Terra e Lua
Esta fotografia foi tirada a 3 de Outubro de 2007, pela câmera HiRISE da sonda Mars Reconnaissance Orbiter.
A partir da órbita de Marte, a Terra estava a 142 milhões de kms de distância.
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Carlos Oliveira
Carlos F. Oliveira é astrónomo e educador científico.
Licenciatura em Gestão de Empresas.
Licenciatura em Astronomia, Ficção Científica e Comunicação Científica.
Doutoramento em Educação Científica com especialização em Astrobiologia, na Universidade do Texas.
Foi Research Affiliate-Fellow em Astrobiology Education na Universidade do Texas em Austin, EUA.
Trabalhou no Maryland Science Center, EUA, e no Astronomy Outreach Project, UK.
Recebeu dois prémios da ESA (Agência Espacial Europeia).
Realizou várias entrevistas na comunicação social Portuguesa, Britânica e Americana, e fez inúmeras palestras e actividades nos três países citados.
Criou e leccionou durante vários anos um inovador curso de Astrobiologia na Universidade do Texas, que visou transmitir conhecimento multidisciplinar de astrobiologia e desenvolver o pensamento crítico dos alunos.
9 comentários
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Como é que será a vista nocturna em Marte? Dá para ver Phobos, Deimos, Terra e a Lua????….
Olá Paulo
Sim, é possível ver Fobos e Deimos a partir da superfície marciana.
Em relação a Fobos existem alguns aspectos curiosos. Como se desloca muito rápido na sua órbita, nasce a oeste, transita no céu marciano durante apenas 4 horas e 15 minutos, e põe-se a leste. E faz este percurso duas vezes por sol (dia marciano)! Além disso, como se desloca numa órbita equatorial a pouco mais de 6 mil quilómetros da superfície de Marte, mantém-se abaixo do horizonte a latitudes acima dos 70º. O seu diâmetro aparente corresponde aproximadamente a 1/3 do diâmetro da Lua vista da Terra.
Deimos é mais pequena e orbita Marte a uma distância maior, pelo que mesmo no seu máximo brilho mantém uma aparência comparável a Vénus quando observado da Terra.
Quanto à Terra, surge nos céus marcianos como um ponto muito brilhante que nunca se afasta muito do Sol (tal como Vénus quando observado a partir da Terra). A Lua surge como o ponto menos brilhante quase colado à Terra. Provavelmente será difícil distinguir os dois corpos a olho nú a partir da superfície marciana.
Author
Eu acho que o Sérgio já esteve em Marte 😛 ehehehe 🙂
Ótimo.
Já que se propõe fazer essa experiencia, vá um pouco mais longe: coloque a máquina fotográfica num tripé e vá tentando poses sucessivamente mais longas. Fotografe a Lua com 1/125s, depois 1/60s, 1/30s, 1/15s, 1/2s, 1s, 5s, 10s e 30segundos.
Verá que a Lua vai começar a ficar sobre-exposta, mas em compensação vai começar registar algumas estrelas; talvez a partir de 1/15s comecem a aparecer as primeiras, e consoante o tempo de pose for aumentando começam a aparecer as menos brilhantes. Dos 5segundos para cima v\ao mesmo aparecer várias mas, e claro que a Lua vai ficar um borrão branco.
Depois, pode ser uma boa ideia publicar aqui os resultados e as conclusões 🙂
Cumprimentos
Muito obrigado pela resposta Rui ^^
Bastante clara e simples.
Irei realizar essa experiencia hoje a noite sim…
Em relação à pergunta que fiz ao Carlos, fiz porque era ele o autor do post, mas qualquer pessoa poderia gentilmente responder, assim como vc fez 😉
Att,
Olá Tiago,
Se o Carlos Oliveira não se importar, vou responder a essa pergunta, porque a resposta é muito simples. Tem simplesmente que ver com a enorme diferença de brilho entre a Terra e a Lua e as estrelas que eventualmente estariam no campo de visão e o muito curto tempo de exposição necessário para obter a imagem.
Provavelmente aquela imagem foi obtida através da soma de algumas fotos tiradas a partir da sonda. Cada uma das fotos teve a duração de uma fração de segundo. Nesse pequeno intervalo de tempo, incidiram sobre cada pixel do CCD um numero suficiente de fotões provenientes da Terra e da Lua para formar uma imagem, porque estes astros são muito mais brilhantes que qualquer estrela de fundo. Contudo, durante essa fração de segundo muito poucos fotões provenientes de estrelas de fundo incidiram sobre cada pixel (esta fraca informação acaba por ser eliminada porque o programa de tratamento da imagem ao analizar a relação sinal/ruido, acaba por confundir esses poucos fotões com ruido).
Para comprovar isto, na próxima noite em que a Lua seja visivel, peque numa máquina fotográfica (digital ou analógica) e tire uma foto da Lua. Poderá usar um tempo de exposição de 1/60s por exemplo. Verificará de certeza que apenas a Lua aparece na imagem. Só se por acaso uma das poucas estrelas de primeira magnitude ou um dos planetas mais brilhantes estiverem no campo de visão é que aparecerá esse astro a acompanhar a Lua.
Fez bem em duvidar e procurar o esclarecimento. Em Ciência essa é a atitude correcta. E também não deve tomar por certa a palavra de alguém apenas porque é professor ou cientista ou doutor; procure outras fontes que corroborem essa informação ou, como é o caso, faça a experiência que lhe proponho acima e verifique por si mesmo.
Author
o Rui fez muito bem em responder 😉
Até porque respondeu muito melhor do que eu alguma vez o faria 😉
Eu só diria para fazer a experiência: vá até lá fora e tire fotos. E assim verá que as estrelas não aparecem devido ao tempo de exposição ser curto 😉
Mas o Rui explicou muito melhor 😉
Obrigado 😉
Uma foto muito bonita!
Mas prof. Carlos, poderia me tirar uma dúvida?
Por que as estrelas não aparecem nessa foto? como um pano de fundo da imagem?
Pergunto isso porque muitas vezes algumas pessoas ficam dizendo que tais fotos são falsas, pois as estrelas não aparecem…
claro que não penso dessa forma, mas sempre fico sem saber o que argumentar, pois realmente não sei explicar isto…
desde já agradecido^^
À distância de 142.000.000 kms a Terra é um minúsculo ponto com apenas 0,005147º (ou 18,5″ de arco). Comecei por duvidar seriamente que a instrumentação a bordo da HiRISE pudesse fe facto tirar tal foto à Terra, com todo aquele detalhe.
Depois fui à procura das especificações da instrumentação da sonda e fiquei abismado…
A sonda está equipada com um telescópio óptico, cm um espelho de 50cm de diâmetro, a trabalhar a f/24. É capaz de resolver pormenores de 30cm por píxel na superfície de Marte, a 300 km de altitude!
Impressionante!!
Características do telescópio em: http://marsoweb.nas.nasa.gov/HiRISE/instrument.html