemáticas? Porque não, por exemplo uma antomia-fractal de um sistema matricial universal, como é o elemento DNA, unificador de todos os seres vivos?! A critica está em:

    http://theuniversalmatrix.com/pt-br/artigos/?p=1677

    E se me permite, acrescento uma resposta ao excelente comentário da Ana Guerreiro:

    Exatamente. Quando o todo não é apenas a soma de suas partes, existe um “sistema”. E existem alguns padrões, algumas formas, alguns mecanismos e processos naturais, assim como alguns comportamentos, que se repetem em todo lugar do Universo. Por exemplo, uma das ultimas novidades que deixou a comunidade astronomica de queixo caído é a fotografia de uma galáxia que tem a forma do DNA. Ora, o organograma de tôdas as espécies vivas revela que estas repetições ocorrem porque tôdas são derivações de um sistema-matriz.

    Durante sete anos observando a biosfera no Amazonas e considerando a ligação entre ela, nosso sistema solar e galáctico, fui notando que muitos padrões interessantes pareciam estarem em todo lugar, desde átomos a galaxias, passando pelos seres vivos. Tornava-se forte a hipótese de que haveria um elemento unificador entre todos os sistemas naturais, unindo o extremamente pequeno ao extremamente grande. Mas como poderíamos investigar se ele existe? Ora o velho método que deu origem à maioria das nossas ciências, a anatomia comparada. Não é o método de trocar objetos reais por simbolos matematicos e aplicar nos simbolos a lógica matematica para então remontar os objetos numa teoria. Era o caso de desenhar mesmo a face dos objetos, contendo todos os detalhes conhecidos e comparar os objetos lado a lado considerando a lógica das conhecidas leis e mecanismos e processos naturais.

    Disso tudo surgiu finalmente o esboço teórico de como será esse elemento unificador. Mas não é uma equação matematica e não tem como enquadra-lo numa equação. É o diagrama de um sistema funcional, vivo. O elemento unificador entre todos os seres vivos é o DNA. Mas o DNA se encaixa perfeitamente na figura do elemento unificador de tudo o que existe de conhecido até agora, de átomos a seres vivos a galaxias. Por isso, nessa sua nova grandeza universal, ele não pode mais ser apenas o DNA biológico e sim uma Matriz Universal.

    1. E quem nos diz que o DNA é a única forma orgãnica de transmitir informação, informação essa que explica a vida como nós a conhecemos?!

      1. Paulo, a vida como a conhecemos -exceptuando no caso dos vírus com RNA- usa o DNA para transmitir informação genética. Não usa outra molécula; mas, qd falamos em informação de uma forma mais geral, então, todas as moléculas e átomos e iões, desde as proteínas aos iões cálcio (2o messangeiro), potássio, sódio (correntes eléctricas do impulso nervoso) são transmissoras de informação que mantêm a vida como a conhecemos 😉

        • Paulo on 12/07/2011 at 23:04

        D. Ana, no corpo humano não existe corrente eléctrica como num metal ou num super condutor; no metal as cargas eléctricas empurram-se ao longo da estrutura (FILO), nos super condutores as cargas eléctricas movem-se aos pares ( se nâo estou errado), mas não sei se transferem posição ou viajam pela estrutura.
        No corpo humano os iões separam-se em meio liquido e movem-se no sentido do potencial eléctrico criado, transportando as cargas depois de captadas; penso eu de que….

      2. Por isso mesmo é que eu disse “corrente eléctrica do impulso nervoso”. Mas tem razão, exprimi-me mal, deveria ter dito impulso eléctrico ou potencial de acção, era mais correcto. No entanto, continua a ser um movimento orientado de cargas; e esta é a definição de corrente eléctrica ;). Logicamente q não é como num metal, isso já está implicito, dado q o corpo humano não é um metal ;D

        O impulso nervoso é de natureza electroquimica; qd se fala em iões já está implicito q se fala de electroquimica.

        Mas obrigada por me alertar de que as pessoas em geral poderão perceber mal 😉

        As cargas não são captadas, as cargas são os prórprios iões (átomos com carga, neste caso positiva, pois trata-se de iões sódio e potássio), que são permeados através das membranas dos neurónios através de proteínas transportadoras específicas para o efeito (bombas de sódio/potássio)

        Não está só em causa a ddp, tb está em causa o gradiente de concentração de iões. 😉

        • Paulo on 13/07/2011 at 11:23

        Não tem de agradecer, pois o que fiz não é para alertar, é só “conversar por escrito”. O que eu estranho é sendo a tendencia da “matéria” o estado menor de energia, os “iões” não captam nenhuma carga para se equlibrarem em meio “aquático”, mantém a configuração de “estabilidade” do último nivel de energia (Compromissos Atómicos), mesmo com défice em relação ao núcleo e zarpam pesadamente pelos tecidos.
        Devido a essa latencia somos Leeeennnntos! Eh, eh, estou só a renar e também a aprender!

        • Ana Guerreiro Pereira on 13/07/2011 at 16:27

        Paulo, 😉

        Os iões são átomos que perderam ou ganharam electrões, de forma a equilibrar melhor a última camada de valência. A tendência é para ter 8 electrões na última camada; se tiverem sete, a tendência é para captarem um electrão, de forma a ficarem com 8; se tiverem, por ex, 1, a tendência é para perder esse electrão. Um átomo que perde electrões passa a ter mais protões q electrões, daí que um átomo que perde electrões se torna num ião positivo (catião); já um átomo que ganha um electrão passa a ter mais electrões que protões, logo, torna-se num ião negativo (anião).

        (Recorde que o átomo é uma partícula neutra, na qual o número de cargas positivas -protões- é igual ao número de cargas negativas – electrões).

        Ora, há átomos que têm muita tendência para perder um electrão quando em solução aquosa (diz-se que estão em meio aquoso, não se diz aquático 😉 ), é a sua forma de se dissolverem na água. Na realidade o que acontece é uma interacção entre as moléculas de água e esse ião: as moléculas de água rodeiam o ião e diz-se que o solvatam 😉

        A água é uma molécula que se diz dipolar: tem uma carga parcial negativa junto ao átomo de oxigénio e uma carga parcial positiva junto aos átomos de hidrogénio. Diz-se que a água é um dipolo eléctrico e é esta uma das razões que está por trás do facto da água ser essencial à vida como a conhecemos. Não só isto lhe permite transportar cargas eléctricas, como os iões (os iões são transportados em esferas de solvatação, isto é, as moléculas de água orientam-se em redor do ião – se o ião for positivo terá os oxigénios da água orientados na sua direcção, por ex), que se dizem dissolvidos ou solvatados na água, como lhe dá a impressionante capacidade de formar as chamadas pontes de hidrogénio (ligações de hidrogénio), capacidade essa que explica várias propriedades da água e que é crucial para a estabilidade de moléculas como o DNA e as proteínas ;).

        O estado menos energético é o que tem 8 electrões na última camada de energia (regra que tem excepções, claro). Um átomo com um electrão na última camada perde-o muito facilmente, dizendo-se q é reactivo por isso mesmo. Fica em estado de menor energia se perder esse electrão. Ora, em meio aquoso estabelecem-se as “ligações de solvatação” (interacções de naturezas electrostática) entre o ião (neste exemplo que estou a dar, positivo), que estabilizam o ião. Temos assim, portanto, um estado de menor energia 😉

        A natureza é perfeita 😀 nós é que complicamos tudo ihihihih 😀

        Bem, estou de directa em cima, tenho de me ir cuidar… 😀

        • Paulo on 15/07/2011 at 15:41

        Grato pela explicação D. Ana.
        A informação das pontes de hidrogénio é deveras interessante. Isso explica o transporte dos “pesados iões” pelos tecidos. A palavra aquático tem aspas no texto acima…
        Ainda dei um pouco dessa história dos iões até ao 12º Ano.
        Eu também concordo consigo no aspecto de que “nós”, Homo Sapiens, complicamos um bocado sem intenção. A natureza, ao fim de tantos anos já deve ter encontrado o “caminho” mais eficiente para as suas “manobras”.
        Força, descanse bem…e
        Bem haja.

    2. Louis, mas o DNA é um agregado de átomos de carbono, hidrogénio, oxigénio, fósforo e azoto. E não é o elemento unificador de todos, todos os seres vivos, pois a considerar os vírus como seres vivos, há-os com RNA. Algures na evolução molecular, a informação poderá ter sido passada mediante moléculas de RNA. Parece-me mais correcto afirmar que o elemento unificador de todos os seres vivos é a célula, porque somente qd se fala em célula se pode falar em vida. O DNA, por si só, não é vida: é um “mero” (entre aspas) veículo de armazenamento e transferência de informação.

      O elemento comum a toda a matéria, é o átomo. E o elemento comum a quase tudo o que nos rodeia, que conheçamos, são as partículas sub atómicas ;). O mundo quântico é, pois, a base de tudo. E o mundo quântico pode ser descrito matematicamente. Até o DNA pode ser descrito matemáticamente, visto que tudo o que nos rodeia é composto de padrões e a matemática é a linguagem dos padrões.

      Não concordo que o DNA seja a matriz universal pela simples razão de que ele é a molécula da hereditariedade na Terra. Não sabemos como será noutros planetas.

      1. Qto ao facto de esse elemento unificador poder ser representado sob a forma de uma fórmula matemática, a troca de ideias ocorreu aqui: https://www.facebook.com/astropt/posts/217860004916605

        😉

        • Paulo on 13/07/2011 at 11:41

        A D. Ana sabe de alguma novidade sobre as células vermelhas que foram captadas na água de uma chuvada valente que ocorreu em território indiano há uns anos atrás. Pelo pouco que li e sem confirmação de credibilidade, esses ditos micro organismos suportavam condições extremas e não se reportou a detecção de DNA.

      2. A Chuva Vermelha de Kerala é uma das maiores evidências dadas pelos defensores da panspermia.
        No entanto, não está provado que seja extraterrestre… pelo contrário 😉

        http://www.astropt.org/2009/09/25/chuva-vermelha-de-kerala/

        http://www.astropt.org/2008/07/10/asb3/

        http://www.astropt.org/2010/09/03/panspermia-provada/

        e sobretudo, o documentário:
        http://www.astropt.org/2009/10/23/nos-somos-os-extraterrestres/

        😉

        • Ana Guerreiro Pereira on 13/07/2011 at 16:08

        Paulo, deixe lá o Dona Ana de lado 😉 Ana está mto bem. 😀

        E pronto, o Carlos respondeu 😉 Aliás ele é a pessoa mais indicada para responder a essa questão concreta, é ele o astrobiólogo 😉

        • Paulo on 15/07/2011 at 15:53

        Já vi os links.
        Pelos vistos é cá da “casa”, mas parece ter caracteristicas bem extremas.
        Se fôr de origem terrestre como parece, o cientista que fez as primeiras análises, revelou-se descuidado e ansioso de projecção mediática.
        Bad Attitude!

  4. Dado que muito provavelmente passaremos correndo pela história dessa pequena rocha (acredito termos ainda uns 300 anos pela frente), seria arrogância infinita pensar que esse “instante” de consciência é o suficiente para entender o universo.

    Somente um espectador que visse toda a história do universo, do princípio (se teve um) ao fim (se houver um) poderia determinar uma ou várias equações sobre ele.

  5. Tempo de filosofar:
    Abaixo do conceito de molécula a existencia torna-se demasiado rápida para a nossa percepção. Tudo se passa com muita energia cinética. Os “participantes” assumem papeis diversos dependendo dos eventos em que eles interagem. É possivel que sejam menos variedades do que as que se pensam existir. Podem é ser mais versáteis e adapatáveis consoante as condições! É provável que a natureza seja mais simples do que aquilo que nós parecemos entender. Quando a porta se abrir e deixarmos de ter que olhar pelo buraco da fechadura, acredito que muitas dúvidas deixem de existir, especialmente a da “Gravidade”.
    Com a descoberta da “Verdade”, quais as consequencias para a nossa ecónomia dos “Hidrocarbonetos”?
    Fim do sonho!
    Acordei e estou de ressaca…

  6. Existem 2 mundos, O newtoniano, estipulado pela física clássica, de Newton, que descreve as partículas moleculares e superiores e existe o mundo quântico das partículas sub-atómicas que confronta o nosso senso comum. Neste mundo sub-atómico reinam as probabilidades e as incertezas.

  7. Não sei quem você é mas que Deus continue abençoando seus delírios, parabéns pelo comentário, pois diante do universo ou de uma proto estrela quem não delira, pode até ser impossível descrever em uma única linha o comportamento do universo, mais fácil acreditar no princípio das incertezas, porém procurar um padrão na natureza das matérias pode ser muito divertido, e sobre certo aspecto,, inspira o olhar do mais cômodo artista. Não somos nada,diante do universo democrático e de graça. rsrsrs. Valeu!

  8. E para mais, e pelo menos a partir da perspectiva do observador humano, em cada patamar/nível de organização do universo, da matéria, da vida, de tudo, aplicam-se regras distintas. As regras do mundo quântico não são iguais às do mundo molecular (se bem que se esteja a tentar aplicar a quântica ao nível molecular, com alguns resultados, mas agora assim de repente não estou a recordar-me de uma referência – mas vou procurar), tal como as deste não são iguais às do patamar dos agregados moleculares, que não são iguais às do nivel celular…e assim por diante até se chegar ao próprio universo. No entanto, desde o átomo até ao universo, há padrões semelhantes e há repetições de “comportamentos”; se há um fio condutor que liga todos esses patamares, e se em última análise tudo depende dos átomos e, assim, do mundo quântico, tem de existir um elemento unificador, uma “cola” entre esses patamares, um fio condutor comum. Daí que uma teoria unificadora seja muito possível de vir a existir. Pode não ser agora, com o nivel de conhecimentos q temos, mas em termos filosóficos, faz sentido.

    Se não existisse um elemento unificador, o universo e a vida seriam apenas a soma das suas partes. E isto não acontece, o todo não é a mera soma das partes. Há algo mais por aqui, a unir todos esses patamares. E se há, tb terá uma equação para o descrever. 😀 😀

    Pronto…já delirei um bocadinho por hoje… 😀

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