Eu reconheço que o título é uma vã tentativa minha de dar um pouco de poesia romântica à descoberta…
Mas a descoberta em si é realmente importante.
No nosso sistema solar, Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol, e daí também ser o planeta que tem a órbita mais rápida: 88 dias.
Foram descobertos dois planetas ao redor da estrela Kepler 36, que se encontra a cerca de 1.200 anos-luz de distância e tem 6,8 mil milhões de anos de idade (é sub-gigante, já que é cerca de 2,4 mil milhões de anos mais velha que o Sol).
Kepler-36b é um planeta rochoso (como a Terra), 4,5 vezes mais massivo que a Terra e somente 1,5 vezes maior que a Terra, que está tão próximo da estrela que a sua órbita demora somente 13,8 dias.
Kepler-36c é um planeta como Neptuno, 8,1 vezes mais massivo que a Terra e 3,7 vezes maior que a Terra, que está pouco mais longe, tendo uma órbita de 16,2 dias.
Ou seja, as duas órbitas, estão bastante próximas! Na verdade, a cada 97 dias, os dois planetas encontram-se a somente 2 milhões de kms um do outro (cerca de 5 vezes a distância da Terra à Lua). São os planetas mais próximos um do outro, encontrados até hoje.
A proximidade das suas órbitas levanta questões sobre a sua formação…
Se o nosso sistema solar tivesse esta configuração, além da Terra estar praticamente “em cima” do Sol, do outro lado, teríamos esta visão de Neptuno no céu (com a Lua na esquerda):
5 comentários
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Um gigante das proporções de Netuno passando tão perto de uma super-terra rochosa, deve causar uma atividade geológica intensa, por efeitos gravitacionais, análogo ao que acontece em Io, lua de Júpiter.
Ou seja, o autor da concepção artística realmente sabia o que estava representando, o planeta deve mesmo ser vulcânico, bem vulcânico.
Numa analogia a Terra, se fosse possível, creio que a cada 97 dias o efeito nas marés seria catastrófico. Temos sorte dos gigantes, aqui no Sistema Solar, estarem seguramente longe. 🙂
Plutão “deixou de ser planeta” por falhar o terceiro critério da nova definição de planeta adoptada pela IAU em 2006. Vejam aqui:
http://en.wikipedia.org/wiki/IAU_definition_of_planet
Claramente, um dos planetas no sistema Kepler-36 também não cumpre esta condição e deveria ser despromovido, pela mesma lógica.
Parece-me que uma definição baseada nos 2 primeiros critérios apenas seria muito mais clara. Ficaríamos com muitos planetas no Sistema Solar. Não vejo nenhum problema nisso…
Bem observado, Luís.
Também não estou de acordo com o terceiro critério, e alteraria o primeiro critério. Estamos a reduzir a definição de planeta ao Sistema Solar quando já conhecemos mais de 750 planetas a orbitar outras estrelas. Claro que existem depois outros objectos semelhantes sem elos gravitacionais com estrelas. Esses poderiam manter uma designação diferente (gosto do termo planemo).
Boa noite, sr. Carlos.
Onde diz «…os dois planetas encontram-se a somente 2 milhões de kms um do outro (cerca de 5 vezes a distância da Terra à Lua)» não será «cerca de 5 vezes “menos” a distância da Terra à Lua»? Parece-me que li dessa maneira numa notícia de um jornal online (e, a julgar pela concepção artística inserida no seu post, deve ser assim…).
Parabéns pelo blog e pelo seu contributo (e dos outros que aqui participam) em divulgar conhecimento verdadeiramente fundamentado!
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Olá Sérgio,
A Lua está, em média, a cerca de 385 mil kms da Terra.
Os dois planetas, quando estão mais perto, estão a quase 2 milhões de kms um do outro.
2 milhões é cerca de 5 vezes mais que 385 mil 😉
A concepção artística está correcta, porque o planeta é muito maior que a Lua, logo no céu vai parecer muito maior, apesar de estar mais longe 😉
A Terra é cerca de 4 vezes maior (em diâmetro) que a Lua.
Este planeta como Neptuno é quase 4 vezes maior que a Terra, ou seja, 16 vezes maior que a Lua.
Sumarizando: o planeta é 16 vezes maior que a Lua, e estaria 5 vezes mais longe da Terra que a Lua (caso estivesse por aqui).
abraços!