Prazer da Descoberta

Aproveitei a viagem para ler mais um livro. Em cerca de 8 horas de ida e volta, mais paragens a meio, assumi que daria para ler mais um livro.
Na verdade, li todo o livro em 3 horas, e depois fiquei sem nada para ler.

Reli o livro do Richard Feynman, O Prazer da Descoberta.

O livro inclui muitas opiniões sobre o que é a ciência.
São opiniões informadas de um génio da ciência, e por isso recomendo-as vivamente!

No entanto, como já tenho bem presente essas ideias sobre a natureza da ciência, então o que me chamou mais a atenção nesta re-leitura do livro foram outras ideias do Richard Feynman.
Alguns exemplos:
– página 24: ele adora viver num Universo onde não tem a certeza das respostas.
– página 25: ele não sente medo de viver num Universo misterioso sem propósito assumido.
– página 64: no projecto Manhattan, para não ter ninguém no quarto a dormir na outra cama, todos os dias colocou o vestido de dormir da mulher dele sobre a outra cama, o que fez com que a mulher das limpezas pensasse que existia uma mulher a dormir todas as noites nesse quarto.
– página 65: códigos nas cartas para a mulher deu uma enorme confusão no projecto Manhattan.
– página 69: devido a um buraco na vedação, ele passou a entrar todos os dias, várias vezes ao dia, pelo buraco, e depois saía pelo portão principal. Claro que o sargento, que estava no portão de entradas, começou a estranhar a ver um dos cientistas sempre a sair e nunca a entrar. Obviamente que deu confusão!
– página 87: falava com os génios da altura como falava com qualquer pessoa normal.
– página 100: afirma que biologicamente a morte não é inevitável.
– página 145: os átomos do nosso cérebro mudam constantemente. Como sabemos que somos a mesma pessoa de há 2 semanas atrás, com outros constituintes? O que é a consciência humana?
– página 219: começou a correr para baixo e para cima nas escadas, enquanto contava números, para ver se correr lhe afectava o sentido do tempo.
– página 183, 226: supondo que um extraterrestre vinha à Terra, como descreveria as coisas? Supondo que o extraterrestre não dormia, o que pensaria de nós quando nos visse dormir?
– página 233: ele estava a dormir quando um jornalista lhe telefonou à noite para lhe dizer que tinha ganho um Prémio Nobel. O Feynman respondeu-lhe: Estou a dormir, diga-me de manhã. Passados 10 minutos, o telefone torna a tocar. Outro jornalista a telefonar-lhe. Ele respondeu: Sim, já soube que ganhei; deixe-me dormir. 😀

Ou seja, além de muito interessante em termos de compreender o que é a ciência, o livro também tem peripécias deliciosas que fazem parte da personalidade dos génios, neste caso do Feynman.

O livro é baseado em entrevistas dadas pelo Richard Feynman.
Podem ver uma dessas fantásticas entrevistas, neste post.

4 comentários

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  1. Embora mais ligeiro, “Está a brincar, Sr. Feynman” tem as melhores histórias da vida de um homem excepcional^2.

    • Ana Guerreiro Pereira on 02/10/2011 at 17:39
    • Responder

    “- página 219: começou a correr para baixo e para cima nas escadas, enquanto contava números, para ver se correr lhe afectava o sentido do tempo.”

    LOOOOOOOOOOOOOOOOOOL Eu tb fazia isso LOLOLOOOOOOL 😀 ahahahah!

    Adoro o Feynanm. Mesmo.

  2. Bem interessante. Mas afina não contou o que foi fazer em Washington. Férias?

    1. Fui em “trabalho”, porque tive que fazer por lá alguns trabalhos 😉
      Mas, obviamente, aproveitei também para ver algumas coisas de lazer na cidade dos museus 🙂

      Não lhe digo exactamente o que fui fazer, para ver se aparecem blogs e vídeos no Youtube a usar essa não-informação para dizerem que fui me esconder do fim-do-mundo na Casa Branca 😛 LOL 😛

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