VISTA encontra 96 enxames estelares escondidos por trás de poeira

O telescópio de rastreio no infravermelho do ESO observa regiões de formação estelar na nossa Via Láctea.

Com dados obtidos pelo telescópio de rastreio no infravermelho VISTA, instalado no Observatório do Paranal do ESO, uma equipa internacional de astrónomos descobriu 96 novos enxames estelares abertos escondidos pela poeira da Via Láctea.
Estes objetos pequenos e ténues permaneceram invisíveis em rastreios anteriores, mas não conseguiram escapar aos detetores infravermelhos muito sensíveis do maior telescópio de rastreio do mundo, que consegue espreitar através da poeira.
Esta é a primeira vez que tantos enxames pequenos e pouco brilhantes foram encontrados de uma só vez.

(…)

A maioria das estrelas com mais de metade da massa do nosso Sol formam-se em grupos chamados enxames abertos.
Estes enxames são os tijolos que formam as galáxias e são vitais para a formação e evolução de galáxias tais como a nossa.
No entanto, os enxames estelares formam-se em regiões com muito poeira, que difundem e absorvem a maior parte da radiação visível emitida pelas estrelas jovens, tornando-os invisíveis à maioria dos rastreios do céu, mas não ao telescópio infravermelho de 4.1 metros VISTA.

(…)

“Descobrimos que a maioria dos enxames são muito pequenos, contendo apenas cerca de 10 a 20 estrelas. Comparados com enxames abertos típicos, estes são objetos muito ténues e compactos – a poeira que se encontra em frente destes enxames faz com que pareçam 10 000 a 100 milhões de vezes menos brilhantes no visível. Não admira, portanto, que estivessem escondidos”, explica Radostin Kurtev, outro membro da equipa.

Apenas 2500 enxames abertos foram encontrados na Via Láctea desde a antiguidade, mas os astrónomos estimam que devam existir pelo menos 30 000 escondidos por trás de poeira e gás. Enquanto que os enxames abertos brilhantes e grandes são facilmente detectados, esta é a primeira vez que tantos enxames pequenos e pouco brilhantes são encontrados de uma só vez.

Inclusivamente, estes novos 96 enxames abertos podem ser apenas a ponta do icebergue. “Começámos agora a utilizar software automático mais sofisticado para procurar enxames mais velhos e menos concentrados. Estou confiante que muitos mais serão descobertos num futuro próximo”, acrescenta Borissova.

Leiam todo o artigo do ESO, aqui.

2 comentários

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    • Dinis Ribeiro on 03/08/2011 at 23:07
    • Responder

    Por acaso também pensei na expressão “It’s full of stars” do mesmo filme…

    Quanto a esta parte:

    “Começámos agora a utilizar software automático mais sofisticado para procurar enxames mais velhos e menos concentrados”

    … e pegando na expressão de “software mais sofisticado”, eu penso que também podemos pensar em “software mais rápido”, porque se podem efectuar cada vez mais iterações em cada vez menos tempo… e depois tive uma “ideia visual” em que o ceu estrelado era refelectido por um céu de “aglomerados de electrões” que se conhcem hoje como “servers” e “aglomerados de impulsos electricos” nos neurónios humanos espalhados (aleatóriamente?) pela superfície da terra, como se pode ver no video que sugiro a seguir, e em que há uma parte que mostra que vai ser necessário colocar “server farms” em plataformas no meio do mar, para “poupar” microsegundos, pois cada vez que clicamos no rato isso demora 500 000 (se me recordo correcatamente) microsegundos. Parte das dificuldades de contacto através dos esforços SETI poderão estar ligadas a uma eventual “lentidão humana” que poderá talvez ser muito maior e bem mais limitativa do que pensamos actualmente…

    Lembra-me muito uma parte da letra do musical “Hair” de 1967:

    Good morning starshine
    The earth says hello
    You twinkle above us
    We twinkle below

    http://en.wikipedia.org/wiki/Good_Morning_Starshine

    Já imaginaram a possibilidade de trocar a palavra twinkle pelas palavra tweet?

    Quais as eventuais semelhanças (será que poderão existir?) entre os efeitos da turbulência na atmosfera http://en.wikipedia.org/wiki/Scintillation_(astronomy) e os efeitos de um eventual “social mood” (turbulento, irrequieto e imprevisível ) estimulado pela internet http://arxiv.org/abs/0911.1583 e o nome twitter faz-me pensar na http://en.wikipedia.org/wiki/Whistled_language neste sentido: A whistled language is a system of whistled communication which allows fluent whistlers to transmit and comprehend a potentially unlimited number of messages over long distances.

    Mapear os céus (quantos biliões de estrelas?) e mapear a humanidade (seis biliões de seres?) implicará (entre outras coisas) procurar padrões que se repetem, e poderá talvez ter interesse ver o que foi estudado por este autor:
    http://en.wikipedia.org/wiki/Robert_Prechter e também http://en.wikipedia.org/wiki/Elliott_wave_principle

    Como (numa associação de ideias abstracta) há muito mais estrelas do que “seres humanos” na terra, podemos aumentar o número de “estrelinhas na terra” pensando num superorganismo nesta linha http://en.wikipedia.org/wiki/Gaia_hypothesis, e se mesmo assim, ainda for um número demasiado pequeno, poderíamos até ser tentados a tentar contabilizar (será possível encontrar um número aproximado?) todos os “circuitos electricos” que existem na terra e por onde passa electricidade…

    Esta minha mini-especulação é muito influênciada por uma história que li no passado:
    http://en.wikipedia.org/wiki/Nine_Billion_Names_of_God e acabo de pensar que se por acaso estívéssemos num http://en.wikipedia.org/wiki/Planetarium_hypothesis então, quando se contar com total rigor todas as estrelas no céu, talvez algo de inesperado pudesse acontecer, como na tal história escrita em 1953 por Arthur C. Clarke. E também seria uma situação semelhante á ideia desta outra história: http://en.wikipedia.org/wiki/The_Sentinel_(short_story)

    Quantas estrelas existem no universo?

    Neste site da ESA há uma “estimativa”:
    This question has fascinated scientists as well as philosophers, musicians and dreamers throughout the ages. With this simple calculation you get something like 10^22 to 10^24 stars in the Universe.
    http://www.esa.int/esaSC/SEM75BS1VED_index_0.html

    Ainda não consegui verificar se alguma pessoa já se lembrou de mandar em “Active Seti” http://en.wikipedia.org/wiki/Active_SETI um “catálogo completo” de tudo o que conseguimos ver no nosso actual estado de desenvolvimento.

    Talvez mandando uma boa mensagem com o “número correcto” de estrelas, conseguíssemos “provar” que “sabemos fazer contas”…

    Lembrei-me agora duma cena desse género que se passa num planetário neste filme: http://en.wikipedia.org/wiki/K-PAX_(film) e também há uma situação equivalente em ambas as versões de “The Day the Earth Stood Still” (quantas outras situações existirão em que a matemática é usada em fimes com o mesmo objectivo?)

    Voltando á “terra” e tentando pensar sobre outros fenómenos “extremamente complexos” e usando ideias que me interessam por serem “counter-intuitive”, junto mais informação sobre “Socionomics”:

    In 1979, Prechter postulated that social mood drives financial, macroeconomic and political behavior, in contrast to the conventional notion that such events drive social mood.

    His description of social mood as the driver of cultural trends reached a national audience in a 1985 cover article in Barron’s.

    Prechter coined the term “socionomics” and in 1999 published an exposition of socionomic theory, The Wave Principle of Human Social Behavior.

    Since then, the counter-intuitive premise of the socionomic hypothesis—that in contexts of uncertainty, endogenous processes (not exogenous causes) create patterns of social behavior—has gained attention in academic journals, books, the popular press, at academic conferences and in research funded by the National Science Foundation.

    O video é este:

    Kevin Slavin argues that we’re living in a world designed for — and increasingly controlled by — algorithms.

    In this riveting talk from TEDGlobal, he shows how these complex computer programs determine: espionage tactics, stock prices, movie scripts, and architecture.

    And he warns that we are writing code we can’t understand, with implications we can’t control.

    (esta introdução é um bocado “alarmista” ou apenas “chamativa” ao sugerir que estamos a perder o “controlo”, (whatever that may be) mas se virem e ouvirem toda a apresentação verão que a conclusão é mais “moderada” e talvez apenas de que “a evolução dos algoritmos” é um fenómento “tão natural” como a nossa própria evolução)

    Mesmo assim ocorreu algo de estranho o ano passado:
    http://en.wikipedia.org/wiki/Flash_crash e uma (arriscada?) nova actividade: http://en.wikipedia.org/wiki/Algorithmic_trading com aplicações “culturais” http://en.wikipedia.org/wiki/Netflix_Prize

    Link para o video:

    http://www.youtube.com/watch?v=TDaFwnOiKVE&feature=player_embedded

    Gosto que tenha usado a nocão de terraformação quando se refere á acção de dinamitar montanhas para deixar passar (deixar crescer?) a fibra óptica: http://pt.wikipedia.org/wiki/Terraforma%C3%A7%C3%A3o

    Por último também gostei da referência á Coevolução que parece mais “simpática” e menos adversarial do tipo “A terra ou é para nós ou então é para os computadores” : http://en.wikipedia.org/wiki/Coevolution

    Trata-se dum assunto relativamente polémico:
    http://en.wikipedia.org/wiki/Is_Google_Making_Us_Stupid%3F

    “Is Google Making Us Stupid?: What the Internet is doing to our brains” is a magazine article by technology writer Nicholas G. Carr highly critical of the Internet’s effect on cognition. It was published in the July/August 2008 edition of The Atlantic magazine as a six-page cover story.

    Carr’s main argument is that the Internet might have detrimental effects on cognition that diminish the capacity for concentration and contemplation.

    Despite the title, the article is not specifically targeted at Google, but more at the cognitive impact of the whole Internet and World Wide Web

    Enfim, do mesmo modo que o céu está “cheio de estrelas”, também a internet está “cheia de dados”, e o resto do nosso planeta está “cheio de electrões” que se movem sem ser totalmente ao acaso…

    O movimento browniano que por vezes lembra a trajectória das moscas ou os movimentos rápidos de alguns insectos (http://en.wikipedia.org/wiki/Swarm_behaviour) sempre me fascinou muito: ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_browniano / http://en.wikipedia.org/wiki/Brownian_motion )

    • duarte josé seabra on 03/08/2011 at 17:33
    • Responder

    ” I t ´s swarming with stars ”

    (alternative ending to “2001”)

  1. […] – Estrelas: Nascimento. Zircónio. Canis Majoris. V838 Monocerotis. Pleiades. Enxames. 96 novos. Omega Centauri. Gigantes. Anãs Vermelhas. Anãs Brancas. Pulsares. Quasares. Buracos Negros a […]

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