Vesta: divulgados primeiros resultados da missão Dawn

A equipa científica da Dawn apresentou anteontem na reunião anual da Sociedade Americana de Geologia alguns dos resultados preliminares dos primeiros dois meses da missão na órbita de Vesta. Como já seria de esperar, foi dado principal protagonismo à grande depressão que domina todo o hemisfério sul do asteróide.
Paul Schenk abriu a conferência com a divulgação das primeiras interpretações científicas das observações realizadas na bacia de impacto do pólo sul de Vesta, agora com a designação oficial de Rheasilvia. Tal como as imagens obtidas pelo telescópio espacial Hubble há mais de uma década faziam adivinhar, a gigantesca depressão encontra-se entre as mais profundas e complexas bacias de impacto conhecidas no Sistema Solar. Através das imagens obtidas pela sonda Dawn, a equipa conseguiu determinar um diâmetro aproximado de 475 km e uma profundidade de 20 a 25 km. O pico central é também um verdadeiro colosso. A base tem cerca de 180 km e o topo eleva-se aproximadamente a 22 km.
Schenk mostrou ainda alguns outros aspectos singulares da geologia de Rheasilvia, mas o mais surpreendente foi sem dúvida a revelação final. A região do pólo sul de Vesta foi esculpida não por um gigantesco impacto, mas sim por dois! Rheasilvia sobrepõe-se a uma outra bacia de impacto mais antiga e ligeiramente mais pequena.

Mapa da região do pólo sul de Vesta mostrando Rheasilvia e uma segunda bacia mais antiga com cerca de 375 km de diâmetro.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/ UCLA/MPS/DLR/IDA.

Debra Buczkowski foi a protagonista da uma outra interessante comunicação, desta vez centrada nas invulgares estrias que adornam a região equatorial e parte do hemisfério norte de Vesta. De acordo com as observações realizadas pela Dawn, estas estruturas estão organizadas em dois grupos distintos: um primeiro mais recente, situado junto ao equador; e um segundo mais degradado, situado mais a norte. Buczkowski não se pronunciou acerca dos mecanismos que conduziram à sua formação, mas anunciou a descoberta de uma clara relação do primeiro grupo com Rheasilvia, e do segundo grupo com a bacia de impacto vizinha, mais antiga.

As estrias equatoriais de Vesta. Estas estruturas estendem-se por mais de 240º de longitude e têm cerca de 15 km de diâmetro. A equipa científica da missão Dawn descobriu que são concêntricas ao centro da bacia de impacto Rheasilvia.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/ UCLA/MPS/DLR/IDA.

Estrias mais largas e degradadas situadas mais a norte, aparentemente concêntricas à bacia de impacto vizinha de Rheasilvia.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/ UCLA/MPS/DLR/IDA.

Podem assistir à conferência aqui.

2 comentários

1 ping

    • Manel Rosa Martins on 14/10/2011 at 04:54
    • Responder

    Olá Sérgio, excelente post.

    parece-me aberto o debate se Vesta é um asteróide ou uma Planeta-anão.

    Pelo que me parece Vesta tem uma massa que será parte muito substancial do total da massa da cintura de asteróides entre Marte e Júpiter, talvez um satélite dum Planeta maior que não se formou, ou que se formou e se desfez. Sejam estas hipóteses ou outras Vesta parece ser uma enciclopédia sobre a formação do “nosso” sistema Solar. Esta montanha não passará a ser a 1ª do Sistema Solar, ultrapassando o Monte Olimpus de Marte?

    Bem, para já havia uma Missão Dawn antes deste teu post e há outra missão Dawn, muito mais importante agora depois deste teu Post, vejamos em Dezembro a órbita de observação mais próxima.

    Parabéns, que post excelente, o aparelho GRaND a bordo do Dawn é uma lição ao vivo de Física e de Química orgânica.

    Obrigado e Parabéns :))

    1. Obrigado Manel. 😛
      Vesta está a justificar em pleno o investimento feito na missão Dawn. 😉

      Quanto à tua pergunta, penso que em termos de altura, as duas montanhas ficam muito próximas. No entanto, em volume Olympus Mons ultrapassa largamente o pico central de Rheasilvia. A sua base tem um diâmetro superior a 500 km!

  1. […] de dois objectos de grandes dimensões. Alguns destes eventos rasgam grandes crateras, como as bacias de impacto Rheasilvia e Veneneia no hemisfério sul de Vesta, por exemplo. Outras colisões são catastróficas e despedaçam os […]

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado.

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.