Supernova na M101 Atinge Pico de Brilho

A supernova sn2011fe, na galáxia M101, atingiu o pico de brilho com uma magnitude aparente de 9.9. É interessante calcular o brilho intrínseco da supernova neste momento, mais especificamente a sua magnitude absoluta. A magnitude absoluta de uma estrela é o brilho aparente que esta teria se fosse colocada a uma distância de 10 parsecs (32.6 anos-luz). A fórmula que relaciona a magnitude aparente (m), a magnitude absoluta (M) e a distância (d, em parsecs) de uma estrela é a seguinte:

Notem que a magnitude absoluta e aparente de uma estrela coincidem se esta se encontrar exactamente a 10 parsecs. Na fórmula teríamos: m – M = -5 + 5 * log10(10) = -5 + 5*1 = 0, ou seja m = M. Para a supernova, sabemos que a magnitude aparente é de m = 9.9. Também sabemos a distância à M101 com uma boa precisão, d = 6.4 Mega-parsecs (6 milhões e quatrocentos mil parsecs). Introduzindo os valores na fórmula temos:

Este valor é típico para uma supernova de tipo Ia no pico de brilho. Como a magnitude absoluta do Sol é de +4.8, a diferença de magnitudes entre este e a supernova é de 4.8 – (-19.1) = 23.9. Como cada magnitude corresponde a um factor de luminosidade de 2.512, podemos calcular o factor de brilho correspondente a uma diferença de 23.9 magnitudes facilmente:

Isto é, neste momento a supernova é 3.6 mil milhões de vezes mais brilhante do que o Sol, e estamos a contabilizar apenas luz visível !

3 comentários

  1. Olá Manel,

    com uns 8×30 só conseguirias ver, em condições ideais (céu limpo, sem poluição luminosa), até à magnitude 9.5 mais ou menos. Quando se diz que a supernova é visível em binóculos na realidade quer passar-se a ideia de que ela é tão brilhante que mesmo um equipamento modesto e ubíquo como uns binóculos é suficiente para observá-la. No entanto, isto é só metade da história. Primeiro assumem condições ideais, longe do que a maioria de nós tem em ambientes urbanos ou sub-urbanos. Mais, não basta que a supernova esteja dentro do limite observável com os binóculos. É preciso encontrar o campo de visão onde se situa e conseguir identificá-la. Isto nem sempre é fácil. Por exemplo, a semana passada, em Gaia, estive com colegas a ver a supernova com um telescópio de 10 polegadas (25cm) e ela era facilmente visivel apesar de nao conseguirmos ver a M101 no mesmo campo ! Tivemos de andar com mapas e fotografias a fazer “pattern- matching” até descobrir qual das estrelas era a supernova.

    Conclusão, sugeria que tentasses contactar um grupo de astrónomos amadores que te possam ajudar a ver a dita. Na zona de Lisboa sugeria o grupo da Atalaia:

    http://www.atalaia.org/

    em particular o Alberto Fernando, colaborador do AstroPT e frequentador da Atalaia.

    Se estiveres na zona do Porto/Gaia eu e os meus colegas mostramos-te a supernova com todo o gosto 😉

      • Manel Rosa Martins on 12/09/2011 at 03:53
      • Responder

      Olá Luís, muito obrigado pela tua resposta, estou na zona de Lisboa, mais propriamente junto do Cabo da Roca e até tenho um simpático quadrante limpo de poluição luminosa a Oeste/Noroeste/Norte. Vendo bem a tua história completa é forçoso admitir que só tenho a ganhar com a orientação dum grupo de Astrónomos. Pois a atalaia fica aqui já…de atalaia. A “coisa” mais fantástica que daqui vi a olho nu foi a ISS, por inteira coincidênci na altura em que a STS-135 lhe estava acoplada na missão AMS-02 (muitas emoções com essa missão) e por sorte o Sol batia-lhe de tal forma que se pareci um enorme objecto no céu. Fiquei impressionado com a velocidade daquele aparato (é claro que não dava par ver ao detalhe) até que….um meteorito me fez voltar à realidade. A ISS em comparação tinha a velocidade dum caracol. Para cumprir a tradição ancestral pedi um desejo, coisa muito simples, e humana: que corresse bem toda a missão da ISS. Soube que em Junho fizeram todos os procedimentos prévios de evacuação, dado o alarme de embate com lixo orbital. Felizmente o “meu” meteorito cumpriu com denodo a sua missão. Que a “tua” Supernova cumpra a sua, de polvilhar o Universo com os elementos só ali produzidos. Um abraço e Obrigado.

    • Manel Rosa Martins on 11/09/2011 at 15:44
    • Responder

    Luís, mais um excelente trabalho, que nos desafia a irmos ver por nós próprios o que significa Magnitude, e luminosidade aparente. Gostaria de te perguntar se o seguinte está correcto, porque não sei se está bem e devemos nestes casos perguntar a quem se dedica, se especializa (e no teu caso com evidente paixão e conhecimento de causa) ao tema. Sou um cidadão que aqui não é um Cientista, é um simples curioso, que tem um belíssimo par de binóculos do tempo do meu avô cá em casa. São bonitos mas são uns singelos 8×30.

    1) consigo ver a supernova com estes binóculos?

    2) Vi num vídeo que deverei apontar para a última estrela da cauda da Ursa Maior, desenhar um triângulo imaginário com uma linha que parte da penúltima, e que a Galáxia onde está a supernova se encontra precisamente aí. É esta um boa forma de localização?

    Um abraço e Obrigado.

    A partir da cauda

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