Por um dos sítios onde passo estão duas senhoras com saúde, braços e pernas que mostram uma foto da filha e levantam um copo. Estão a pedir moedas e quem quer dá. Eu não dou porque essas pessoas podem trabalhar tanto quanto eu e não descontam para a Segurança Social. Ao estarem sentadas na rua de braço esticado e se receberem 1 euro a cada 15 minutos (o que é pouco naquela avenida de Lisboa), ao final do dia ganham 32 euros.
Estas pessoas ganham mais de 32*22 euros por mês, o que dá 704 euros. Como é um trabalho que não cansa podem trabalhar aos fins de semana, o que poderá dar, no mínimo, 960 euros por mês! Ora, são dados a estas pessoas o mínimo de 960 euros por mês, o dobro do salário mínimo nacional. No entanto é mais aceitável pedir desta forma do que estar a dissimular um roubo.
Quando vou ver magia sei que estou a ser enganado. Obviamente não acredito que alguém possa flutuar, fazer desaparecer um animal ou ser cortado ao meio sem ser por meio de truques. Estou a pagar não porque acredito no que vejo mas porque é uma arte e, como gosto pago. É um engano consentido. Ora isto é diferente de pensar que é mesmo magia e pagar por isso. Assim, ou damos porque queremos ou damos porque pensamos que estamos a comprar aquilo que não é. Eu prefiro a primeira forma de pagamento. Gosto de pagar por aquilo que acho que é e não pelo que não é.
Os pseudo aplicam o roubo, ou seja, vendem o que não é. As pessoas leigas e que precisam de algum conforto refugiam-se nas energias espirituais e coisas do género. Quem não entende nada de ciência poderá acreditar ou se quiser ter algum trabalho poderá pensar um pouco e investigar.
Recentemente tive uma experiência que me fez pensar. Uma pessoa com alguma formação científica vendeu uma ideia completamente errada a um público leigo, mas eu estava lá. Como é que alguém que percebe um bocadinho de ciência, ou parece perceber, ou deveria perceber, diz para o publico sentir a energia electromagnética da pessoa ao lado, colocando as mãos a 5 centímetros da pele? Claro que quem ouvia isso acreditava porque ao colocar as mãos a 5 cm da pele da outra pessoa sentiam algum calor. Mas nada disto é sobrenatural e nem tem nada a ver com o campo electromagnético. É sim a criação de um espaço de 5cm em que a pele de baixo e a pele de cima estão numa média de 37ºC, ou seja, aquele volume de ar aquece.
É verdade que há pessoas que ainda pensam que a magia existe mesmo ou que o Pai Natal vem em Dezembro para dar presentes….
Um post colocado há pouco mostra que os pseudo parecem inofensivos. Parecem estorinhas giras mas afinal podem fazer mal tanto à carteira das pessoas como à vida de terceiros. Provocam desinformação, o que é um problema de saúde pública e um crime. Ainda são movimentos que fazem dos leigos alvos de gozo e de insultos. Pior ainda é o incentivo à desacreditação da verdade.
4 comentários
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“Provocam desinformação, o que é um problema de saúde pública e um crime.”
Concordo com esta afirmação.
Qual o “preço” da informação que se perde (é roubada?) pela desinformação e pela censura?
Sugiro este texto:
Texas officials censored climate change report
http://www.newscientist.com/blogs/shortsharpscience/2011/10/texas-officials-censored-clima.html?DCMP=OTC-rss&nsref=online-news
Sugiro este livro sobre a censura:
Segredos do Império da Ilusitânia
A Censura na Metrópole e em Angola
http://www.wook.pt/ficha/segredos-do-imperio-da-ilusitania/a/id/11447496
As “opiniões” do actual governador do Texas sobe o ambiente são “muito discutíveis” e aproveito para sugerir que se estude melhor a possibilidade de estarmos perante o Antropoceno, que é um conceito que me parece mais interessante do que o (polémico?) “aquecimento global”?
Depois do holoceno, será agora a vez do antropoceno?
http://en.wikipedia.org/wiki/Anthropocene
http://en.wikipedia.org/wiki/Holocene
Um artigo:
The geology of the planet: Welcome to the Anthropocene!
Humans have changed the way the world works. Now they have to change the way they think about it, too http://www.economist.com/node/18744401
Um outro artigo:
Forget Mother Nature: This is a world of our making
http://www.newscientist.com/article/mg21028165.700-forget-mother-nature-this-is-a-world-of-our-making.html
THE Holocene, with its mild climate so remarkably stable and good for us, is over. We humans have transformed Earth’s climate, geology, biology and hydrology so extensively, profoundly and permanently that geologists are proposing the formal designation of a new geological epoch: the Anthropocene.
International scientific panels will ultimately decide whether to recognise the new epoch, and it could be a decade or longer before we get a final ruling. Nevertheless, it’s high time that we – and I do mean all of us – take stock of the new Earth we have created. One reason to do this is to help answer a basic geological question: will the Anthropocene last long enough to justify its designation as a new epoch, or will it remain a mere geological event akin to the impact of an asteroid? It will also help us answer a more profound question: what do we do now?
The first lesson of history is simple: the Anthropocene was a long time in the making. Significant human alteration of the biosphere began more than 15,000 years ago as Palaeolithic tribes evolved social learning, advanced hunting and foraging technologies, and the use of fire, and used them to open up forested landscapes and kill off megafauna.
These Palaeolithic human impacts were significant and extensive, but they were minor compared with the impact of the rise of agriculture more than 8000 years ago. By domesticating plant and animal species and engineering ecosystems to support them, humans introduced a wide range of unambiguously anthropogenic processes into the biosphere.
Human alteration of Earth systems tends to be far more extensive and complex than one would expect based on numbers alone. Even 8000 years ago, with a population of just 10 million or so, humans had already altered as much as a fifth of Earth’s ice-free land, primarily by using fire to clear forest. The reason small populations had such extensive impacts is that early agriculture emphasised labour efficiency. Early farmers did not use the plough, and that meant constantly shifting cultivation to the most fertile areas. As a result, most of the landscape was in some stage of recovery, giving rise to “semi-natural” woodlands. These were among the first anthropogenic biomes, or “anthromes”.
Milagre de um carro amarelo:
http://www.youtube.com/watch?v=CvgdZMfFi00
«inofenSivo»
Não precisam de publicar este comentário, a sério, porque não tenho nada a acrescentar e só venho fazer de grammar nazi: “inofensivo” é com “s”.
Desculpem qualquer coisa 🙂