E a contagem continua a aumentar! Foi hoje anunciada a descoberta de um novo satélite de Plutão! Designado provisoriamente S/2012 (134340) 1, o novo objecto foi identificado em 9 conjuntos distintos de imagens obtidas pelo telescópio espacial Hubble entre 26 de Junho e 9 de Julho.
O sistema plutoniano numa imagem obtida pelo telescópio espacial Hubble no dia 07 de Julho de 2012. A nova lua de Plutão (aqui identificada como P5) encontra-se assinalada com um círculo verde.
Crédito: NASA/ESA/M. Showalter (SETI Institute).
Aparentemente, S/2012 (134340) 1 é a mais pequena das cinco luas de Plutão até agora conhecidas. O seu diâmetro deverá situar-se entre os 10 e os 25 km (assumindo um albedo geométrico entre 0,04 e 0,35), um tamanho ligeiramente inferior ao de S/2011 (134340) 1, até agora o mais pequeno objecto do sistema. O seu movimento é consistente com uma órbita quase circular e provavelmente coplanar com as órbitas das restantes luas, com um período de apenas 20,2 ± 0,1 dias. Estes valores colocam S/2012 (134340) 1 a uma distância média de 42.000 ± 2.000 km do baricentro do sistema, próxima de uma ressonância orbital 1:3 com Caronte.
A nova descoberta resultada de uma campanha sistemática de monitorização do sistema de Plutão, realizada como suporte à missão New Horizons. A equipa da missão espera desvendar o maior número de objectos na órbita do pequeno planeta antes da passagem da sua sonda em 2015. O objectivo primário desta campanha é o de mapear regiões de concentração de detritos orbitais que possam constituir um potencial perigo para os sistemas vitais da New Horizons quando esta atravessar o sistema a mais de 48 mil quilómetros por hora de velocidade.
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Ótima descoberta! Não se ouve muitas informações sobre Plutão, é sempre bom saber algumas novidades sobre ele! Essa
New Horizons é aquela sonda que vai sair do sistema solar ou ela vai orbitar Plutão?
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Olá Diego
A New Horizons vai passar a curta distância de Plutão, seguindo depois para um encontro com outro objecto da Cintura de Kuiper (ainda por definir). Desconheço qual será o destino da missão depois deste segundo encontro.
Já alguma vez vos disse que Plutão é fofinho? 😉
E frio! Brrrrr!
Jonatas, a ciência está em constante evolução, por isso o caso de Plutão e Caronte não está totalmente resolvido.
É verdade que o centro de massa entre eles está fora de Plutão, mas isso não é levado em conta na definição de planeta anão, ou de lua.
Atualmente a UAI não classifica Caronte como planeta anão, e sim como lua de Plutão.
Por isso, goste-se ou não, Plutão (planeta anão) tem 5 luas, e Caronte é uma delas.
Será que estas luas são fruto de uma colisão Plutão x Charon?
Ou uma passagem do sistema binário dentro do limite de Roche?
Acho que são astros muito pequenos para terem conservado resíduos da sua formação como se fossem um micro sistema solar. Também acho difícil a formação do sistema por captura.
As análises que a sonda New Horizon fizer podem lançar alguma luz (valendo o trocadilho, hehehe).
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Olá José,
Excelente pergunta! 🙂
A descoberta destes objectos aponta para isso mesmo. Caronte e as outras 4 pequenas luas foram certamente frutos da colisão de Plutão com outro objecto da Cintura de Kuiper. Este evento deverá ter acontecido pouco tempo depois da formação de Plutão, porque só assim se explicam as características das órbitas dos seus satélites, em particular a estabilização do sistema através de ressonâncias orbitais.
Quanto à existência de detritos na órbita de Plutão, não seria assim tão invulgar. Muitos dos detritos lançados no espaço pela colisão poderão ter formado pequenos anéis, mantidos ao longo de milhares de milhões de anos pelos mesmos mecanismos que mantêm os anéis mais exteriores de Saturno, ou seja, o impacto de micrometeoritos na superfície das luas vizinhas.
Obrigado por responder tão prontamente, Sérgio.
Só vou corrigir a minha terceira frase que ficou com redação um pouco confusa:
Acho que Plutão e Charon são astros muito pequenos para terem conservado resíduos da sua formação como se fossem um micro sistema solar.
Author
Ah, OK. Compreendi. 🙂
Excelente!!! 🙂
Olá pessoal, será que devemos considerar que Plutão tem cinco luas ou que o Sistema Plutão-Caronte tem 4 luas ou então que o sistema plutoniano tem Seis Objetos (dois Planetas Anões e quatro asteróides gelados)?
Caronte (objeto planetário que perfaz quase ou todos os critérios para ser Planeta-Anão), assim como as demais luas, não gira ao redor de Plutão!, mas ao redor do baricentro gravitacional dos dois, que fica FORA do corpo de Plutão, e ao redor do qual Plutão também gira, um caso único entre os Planetas, algo que só foi observado em asteróides e em estrelas.
E então, como será que vai ficar? Acho que o certo seria considerar uma dupla de planetas anões. 🙂
Concordo totalmente com você Jonatas!!! Plutão-Caronte formam um sistema duplo de planetas anões.
Author
Olá Giancarlo,
Tal como diz o Ricardo Reis (no seu comentário em baixo), a questão de Caronte está ainda por resolver. Caronte ainda não está classificada como planeta-anão. A UAI continua a classificá-la como lua de Plutão. É verdade que o centro de massa do sistema se encontra algures entre Caronte e Plutão, mas esse não é só por si um critério válido para a definição de planeta-anão.
Existe no FAQ da UAI uma questão acerca deste assunto (ver http://www.iau.org/public/pluto/):
Q: Is Pluto’s satellite Charon a dwarf planet?
A: For now, Charon is considered just to be Pluto’s satellite. The idea that Charon might qualify to be called a dwarf planet in its own right may be considered later. Charon may receive consideration because Pluto and Charon are comparable in size and orbit each other, rather than just being a satellite orbiting a planet. Most important for Charon’s case as a dwarf planet is that the centre of gravity about which Charon orbits is not inside of the system primary, Pluto. Instead this centre of gravity, called the barycentre, resides in free space between Pluto and Charon.
A UAI tem ainda muito a esperar nas eleições de critérios, sabemos da atual classificação de Caronte como lua, de Vesta como asteroide, e de uma infinidade de objetos como Orcus, Quaoar, Sedna, Varuna, Íxion, que são atualmente catalogados como asteroides ou planetoides, porque a incerteza a cerca de suas dimensões e esfericidade ainda os impede de serem classificados como Planetas-Anões, mesmo alguns parecendo poder serem maiores que Ceres, que já é reconhecido um Planeta Anão, ainda não se há certeza.
O fato é: é muito difícil estudar e ter certeza do tamanho de astros pequenos tão distantes. Plutão é um dos maiores e mais próximos, mesmo assim até o Hubble tem dificuldade em observa-lo.
Os especialistas estimam que esses astros, por serem feitos de gelo, podem atingir o equilíbrio hidrostático (formato esférico) em dimensões menores que a de Vesta (que é rochoso e mede 530 km), algo em torno de 400 km. A referência a essa medida está também nas luas dos planetas gigantes, Mimas, de Saturno, é o menor objeto esférico já observado seguramente, tem 400 km de diâmetro, o mesmo tamanho de Proteus, lua de Netuno com formato de irregular para regular, significando que essa é uma medida média de em qual tamanho um astro gelado consegue ser esférico, que sua gravidade supere a rigidez.
Olá Jonatas,
Colocas aqui uma série de excelentes questões. E outras pessoas poderão colocar ainda mais questões.
É precisamente por haver tantas dúvidas e tantas possibilidades na nomenclatura de objectos no Sistema Solar (e fora dele), que existe uma instituição internacional, a IAU União Astronómica Internacional), que detém o privilégio, reconhecido por todas as nações, de definir tudo o que respeite à nomenclatura e classificação de corpos celestes.
Mesmo antes da descoberta de Caronte, já havia quem considerasse o sistema Terra-Lua um planeta duplo, devido à relação de massas (1 para 81). Por maior força de razão se poderia considerar o sistema Plutão-Caronte, em que a relação de massa é de 1:9. Mas a verdade é que a IAU não considera essa possibilidade. Na nomenclatura do Sistema Solar, não existe essa designação. Assim, temos que no Sistema Terra-Lua, em que ambos os corpos orbitam em torno do baricentro, é o baricentro que descreve uma órbita elíptica em torno do Sol e, no caso de Plutão-Caronte, é também o baricentro que descreve essa órbita elíptica. Qual deles é o planeta e qual deles é o satélite? O corpo maior é o planeta.
Esta questão do baricentro é irrelevante pelo seguinte:
Considera o Sistema Sol-Júpiter.
O raio do Sol tem um raio equatorial de 695.500km e massa de 1,9891X10^30kg.
Por sua vez, Júpiter está à distância média de 778.547.000km e tem a massa de 1,8986X10^27kg.
Vendo a relação de massas, temos 1,9891X10^30kg / 1,8986X10^27kg = 1,047X10^3. Ou seja a relação de massas é de 1:1047 e portanto o baricentro do sistema Sol-Júpiter está 1047 vezes mais próximo do Sol que de Júpiter. Agora o curioso é que se dividirmos a distância entre os dois por 1047, obtemos 778.547.000km/1047 = 743.597km.
O raio do Sol é de 695.500km e o baricentro fica a 743.597km do centro do Sol.
Conclusão: O baricentro do Sistema Sol-Júpiter fica 48097km acima da fotosfera e portanto fora do Sol. Mas ninguém tem dúvidas em considerar que o Sol é o centro do Sistema Solar.
Da mesma forma, não se deve ter dúvidas que Plutão é o planeta e os restantes corpos de massa menos são os satélites.
ver: http://www.iau.org/static/resolutions/Resolution_GA26-5-6.pdf e http://www.iau.org/public/pluto/ e http://www.iau.org/public_press/news/release/iau0601/newspaper/
Excelente e esclarecedora resposta, mas me deixaste mais uma dúvida: É uma observação astronômica esse baricentro Sol-Júpiter ou apenas uma estimativa matemática? Estaria então o Baricentro do Sistema Solar fora do corpo do Sol? – considerando que Júpiter tem mais de 60 % de toda a massa ao redor do Sol, mais que todo o resto dos Planetas e astros menores por aqui.
Author
Jonatas,
É um facto. O baricentro do Sistema Solar encontra-se acima da fotosfera do Sol. 😉
Jonatas, como confirma o Sérgio Paulino, é mesmo assim. O centro de gravidade do Sistema Solar está fora do Sol e esta estrela descreve uma órbita de 12 anos em torno do centro de massa do Sistema Solar.
Na verdade, este tipo de fenómeno, em que uma estrela com planetas em órbita efectua uma translação em torno do centro de gravidade, leva ao método mais utilizado para descobrir planetas extra-solares.
Passo a explicar: Imagina que estamos numa outra estrela e que estudamos a luz do Sol, mais propriamente o espectro da luz solar. Veremos que durante 6 anos as linhas espectrais (linhas de absorção características de cada elemento) se deslocam para a parte vermelha do espectro (quando o Sol se afasta dessa estrela devido à influência de Júpiter) e depois, nos 6 anos seguintes se deslocam para a parte azul (quando o Sol se aproxima da estrela). Nós, estando nessa estrela, apesar de não vermos Júpiter, poderíamos concluir que um objecto massivo estava a orbitar a estrela num período de 12 anos.
Continuando a observar o espectro electromagnético, com mais precisão e durante mais tempo, poderíamos também notar outras perturbações que levariam à descoberta, pelo menos, dos planetas gigantes. Claro que isso levaria décadas. E é por isso que nós por enquanto só estamos a descobrir planetas gigantes muito próximos das estrelas que estudamos. Porque a influência é grande e o período de translação é curto, o que facilita a deteção.
Ops… eu estava mesmo desatualizado. Se me perguntassem, Plutão ainda só tinha 3 satélites. Passou-me despercebida a descoberta do 4º satélite no ano passado.
Obrigado pela info 🙂
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