(55 Cancri-e vista do espaço junto à sua estrela hospedeira. Crédito: Space.com)
Uma equipa de cientistas que inclui Brice-Olivier Demory (MIT, primeiro autor), Michael Gillon (Universidade de Liege), Sara Seager (MIT), Bjoern Benneke (MIT), Drake Deming (Universidade de Maryland) e Brian Jackson (Carnegie Institution) disponibilizaram na Internet um artigo no qual dão conta da detecção da emissão infravermelha proveniente do planeta 55 Cancri-e, uma Super-Terra, ou Sub-Neptuno, que orbita a estrela hospedeira em apenas 17.7 horas e cujos trânsitos foram descobertos há sensivelmente um ano. A equipa utilizou o telescópio espacial de infravermelhos Spitzer para observar quatro eclipses secundários do sistema, isto é, ocultações do planeta 55 Cancri-e pela sua estrela hospedeira, no comprimento de onda de 4.5 micrometros. A geometria dos eclipses secundários é representada na figura que se segue.
Note-se que imediatamente antes (e imediatamente depois) do eclipse do planeta pela estrela, a face diurna do planeta está quase na totalidade voltada para a Terra. Observações feitas nesses instantes permitem determinar a luminosidade infravermelha total da estrela e do lado diurno do planeta. Durante a ocultação do planeta, apenas a luminosidade infravermelha da estrela é observada. Subtraindo os dois valores podemos determinar a luminosidade infravermelha do lado diurno do planeta e com isso obter uma boa ideia da temperatura da sua atmosfera. A equipa mediu eclipses secundários com uma profundidades de 131 (+/-28) ppm (partes por milhão) o que se traduz numa temperatura atmosférica de 2360 (+/-300) Kelvin! As observações realizadas parecem implicar que o albedo do planeta (a fracção de luz recebida da estrela que ele reflecte para o espaço) é muito baixo. Por outras palavras, visto do espaço, 55 Cancri-e teria uma aparência escura. É também provável que o planeta transfira de forma muito ineficiente o calor acumulado no lado diurno para o seu lado nocturno, dando origem a grandes gradientes de temperatura. Finalmente, a detecção e a medição dos instantes em que ocorreram os eclipses secundários permitiu determinar com mais exactidão a forma da órbita do planeta (a sua excentricidade), anteriormente estimada em 0.25 e que estas observações colocam em apenas 0.06, portanto muito próxima de uma órbita circular (uma excentricidade de 0 corresponde a uma órbita circular).
(Órbitas com diferentes excentricidades com a posição da estrela (círculo negro) num dos focos. Crédito)
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