Novidades da Missão Kepler Anunciadas em Conferência da AAS


(Representação artística do sistema Kepler-35. Crédito: Lynnette Cook)

Durante o 219º Encontro da American Astronomical Society (AAS), a decorrer de 8 a 12 de Janeiro em Austin no Texas, foram apresentadas mais descobertas notáveis com base em dados da missão Kepler.

A primeira novidade importante consiste na descoberta de mais dois planetas circumbinários, isto é, planetas que orbitam um sistema formado por duas estrelas. O Kepler tinha já descoberto um sistema com estas características, o Kepler-16, cujo planeta foi afectuosamente apelidado de “Tatooine” pela equipa da missão. A descoberta, publicada no número da revista Nature de hoje, mostra que este tipo de sistemas é afinal comum na nossa galáxia e demonstra que os sistemas binários, outrora considerados um ambiente hostil para a formação de planetas, constituem afinal um território fértil para a exploração planetária.

Os novos planetas, designados de Kepler-34b e Kepler-35b, são ambos gigantes de gás, comparáveis a Saturno, com massas de 70 e 40 vezes a da Terra (Saturno = 95 vezes) e com raios de 8.6 e 8.2 vezes o da Terra (Saturno = 9.4 vezes), respectivamente. O primeiro orbita o sistema binário com um período de 289 dias ao passo que as estrelas, no centro do sistema, efectuam uma órbita completa em 28 dias apenas. Os eclipses permitem a medição muito precisa dos raios não só do planeta mas também das duas estrelas. O sistema Kepler-34 (também KOI-2459) situa-se a uma distância estimada de 4900 anos-luz. O Kepler-35b, por sua vez, orbita um sistema binário com um período de 131 dias. As estrelas, com 80% e 89% da massa do Sol, orbitam em torno do seu centro de gravidade comum em apenas 21 dias e também se eclipsam mutuamente. O sistema Kepler-35 (também KOI-2937) situa-se a cerca de 5400 anos-luz.


(Representação artística do sistema KOI-961. Os planetas representados são, por ordem crescente da distância à estrela: KOI-961.02, KOI-961.01 e KOI-961.03. Crédito: NASA/JPL-Caltech)

A segunda novidade do dia foi a descoberta de um sistema planetário em miniatura em torno de uma pequena anã vermelha, também no campo do telescópio Kepler mas a uma distância de apenas 130 anos-luz. O sistema, designado de KOI-961, é absolutamente incrível, com uma dimensão semelhante ao sistema formado por Júpiter e as suas luas galileanas. Os planetas têm apenas 78%, 73% e 57% do raio da Terra e os trânsitos, apesar da precisão do Kepler, só foram detectados porque a estrela hospedeira é muito pequena, apenas 70% maior do que Júpiter. Ainda não foi possível calcular a massa dos planetas mas o seu tamanho sugere que sejam planetas do tipo terrestre. O mais pequeno destes planetas, com 57% do raio da Terra, é sensivelmente do tamanho de Marte.


(Os tamanhos dos planetas do sistema KOI-961 comparados com os de Marte, da Terra e dos planetas Kepler-20e e Kepler-20f. Crédito: NASA/JPL-Caltech)

A descoberta foi feita por uma equipa do California Institute of Technology que usou dados disponibilizados ao público pela equipa da missão Kepler complementados com observações realizadas nos observatórios do Monte Palomar, na Califórnia, e Keck, no Hawaii. Segundo John Johnson, um dos investigadores envolvidos neste estudo: “este é o mais pequeno sistema planetário descoberto até à data. É mais semelhante a Júpiter e às suas luas [AstroPT:galileanas] em escala do que qualquer outro sistema descoberto e demonstra a diversidade de sistemas planetários existentes na nossa galáxia”.


(A escala do sistema KOI-961 comparada com a do sistema formado por Júpiter e as suas luas galileanas. Crédito: Caltech)

A existência deste sistema tem implicações importantes pois as anãs vermelhas são de longe o tipo mais comum de estrela na nossa galáxia. Phil Muirhead, o primeiro autor do estudo, resumiu a importância desta descoberta quando afirmou: “sistemas como este poderão ser ubíquos no Universo”.

Podem ver as duas notícias aqui e aqui.

6 comentários

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  1. quais são os outros sistemas solares?

    1. Se ler a nossa categoria de exoplanetas vê a explicação de centenas de planetas extrasolares.

  2. Os planetas descoberto estao em “zona habitavel´´ mas algus estao pensando que iremos habitar esse planeta mas ainda tem o asunto oxigenio nao é

    1. Habitável é diferente de habitado.

      Ninguém pensa que vamos para lá viver…

  3. É possível saber-se qual a zona habitável de um sistema binário?

    1. Uma das coisas essenciais será ter uma órbita estável.
      Pensa-se que em sistemas binários, essa órbita estável existe quando o planeta orbita muito longe das 2 estrelas que estão próximas OU quando as estrelas estão longe uma da outra e o planeta orbita uma das estrelas.

      abraços

  1. […] 581d (aqui), Gliese 581g (notícia), Gliese 667 cC, GJ 1214b (atmosfera de água), Kepler-186f, KOI-961, KOI-172.02, Alfa Centauri, Quinteto, Mais 10 + 18 + 50. HD 132563. HD 85512b, HD 10180, HD 40307g, […]

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