Desde que a China publicou o seu Livro Branco das actividades espaciais no passado dia 29 de Dezembro, que no que diz respeito ao espaço as coisas não poderiam estar mais animadas. Até porque no Livro Branco é apresentado um plano de 5 anos para o programa espacial chinês que passará por pôr um homem na Lua, vai lançar laboratórios espaciais e fazer preparativos tecnológios para uma estação espacial.Teremos uma corrida espacial em breve? Ou a Rússia com os desaires dos últimos lançamentos e o problema da dívida americana e europeia farão com que a China brilhe sozinha no Espaço no século XXI?
O editorial do Washington Times de 2 de Janeiro aborda de uma forma interessante este plano chinês afirmando que a próxima corrida espacial será entre os EUA e a China, sendo que se prevê a China como vencedor. O empreendorismo espacial chinês contrasta com a falta de liderança por Barack Obama que ao contrário de Kennedy em 1961 não conseguiu criar um compromisso com a América para que a NASA de facto continuasse na vanguarda da exploração espacial.
Pelo contrário, para o Partido Comunista Chinês, o programa espacial é visto como sendo um factor critico no progresso económico e realização nacional. A China está a auto-comprometer-se para levar mais longe os voos tripulados e de fazer grandes avanços tecnológicos, criando uma fundação para o futuro dos seres humanos no Espaço!
Enquanto não temos as respostas que tanto ansiamos, deixo-vos uma sugestão de leitura: Asia Space Race de James Clay Moltz da Naval Postgraduate School.
5 comentários
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O documento está disponível em inglês em http://www.china.org.cn/government/whitepaper/node_7145648.htm.
No Capítulo III, Ponto 3 “China will conduct studies on the preliminary plan for a human lunar landing.”
Eu cá punha era a Goldman Sachs na Lua, num dos complexos do lado oculto, com os selenitas a malhar-lhes no pêlo!
Acabava-se logo os problemas da divida da Europa e dos EUA.
Vera, dizes que “… no Livro Branco é apresentado um plano de 5 anos para o programa espacial chinês que passará por pôr um homem na Lua…” Não me parece que assim seja. No documento está referido que serão iniciados os estudos para uma alunagem tripulada no futuro.
Por outro lado, o passo imediato para a China é a construção de uma estação espacial modular por volta de 2020 com o lançamento até lá de dois novos módulos espaciais, o TG-2 TianGong-2 e o TG-3 TianGong-3. Nesta altura discute-se a utilidade do TG-2, sabendo-se que o TG-2 será uma estação da classe Salyut-6/7, isto é com dois portos de acoplagem para permitir o abastecimento da estação com veículos de carga. Neste cenário, a TG-2 poderá ser vista como uma fase de maturação do desenho do módulo.
As próximas missões ao módulo TG-1 TianGong-1, a SZ-9 Shenzhou-9 e a SZ-10 Shenzhou-10, que serão lançadas este ano (possivelmente em Março e Setembro/Outubro), verão as primeiras acoplagens tripuladas, as primeiras ocupações e permanências de «longa duração» da China em órbita, e a primeira astronauta chinesa em órbita.
A China tem planos para a Lua no imediato, sendo estes missões não tripuladas: a Cheng’e-3 em 2013 (alunagem suave) e a Cheng’e-4 e Chang’e-5 (rover e recolha de amostras, possivelmente). Num futuro é certo que veremos a China a pisar a Lua, mas esse futuro não é tão imediato.
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Olá Rui!
No capítulo III do documento “major task for the next five years” (note-se que li uma versão resumida em inglês porque o meu chinês é… nulo) diz In the next five years, China will strengthen its basic capacities of the space industry, accelerate research on leading-edge technology, and continue to implement important space scientific and technological projects, including human spaceflight, lunar exploration, high-resolution Earth observation system, satellite navigation and positioning system, new-generation launch vehicles, and other priority projects in key fields. China will develop a comprehensive plan for construction of
space infrastructure, promote its satellites and satellite applications industry, further conduct space science research, and push forward the comprehensive, coordinated and sustainable development of China’s space industry.”
Note-se que aqui há uns anos, a China já tinha definido metas para colocar Homem na Lua, contudo, e pelos artigos que têm surgido em resposta a este Livro Branco, creio que essa meta foi redefinida. Quanto à construção da estação modular espacial a nova data apontada é 2016 e não 2020. Podes ler sobre isso aqui: http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-2079932/China-reveals-year-space-plan–putting-man-Moon-priority.html?ITO=1490&utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter
De qualquer forma, se tiveres o documento completo em inglês, gostaria imenso de o ler!!!
Saudações astropoliticas
Vera Gomes
Sim Vera, mas em nenhum sítio do documento refere a exploração lunar tripulada nos próximos cinco anos como inferes ao dizer “…um plano de 5 anos para o programa espacial chinês que passará por pôr um homem na Lua…”
No texto é referido do Livro Branco é referido “…including human spaceflight…” (missões Shenzhou aos módulos TianGong), e “…lunar exploration…” (missões não tripuladas Chang’e).
Nem mesmo a China tem a capacidade de suportar um programa com uma estação espacial da classe Mir e um programa de exploração lunar em simultâneo.
Quanto à estação modular o Daily Mail está simplesmente errado. A data apontada é a data do lançamento do módulo TG-3 TianGong-3. Aliás, em 2016 o foguetão CZ-5 Chang Zheng-5 que será usado para lançar os módulos da estação modular, deverá ainda estar em fases de teste de voo