Sagan sobre a placa da Apollo 11
Placa deixada presa na base do módulo lunar da Apollo 11, e que por lá irá continuar por mais alguns milhões de anos.
A placa é assinada pelos 3 astronautas da Apollo 11 e pelo presidente americano da altura, Richard Nixon.
A placa diz (tradução livre): “Homens do planeta Terra chegaram pela primeira vez à Lua em Julho de 1969. Viemos em paz por toda a Humanidade.”
Carl Sagan escreveu no seu livro “Pale Blue Dot” (tradução livre):
“Para mim, a maior ironia das missões Apollo que pousaram na Lua é a placa assinada pelo presidente Richard M. Nixon que a Apollo 11 levou para a Lua. Lá está escrito: “Viemos em paz por toda a Humanidade”. Ao mesmo tempo que os EUA deixavam cair 7,5 megatoneladas de explosivos sobre o Sudeste da Ásia, nós congratulamo-nos pela nossa humanidade: nós não faríamos mal a ninguém numa rocha sem vida no espaço.”
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Carlos Oliveira
Carlos F. Oliveira é astrónomo e educador científico.
Licenciatura em Gestão de Empresas.
Licenciatura em Astronomia, Ficção Científica e Comunicação Científica.
Doutoramento em Educação Científica com especialização em Astrobiologia, na Universidade do Texas.
Foi Research Affiliate-Fellow em Astrobiology Education na Universidade do Texas em Austin, EUA.
Trabalhou no Maryland Science Center, EUA, e no Astronomy Outreach Project, UK.
Recebeu dois prémios da ESA (Agência Espacial Europeia).
Realizou várias entrevistas na comunicação social Portuguesa, Britânica e Americana, e fez inúmeras palestras e actividades nos três países citados.
Criou e leccionou durante vários anos um inovador curso de Astrobiologia na Universidade do Texas, que visou transmitir conhecimento multidisciplinar de astrobiologia e desenvolver o pensamento crítico dos alunos.
7 comentários
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A ideia de que os objetivos da Apollo eram 100% políticos, parece-me discutível.
Para mim, a suposta divisão entre “ciência” (pura) e “política” (impura) é uma dicotomia muito exagerada e (no fundo) de natureza ideológica, sendo por isso demasiado subjectiva.
Penso que (pelo menos 40% da Apollo foi científico), a menos que os desenvolvimentos técnicos de engenharia aeroespacial não sejam contabilizados como “científicos”, por serem menos “nobres” do que da astronomia, física, etc… que (claro) são conhecimento puro sem nenhuma aplicação militar.
O dinheiro das Missões Apollo foi gasto no planeta terra. Em salários e na criação de novos empregos e em desenvolvimento de novas tecnologias. Foi um investimento na indústria aeroespacial. A ida á lua foi uma desculpa. Uma meta “espetacular” e assumidamente retórica (uma decisão descomplexada e livre do “politicamente correto”) a alcançar, em termos de “visibilidade” mundial, que viabilizou politicamente os investimentos.
Os financiamentos permitiram um forte desenvolvimento da tecnologia aeroespacial, incluindo os circuitos integrados, (e isto será mais importante do que muitos se apercebem) e são uma decisão política, não de natureza puramente partidária, mas sim de “política científica e industrial”.
Foi algo que foi “visível” (compreensível) para uma esmagadora maioria de pessoas ignorantes a nível global, que eram (e continuam a ser) incapazes de compreender e dar valor á ciência.
Eu penso que foi relativamente positivo que se tenha adiado até agora a instalação de enormes bases militares na Lua, tal como se evitou colocar silos de lançamentos de mísseis na Antártica.
Pode muito bem ser que a presença humana na Lua, implique (inevitavelmente) a presença de atividades militares.
Sem a continuação da “guerra fria” na superfície da lua, a presença humana cessou.
Nesse sentido, na minha opinião, essa placa é muitíssimo menos hipócrita do que se possa pensar…
Além disso… Outras atividades do Carl Sagan, quando era mais jovem poderão talvez ajudar a explicar a veemência das suas opiniões contra a guerra e também as suas intervenções apaixonadas sobre o “Inverno Nucelar”.
Sugiro:
1) http://en.wikipedia.org/wiki/Project_A119
2) http://pt.wikipedia.org/wiki/Projeto_A119
A única coisa mais visível do que a alunagem, seria uma detonação nuclear á superfície da lua, para exibir o poder militar Norte-americano dessa época.
É com profunda tristeza que assisto aos comentários dos ignorantes que “duvidam” das missões Apollo.
Por vezes penso que uma violenta detonação nuclear na lua para poder ser visível da terra (pelas mesmas razões típicas da mentalidade dos anos 50) ainda é algo que, lamentavelmente, ainda poderá acabar por acontecer num futuro distópico deste tipo http://pt.wikipedia.org/wiki/Idiocracy / http://en.wikipedia.org/wiki/Idiocracy
3) http://en.wikipedia.org/wiki/Nuclear_winter
4) http://pt.wikipedia.org/wiki/Inverno_nuclear
Uma forte “politização ideológica” da ciência terá feito parte da polêmica sobre o inverno nuclear.
“Russell Seitz, um associado da Universidade de Harvard, disse que toda a polêmica sobre o assunto cai fora da ciência e se baseia em uma questão política, e que essa politização da ciência é suficiente para produzir o anúncio de meras conjeturas como se fossem fatos comprovados. Reforçou sua opinião com declarações de outros cientistas respeitados como Freeman Dyson, Victor Weisskopf e Richard Feynman, e teve boa receptividade em setores conservadores, mas foi veementemente atacada pelo grupo TTAPS.”
“The original work by Sagan and others was criticized as a “myth” and “discredited theory” in the 1987 book Nuclear War Survival Skills, a civil defense manual by Cresson Kearny for the Oak Ridge National Laboratory. Kearny said the maximum estimated temperature drop would be only about by 20 degrees Fahrenheit (11 degrees Celsius), and that this amount of cooling would last only a few days. He also suggested that a global nuclear war would indeed result in millions of deaths from hunger, but primarily due to cessation of international food supplies, rather than due to climate changes.”
Quanto á lua… a tal placa poderia ter dito, “isto está aqui porque o projeto A119 foi cancelado”.
A mensagem da “placa” também pode ser entendida como: “desta vez viemos em paz, mas, se nos obrigarem a isso, podemos voltar cá, sem ser (necessariamente) dum modo pacífico.
Citação do artigo na Wikipedia:
“A existência do projeto A119 permaneceu praticamente em segredo até meados da década de 1990, quando o escritor Keay Davidson esbarrou na história enquanto pesquisava a vida de Carl Sagan para uma biografia.
Davidson só descobriu o envolvimento do cientista com o Projeto A119 pois, ao entrar com a aplicação de uma bolsa de estudos acadêmicos no Berkeley Miller Institute em 1959, ele dera detalhes sobre as pesquisas secretas—o que configurava, na opinião do escritor, uma violação da segurança nacional.”
Em qualquer do casos, não duvido minimamente das boas intenções do Carl Sagan, (que até partilho) mas não há dúvida de que se trata dum assunto complexo e em que existem muitas opiniões diferentes… Ironicamente, nenhum ser humano pode dizer o mesmo que o HAL 9000:
“Let me put it this way, Mr. Amor. The 9000 series is the most reliable computer ever made. No 9000 computer has ever made a mistake or distorted information. We are all, by any practical definition of the words, foolproof and incapable of error.” http://en.wikipedia.org/wiki/HAL_9000
Aliás, para compreender um pouco melhor o “espírito de sacrifício” das missões Apollo sugiro que (re)vejam um filme sobre a Guerra da Coreia que Neil Armstrong comenta numa entrevista na Pág. 23:
NASA JOHNSON SPACE CENTER ORAL HISTORY PROJECT
ORAL HISTORY TRANSCRIPT : NEIL A. ARMSTRONG
http://www.hq.nasa.gov/alsj/a11/ArmstrongNA_9-19-01.pdf
O filme:http://en.wikipedia.org/wiki/The_Bridges_at_Toko-Ri
O Tenente Harry Brubaker, hoje novamente na vida civil, serviu como piloto de combate aéreo na Marinha norteamericana durante a Segunda Guerra Mundial. Quando é chamado de volta para uma missão especial, ele reluta porque possui sentimentos contraditórios sobre guerras e deseja dedicar mais tempo à esposa Nancy. Por fim, aceita chefiar a tripulação de um avião bombardeiro, que deverá destruir cinco pontes estrategicamente situadas na Coreia do Norte.
http://pt.wikipedia.org/wiki/As_Pontes_de_Toko-Ri
Nessa mesma entrevista, é referida “alguma” tensão entre os civis e os militares:
BRINKLEY:
We were out at Edwards. I was just wondering if you could comment on the air force’s Dyna-Soar [Dynamic Soaring] program and how did you decide upon the Douglas F5D-1 Skylancer as the suitable demonstrator for parts of the Dyna-Soar flight profile.
And did you develop any procedures based on flying this aircraft?
ARMSTRONG:
Yes, I did. The Dyna-Soar program, of course, was first intended to be a high hypersonic but nonorbital vehicle, and predominantly a research vehicle.
The air force savored the idea of having an operational spacecraft and having their own manned space program separate from NASA.
So the project grew and grew.
Eventually it was not continued; it was canceled perhaps because it grew too much.
Não percebo porque o é que se questiona a ida do ser humano à Lua, porque não o viram, dizem não ter provas. Mas por outro lado acreditam vincadamente no fim do mundo que nunca viram nem o podem provar que acontece (pelo menos não em 2012).
Filipe,
O problema é que os conspiranóicos têm a errada convicção que tudo, absolutamente tudo é manipulado. Isso é tão sério que se chega ao ponto de acreditarem que a própria realidade é uma conspiração (ou ilusão… sabe-se lá de qual natureza…)
Eu não tenho muito estudo, fiz um curso de história e licenciatura e como muitas pessoas, questiono a veracidade da ida do homem a lua até hoje. Acho complicado dar uma aula de história para alunos de ensino médio e afirmar categoricamente que o homem pousou na lua no final da década de 60 do século passado. Este tipo de afirmação minha hoje para muitos ressoa como uma afirmação atrasada, estamos falando de guerra fria,de um período bi-polar, e de uma época que podemos sim questionar esta fato histórico. Esta minha afirmação não diz que eu não acredite, questiono os avanços da época; avanços estes que eu realmente não conheço,tão pouco é a minha área. Claro que se tudo foi uma mentira, foi bem feita, se foi uma verdade o caminho seria o homem fazer este retorno a lua com todas as facilidades dos nossos avanços da nossa astronomia contemporânea. Outra coisa que me questiono seria o fato de não vermos nenhum robozinho a passear pela lua,pois o nosso satélite é um ótimo campo de pesquisa para se buscar novos planetas pelo universo, além do mais é bem mais próximo a mãe Terra. Espero ter me fazer entendido,ou seja, não estou negando este grande fato histórico,apenas levantando ????
Author
Não é uma questão de acreditar, mas sim de evidências 😉
http://www.astropt.org/2012/08/27/missoes-apollo-foram-a-lua/
Simplesmente adoro este sketch.
http://www.youtube.com/watch?v=P6MOnehCOUw
Era a época da guerra fria. Os EUA, queriam vencer a corrida espacial para estarem com um pé a frente da URSS, e o deixaram imprimido no pó da Lua. Mesmo sendo uma viagem com fins políticos e não científicos, o que resultou dessa briga das duas maiores potências da época foi ótimo para o avanço científico mundial.