A vida é muito mais resistente do que alguma vez pensamos!
Não só a encontramos nos locais mais inesperados, como a submetemos a duros testes e, ainda assim, alguns organismos vivem!
Um dos mais duros testes que poderíamos imaginar é levar seres vivos para o espaço.
Foi isso que foi feito na experiência Expose-E da Agência Espacial Europeia (ESA) na Estação Espacial Internacional (ISS), cujos resultados são agora publicados num número especial da revista científica Astrobiology.
Em 2008, foram levados para a ISS (numa espécie de caixa) um conjunto de compostos orgânicos e seres vivos por forma a testar a sua reacção ao espaço. A experiência decorreu entre 15 de Fevereiro de 2008 e 2 de Setembro de 2009. Foram estudados os seguintes aspectos relacionados com a Astrobiologia:
- Dinâmica química da evolução prébiótica, tal como ocorre no meio interestelar ou as nuvens da lua de Saturno, Titã;
- Estabilidade dos compostos orgânicos e microorganismos em condições que simulas as da superfície marciana;
- O papel da radiação UV solar na evolução de biosferas;
- Problemas de protecção planetária em possíveis missões a Marte;
- Probabilidade de uma litopanspermia: a transferência interplanetária de vida a partir de rochas expelidas devido a impactos.
Como explica René Demets, da ESA, com esta experiências “estamos a explorar os limites da vida”.
Os seres vivos foram expostos a duras condições, como radiação UV muito intensa e temperaturas que variavam entre -12ºC e 40ºC.
Dos seres vivos, parece que os líquenes foram dos mais resistentes, não só aguentando estas adversidades, como continuando a crescer normalmente após o regresso à Terra. Estes resultados podem ser inspiradores no desenvolvimento de novos ingredientes a serem usados em protectores solares!
As sementes de algumas plantas também resistiram.
Os esporos bacterianos (forma de resistência de algumas bactérias) resistiram também à experiência, embora fossem significativamente afectados pelas radiações cósmicas quando estavam em monocamada (mais desprotegidos). Isto indica que, numa hipotética missão a Marte, desde que protegidos da radiação cósmica, estes esporos resistiriam e, com eles, as bactérias.
Uma das ideias que também parece permear estes resultados é a de que a panspermia é possível. Embora considere que há evidências suficientes que indiquem a possibilidade da origem química da vida na Terra, é com certeza importante saber se a “migração” de seres vivos entre planetas à boleia de asteróides é ou não possível.
O comunicado da ESA pode ser lido aqui.
(Actualização)
Recentemente, numa outra experiência, foi também testada a resistência dos líquenes a condições que simulavam as do planeta Marte. Podem ler sobre isso neste post do Sérgio Paulino.
4 comentários
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Excelente texto, Diana 🙂 A juntar ao excelente texto do Sérgio, isto é “música” para quem quiser perceber mais sobre estas experiências 🙂
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Obrigada! 😉
Outro artigo relacionado com este assunto: http://www.astropt.org/2012/05/19/liquens-antarcticos-poderao-sobreviver-na-superficie-de-marte/. 😉
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Tens toda a razão!
Escapou-se-me essa referência.
São resultados complementares 🙂
Assim que possa, adiciono ao post! 😉