Andrew Ryan, doutorando da Arizona State University, realizou uma descoberta surpreendente em imagens da superfície de Marte obtidas pela câmara HiRISE da sonda Mars Reconnaissance Orbiter. Em Cerberus Palus, uma planície situada a sudoeste de Athabasca Valles, Ryan identificou 269 espirais sobrepostas numa superfície adornada com padrões poligonais, uma morfologia que denuncia a origem vulcânica desta região.
Espirais sobre padrões poligonais fotografados em Cerberus Palus pela câmara HiRISE da sonda Mars Reconnaissance Orbiter.
Crédito: NASA/JPL/University of Arizona.
Imagem de contexto mostrando a paisagem típica de Cerberus Palus. São visíveis duas crateras sobrepostas a grandes fracturas entre placas de terreno aparentemente deslocadas da sua posição inicial. A superfície retratada na imagem de cima situa-se no extremo norte da cratera de pedestal, junto à margem sul de uma das fracturas (rectângulo branco).
Crédito: NASA/JPL/University of Arizona.
Os padrões poligonais são muito comuns na superfície de Marte e podem ser formados em fluxos de lava ou em regolito com grandes quantidades de gelo subsuperficial. A densidade de crateras na região de Athabasca Valles sugere que toda a superfície se formou há apenas 200 milhões de anos, pelo que a sua localização junto ao equador exclui a presença de quantidades apreciáveis de gelo no subsolo desde a sua formação. Athabasca Valles estende-se por cerca de 300 km desde Cerberus Fossae, um conjunto de fissuras dispostas a nordeste, numa orientação perpendicular ao vale. Alguns investigadores sugerem que toda a região foi coberta por grandes volumes de lava provenientes de uma das fissuras de Cerberus Fossae, pelo que os padrões poligonais de Cerberus Palus deverão ser de origem vulcânica.
A descoberta das espirais sobre os padrões poligonais de Cerberus Palus vem dar mais consistência à hipótese destes terrenos terem tido origem em fenómenos vulcânicos. Na Terra, as espirais de lava formam-se em fluxos de lava activos ou estagnados, ou em lagos de lava. A maioria é gerada em zonas de fluxo lento (como, por exemplo, as margens de pequenos canais) pela acção de um fenómeno conhecido por instabilidade de Kelvin-Helmholtz.
Espiral de lava no vulcão Kilauea, no Hawaii.
Crédito: USGS.
As espirais de Cerberus Palus (pormenor da primeira imagem).
Crédito: NASA/JPL/University of Arizona.
Geralmente, as espirais de lava terrestres não ultrapassam os 10 metros de diâmetro, porém as suas congéneres marcianas são significativamente maiores. Ryan e o seu orientador Philip Christensen identificaram espirais com diâmetros compreendidos entre os 5 e os 30 metros.
Podem ler mais pormenores desta descoberta no artigo publicado na quinta-feira passada na revista Science (clicar aqui).
3 comentários
tá ai uma pessoa que definitivamente não acompanha o blog…rsrsrsrsr
São eles, são os E.T’s que desenharam as linhas de Nazca estão agora a desenhar em Marte. Malandros! 🙂
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LOL 😛