Pôr-do-sol num mundo distante

Conhecemos as cores do pôr-do-sol na Terra e em Marte. Mas já imaginaram um pôr-do-sol num dos distantes mundos recentemente descobertos fora do Sistema Solar?
Embora seja ainda impossível observar directamente estes fenómenos, os cientistas conhecem suficientemente bem a composição da atmosfera de alguns exoplanetas e o espectro das respectivas estrelas para os poderem reproduzir com algum rigor. Frédéric Pont, um astrofísico da Universidade de Exeter, especialista no estudo de atmosferas exoplanetárias, usou recentemente os dados científicos disponíveis do sistema planetário HD209458 para construir uma imagem de um pôr-do-sol no gigante gasoso HD209458b.

Representação artística de um ocaso visto 10 mil quilómetros acima de HD209458b. Reconstrução fiel ao que seria observado pelo olho humano, realizada a partir de espectros de transmissão obtidos pelo espectrómetro STIS do telescópio espacial Hubble.
Crédito: Frédéric Pont.

A imagem mostra um pôr-do-sol verdadeiramente extraterrestre. Apesar de HD209458 ser uma estrela semelhante ao Sol, existe sódio neutro suficiente na atmosfera do seu companheiro planetário para que a luz vermelha seja removida de forma eficaz. Nas camadas mais profundas da atmosfera, a luz azul é dispersa da mesma forma que na Terra, pelo que a estrela adquire uma estranha coloração esverdeada junto ao horizonte. Por fim, como a estrela se encontra a apenas 7 milhões de quilómetros de distância, aparenta um tamanho muito superior ao do Sol quando observado a partir do nosso planeta. Como resultado, o disco estelar de HD209458 não se limita a apenas uma camada atmosférica (como acontece na Terra). Em vez de mudar de cor à medida que se move em direcção ao horizonte, exibe as várias tonalidades descritas em cima em simultâneo!
HD209458b foi o primeiro exoplaneta a ser descoberto pelo método dos trânsitos. Podem ler mais sobre este curioso mundo aqui.

1 comentário

  1. Muito interessante, deveriam haver animações em 3D que explorassem a retratação fiel de alguns locais no espaço… bem melhor do que as ficções apocalípticas tradicionais.
    Nesse aspecto, ressalto “2001” que teve uma cuidadosa preocupação com a retratação da vida após um maior desenvolvimento humano a nível de espaço.

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