Uma imagem enorme do VLT Survey Telescope (VST) e da sua câmara OmegaCAM, instalados no Observatório do Paranal do ESO, mostra três galáxias brilhantes na constelação do Leão.
São, no entanto, os objetos ténues que aparecem no plano de fundo, em vez das galáxias em primeiro plano, que captam a atenção dum astrónomo.
A imagem extremamente nítida destes objetos pouco luminosos obtida pelo VST atesta o poder do telescópio e da OmegaCAM para mapear o Universo distante.
O tripleto de Leão é um magnífico grupo de galáxias em interação, situado a cerca de 35 milhões de anos-luz da Terra.
Todas as galáxias são espirais, tal como a nossa própria Via Láctea, embora este facto possa não ser imediatamente óbvio a partir desta imagem, uma vez que os discos estão inclinados de diferentes ângulos relativamente à nossa linha de visão.
NGC 3628, situada na imagem à esquerda, observa-se de perfil, mostrando extensas zonas de poeira ao longo do plano da galáxia. Por outro lado, os objetos de Messier, M 65 (em cima à direita) e M 66 (em baixo à direita), estão suficientemente inclinados para que possamos observar dos seus braços em espiral.
Os grandes telescópios estudam normalmente uma destas galáxias de cada vez, mas o campo do VST – duas vezes o tamanho da Lua Cheia – é suficientemente grande para capturar os três membros do grupo numa única imagem. O VST também nos mostra um grande número de galáxias ténues mais distantes, observadas como manchas difusas no campo de fundo da imagem.
Observam-se igualmente em primeiro plano muitas estrelas com diferentes brilhos, situadas na nossa própria Galáxia. Um dos objetivos científicos do VST é a procura de objetos pouco brilhantes na Via Láctea, tais como estrelas anãs castanhas, planetas, estrelas de neutrões e buracos negros. Pensa-se que estes objetos permeiam o halo da nossa Galáxia mas que são, muitas vezes, demasiado ténues para poderem ser detectados de forma direta, mesmo com grandes telescópios. O VST procurará eventos subtis produzidos por um fenómeno chamado microlente gravitacional, de modo a detectar indiretamente estes objetos tão elusivos e estudar o halo galáctico.
Com base nestes estudos, espera-se que o VST faça avançar o nosso conhecimento da matéria escura, que se pensa ser o maior constituinte do halo galáctico. Esperamos encontrar pistas sobre a natureza desta substância, assim como sobre a natureza da energia escura, a partir dos rastreios do Universo longínquo feitos pelo VST. O telescópio descobrirá enxames de galáxias distantes e quasars a grande desvio para o vermelho, que ajudarão os astrónomos a compreender o Universo primordial e a encontrar respostas para perguntas de cosmologia de longa data.
A imagem mostra também traços de vários asteróides do Sistema Solar, que se moveram ao longo da imagem durante as exposições. Estes objetos aparecem como riscas coloridas curtas e nesta imagem podemos observar pelo menos dez. Como o Leão é uma constelação do zodíaco, situada no plano do Sistema Solar, o número de asteróides é particularmente elevado.
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Este post é parte de um artigo do ESO, que podem ler aqui.
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