Degelo “Recorde” na Groenlândia – Motivo de Preocupação?

Nesta semana, a NASA publicou uma notícia que reacendeu o sinal sobre as Mudanças Climáticas (ou Aquecimento Global Antropogênico, se preferir). No artigo Satellites See Unprecedented Greenland Ice Sheet Surface Melt está contido uma imagem de satélite que, a princípio, causa consternação ao mais desavisados:

Crédito: Nicolo E. DiGirolamo, SSAI/NASA GSFC, e Jesse Allen, NASA Earth Observatory

 

No artigo, destaco alguns trechos:

For several days this month, Greenland’s surface ice cover melted over a larger area than at any time in more than 30 years of satellite observations.”

(…)

(…) experienced some degree of melting at its surface (…)

(…)

Near the coast, some of the melt water is retained by the ice sheet and the rest is lost to the ocean. But this year the extent of ice melting at or near the surface jumped dramatically. According to satellite data, an estimated 97 percent of the ice sheet surface thawed at some point in mid-July.”

(…)

The Greenland ice sheet is a vast area with a varied history of change

(…)

Para ler o artigo completo, clique aqui.

 

A Superficialidade da Leitura que Pode Induzir ao Erro

A simples visualização da imagem e/ou a falta de ler o original no sítio da NASA – apenas repassando a notícia – leva-nos a “crer” que a ilha da Groenlândia perdeu 97% de todo o gelo contido nesta. Se o cidadão fizer uma pesquisa no Google, perceberá alguns importantes veículos de notícias contendo em suas chamadas, palavras e expressões linguísticas do tipo: “extraordinário”, “sem precedentes”, etc. Na verdade, a Groenlândia não perdeu sua camada de gelo tal como parece ser: o que ocorreu foi uma pequena diminuição na espessura desta – que, desde o início das medições, na década de 70, vem-se observando uma diminuição em torno de 50-55% da camada superior de gelo, em épocas de verão, visto em toda extensão territorial. Entretanto, neste verão do Hemisfério Norte, foi detectado uma diminuição em sua espessura em 97% da superfície de gelo nesta ilha – evento inédito desde que começaram as medições, há 30 anos. Contudo, é mister ressaltar que 30 anos de estudos não se sobrepõem aos 65 milhões da Era Cenozoica – cujos continentes se encontram geograficamente na fase atual.

 

O que nos levar a fazer a pergunta quase que obrigatória: é o homem responsável por tal fenômeno? Penso que ainda é cedo para termos uma resposta concreta. Contudo, existem evidências para pensarmos ser, antes de mais nada, um evento cíclico. É sabido que a cada 150 anos, em média, o território pertencente à Dinamarca passa por essa mudança de estado físico: fusão do gelo. Como o último que se tem notícia foi em 1889, dentro da idade geológica da Terra, está dentro do padrão. 

É sabido também que a Groenlândia, na época conhecida como Período Quente Medieval (século XI) dispunha de áreas para desenvolvimento da agricultura (mais à costa da ilha). Também pode explicar a expansão bárbara pelos mares do norte e a chegada desses povos até a província de Labrador – anteriormente conquistada pelos franceses. Por isso a etimologia da palavra em dinamarquês: Grønland – que significa “terra verde”.

Leia a notícia na BBC BrasilDaily MailUSA Today, G1, PÚBLICO e UOL.

14 comentários

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  1. Excelente texto contra o sensacionalismo da “era internet” e da “era Facebook” 😉

    1. Obrigado, Carlos. 😉

      Abraços.

  2. Estimado Cavalcanti,
    Gostei muito de sua ponderação. Em novembro próximo, coordenarei um Simpósio sobre Vegetação e Mudanças Globais no Congresso Nacional de Botânica em Joinville-SC e seu texto certamente será mencionado por este que vos fala.
    Abs. e parabéns,
    Pedro

    1. Olá Pedro,

      Estava no trabalho só sendo possível ver agora seu comentário. Agradeço as palavras amistosas e lisonjeado pela citação do texto em Simpósio.

      Abraços.

    • Renato Romão on 01/08/2012 at 21:24
    • Responder

    Olá Cavalcanti.

    Mais uma vez, obrigado pela informação. É necessário este peso no lado correcto da balança (ponderação na informação). 😉

    Aquele abraço!

    1. Olá Renato.

      Não tem o que agradecer. 😉

      Grande abraço.

    • António Castanheira on 28/07/2012 at 10:31
    • Responder

    Bom post, acabo justamente de rebater, num outro blog, a falsa ideia de que 97% da Gronelândia derreteu…

    Chamo apenas a atenção contra a falácia da Gronelândia ter sido verde:

    “The name Greenland comes from the early Scandinavian settlers. In the Icelandic sagas, it is said that Norwegian-born Erik the Red was exiled from Iceland for murder. He, along with his extended family and thralls, set out in ships to find a land rumored to lie to the northwest. After settling there, he named the land Grœnland (“Greenland”), supposedly in the hope that the pleasant name would attract settlers”

    Na verdade a ilha nunca foi verde, pelo contrário, há cerca de 20 000 anos atrás, no fim da última glaciação, o gelo chegava até à latitude da cidade de Londres.

    1. Obrigado, Castanheira. 😉

      O artigo foi corrigido também com a ajuda do dono do sítio fakeclimate.wordpress via e-mail – que auxiliou em uma correção ainda melhor.

    • Manel Rosa Martins on 28/07/2012 at 04:45
    • Responder

    Ua lufada de ar fresco de boms enso e boa análise da observação da NASA, tenho tentado o emu melhor para colocar esta notícia em contexto e este teu Post é um resumo excelente.

    Tem havido enorme falta de rigor e muito sensacionalismo gartuito em torno desta notícia.

    1. Obrigado pelas palavras amistosas, Manel. 😉

      Possuo bastante apreço por suas colocações – sempre engrandecedoras.

      Abraços. 🙂

  3. A Internet está virada nisso mesmo: Muita “Notícia” *quanto mais chamativa e sensacional melhor, é o que as pessoas querem*, e pouca “Informação” *é o que as pessoas precisam*.
    Mas para o que as pessoas precisam, aqui está o AstroPT e o artigo do Sr. Cavalcanti. Parabéns, muito bom. 🙂

    1. Obrigado, Jonatas. 😉

      Abraços.

  4. Parabéns pela análise ponderada da notícia, Cavalcanti.

    Infelizmente tenho lido, especialmente no facebook, várias frases alarmistas e referências a notícias veículadas por alguns mass media, em que a ideia dominante é a de que o gelo derreteu e que os oceanos poderão subir até 8 metros…
    E vale de muito pouco lembrar-lhes que é apenas a camada superficial que derrete e que muita dessa água volta a congelar. A partir de agora, passarei a colocar lá o link desta página 😉

    1. Agradeço pelas palavras amistosas, Rui. 😉

      Decerto que boa parte desta camada voltou a solidificar-se.

      Abraços.

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