Uma estrela na neblina

A Cassini realizou anteontem uma passagem a pouco mais de 5,8 mil quilómetros da superfície de Titã. O encontro serviu para a sonda examinar de perto a atmosfera sobre o pólo sul; em particular, a densidade de aerossóis e o perfil vertical de temperaturas e de azoto molecular.
Entre as actividades programadas pela equipa da missão constou a observação de uma ocultação estelar pela atmosfera titaniana, através do instrumento Visual and Infrared Mapping Spectrometer (VIMS). A estrela em causa foi Chi Aquarii, uma gigante vermelha tipo M localizada a 640 anos-luz, na direcção da constelação do Aquário. O fenómeno foi registado ainda pelas câmaras do sistema de imagem ISS, como podem ver na composição a cores em baixo. Cliquem sobre a imagem para verem os pormenores das camadas de neblina.

Ocultação da estrela χ Aquarii pela atmosfera sobre o pólo sul de Titã. Composição em cores naturais construída com imagens obtidas pela sonda Cassini a 12 de Setembro de 2011, através de filtros para as cores azul (451 nm), verde (568 nm) e vermelho (650 nm).
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/composição a cores de Sérgio Paulino.

Imagem de contexto. Foram usadas nesta composição imagens obtidas a 12 de Setembro de 2011, pela câmara de grande angular, através dos filtros para as cores azul (460 nm), verde (567 nm) e vermelho (648 nm).
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/composição a cores de Sérgio Paulino.

8 comentários

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  1. Belíssimo!!!
    Quanto a primeira imagem se não tivesse referencia iria julgar que era de um deserto…

  2. Vejam outras composições retiradas do mesmo conjunto de imagens aqui: http://www.unmannedspaceflight.com/index.php?s=&showtopic=7005&view=findpost&p=178506. E convido-os a acompanhar a discussão que está a ser interessante.

  3. Belas imagens de Titã.
    Na segunda imagem dá a impressão de estarmos olhando uma imagem em 3D sem óculos. 🙂

    Parabéns pelo blog, acompanho todos os dias.

  4. Biutiful :))))) com ou sem correcção da variação da cor 🙂

    Quando coloram uma imagem deste estilo, enviada por sondas, etc, como é que sabem q estão a acertar na cor?

    (questão q qq leigo costuma fazer 😉 já agora aproveito p a colocar)

    1. Obrigado Ana. Deu-me gozo brincar com estas imagens. Titã é uma lua lindíssima. 😛

      Quanto à tua pergunta, as câmaras são calibradas na Terra e testadas no espaço em objectos cuja cor seja conhecida (exemplo, Terra e Lua) para posterior correcção caso seja necessário. Curiosamente, os robots Spirit e Opportunity levaram consigo um instrumento de calibração de cores: http://marsrover.nasa.gov/mission/spacecraft_instru_calibr.html.

      1. Obrigada! qd me perguntarem isso já sei o que hei-de responder e de forma correcta 😉

        Titã é lindíssima, de facto. Todas as luas de Saturno (e de jupiter) o são, de resto 😀 A minha pancada é Io 😀

  5. Espectacular ! Excelente trabalho na composição de cores. Quantos bits de cor usaste ? A variação da cor não é contínua, consegues corrigir isso ? Ficava perfeito 😉

    1. Obrigado Luís. 🙂
      Quanto às cores, as imagens são colocadas no site da Cassini com compressão jpg e com 256 bits por canal. Ou seja, nas composições a cores estas imagens acabam por ter numa primeira fase 256X256X256 (RGB). Só que o problema é que em cada canal o histograma dos pixels é “estendido” para obter uma maior compressão (o pixel menos brilhante toma o valor 0 e o mais brilhante toma necessariamente o valor 255), pelo que numa segunda fase tenho de corrigir os pixels mais brilhantes de cada canal para o valor que deveriam ter (uso normalmente imagens já processadas e publicadas no site Planetary Photojournal). Este passo leva à perda de mais informação e cria artefactos como aqueles a que te referes. Ou seja, é muito difícil conseguir melhor. Apenas será possível quando lançarem estas imagens sem compressão no Planetary Database (geralmente 6 meses após terem sido obtidas).

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