Literacia Científica nos EUA
Jon Miller fez um estudo sobre literacia científica em 33 países no mundo, em 2005. Na altura descobriu que só 6% dos Portugueses possuem literacia científica. Já nos EUA os números sobem até 25%. Mas mesmo 25% é muito baixo, porque quer dizer que mais de 200 milhões de americanos não possuem conhecimentos de ciência que lhes permite compreender notícias de ciência no New York Times, por exemplo.
Jon Miller não se ficou por 2005. Em vários outros anos fez estudos sobre a literacia científica.
Na imagem de baixo vê-se os resultados de inquéritos feitos em 2004, 2005 e 2008 aos americanos.
No estudo vê-se que, por exemplo:
– 14% dos americanos pensam que o som viaja mais rápido que a luz;
– 33% discordam que a Terra orbite o Sol uma vez por ano;
– 49% pensam que tomates não têm genes, mas pensam que tomates geneticamente modificados têm.
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Carlos Oliveira
Carlos F. Oliveira é astrónomo e educador científico.
Licenciatura em Gestão de Empresas.
Licenciatura em Astronomia, Ficção Científica e Comunicação Científica.
Doutoramento em Educação Científica com especialização em Astrobiologia, na Universidade do Texas.
Foi Research Affiliate-Fellow em Astrobiology Education na Universidade do Texas em Austin, EUA.
Trabalhou no Maryland Science Center, EUA, e no Astronomy Outreach Project, UK.
Recebeu dois prémios da ESA (Agência Espacial Europeia).
Realizou várias entrevistas na comunicação social Portuguesa, Britânica e Americana, e fez inúmeras palestras e actividades nos três países citados.
Criou e leccionou durante vários anos um inovador curso de Astrobiologia na Universidade do Texas, que visou transmitir conhecimento multidisciplinar de astrobiologia e desenvolver o pensamento crítico dos alunos.
9 comentários
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Li recentemente um livro o qual recomendo vivamente intitulado de “Matemática em Portugal – uma questão de educação” de Jorge Buescu. Destrinça uma série de razões e ilustra dados sobre os níveis de analfabetismo de Portugal tanto no século XIX como o actual século (em concreto o ano 2011). NÚMEROS ESMAGADORES que até doem e passo a transcrever: “(…) em 1881 o número de ANALFABETOS na Suécia cifrava-se em 0,4% [WOW!]. Em 1881! Pela mesma época, a Alemanha apresentava 0,51%; a Inglaterra e a Escócia, 1%; a Noruega, 0,08% e a Dinamarca, 0,36%(…)” [fim de transcrição]… EM 2011, no nosso país, PORTUGAL, temos ainda uns VERGONHOSOS e ARREPIANTES 9% , grosso modo, um milhão de habitantes! EM 2011 NOTEM, e, repito de novo, em 2011… dez VEZES MAIS do que a EUROPA desenvolvida no final do….. século XIX! Mais à frente, diz que Portugal, em 1878, tinha uma taxa de analfabetismo de 79%! Adicionalmente a iliteracia científica é muito mais grave….
Com mão-de-obra, em geral, ignara, sem competências não se pode construir um país com emprego de qualidade que possa ajudar a pagar as dívidas externas de forma mais célere. Um país que não aposte forte na Educação e Saúde é um país perdido. Um país que não valorize o esforço nas aprendizagens é um país perdido.
É muito triste
O relatório de PISA 2009 colocava Portugal abaixo do nível médio dos países da OCDE: http://www.oecd.org/pisa/46643496.pdf
O relatório final refere que “(…) os alunos com níveis 5 e 6 podem ser os futuros inovadores que levarão a um avanço do país (…)”. Veja-se quantos alunos temos deste género. http://www.oecd.org/pisa/46660259.pdf (Pág. 24 e 25).
O relatório sobre o desempenho da leitura, interpretação de texto, matemática e ciências está aqui: http://www.oecd.org/pisa/pisaproducts/48852548.pdf
Na página 155 pode-se ver que nas ciências, Portugal está muito abaixo da média da OCDE.
6% dos Portugueses apenas, com literacia científica, e ainda 9% de analfabetos, segundo dados de 2009 do INE.
E a “elite” nem se apercebe disso, pois de facto é ignorante sobre o seu país, os Portugueses não conhecem Portugal.
Portugal é ainda um país muito atrasado, e isso em relação às suas própria potencialidades, sem comparações com outros. Em comparação com os países da UE com os quais estamos em ocorrência directa nas empresas temos, pelo menos, 112 anos de atraso.
Segundo os dados coligidos pelo Matemático João Buescu, da Universidade de Coimbra, no seu ensaio História da Matemática em Portugal, Portugal levou os 100 anos do século 19 a ficar quase na mesma em alfabetização, nesse período alguns países europeus atingiram 100% de alfabetização.
Agora é uma questão de atitude, ou ficamos a queixarmos-nos e a fazer nada para alterar esta triste e vergonhosa realidade ou deitamos mãos à obra para ajudarmos as Escolas, os Professores, e a divulgação e educaçõ científicas.
A escolha é nossa, é livre e é consciente, a responsabilidade também.
Estes péssimos e vergonhosos resultados são o fruto das opções conscientes do passado, pelas opções do acesso elitista ao ensino e pela opção consciente de manter os portugueses iletrados e ignorantes.
Essa opção consciente da estupidificação das massas mantém e até se reforça hoje em dia pela péssima qualidade geral da programação das TV, com a honrosa excepção da RTP que agora se quer destruir, sobretudo a RTP2.
Portanto é uma luta desigual, sem dúvida, a da literacia contra a estupidificação, mas mesmo com meios desiguais, vale a pena lutar, até porque não há outra forma de se melhorar o nosso país.
O problema português nunca se vai resolver porque aqui não se valorizam o saber, o esforço e o trabalho. Basta ver pelos exemplos “superiores” que importam apenas as “cunhas” e as trapaças.
Gostaria de ver também um estudo sobre a literacia científica dos jornalistas que imagino tão baixa ou mesmo inferior à do cidadão comum.
É raro ver num jornal de grande público ou num noticiário radiofónico ou televisivo uma notícia sobre um assunto científico que seja dada com pés e cabeça.
´´49% pensam que tomates não têm genes, mas pensam que tomates geneticamente modificados têm“.
Isso me soou como uma piada.rs
A mim não me parece, já vi pessoalmente pessoas a dizerem isso. Se bem que algumas gostam da variação “não quero cromossomas na minha comida”. É claro que existem preocupações legítimas relativamente aos transgénicos – que é disso que as pessoas normalmente falam, porque organismos geneticamente modificados são praticamente todos, até os da agricultura biológica, pois todos têm sido manipulados pelo Homem desde o início da agricultura – no entanto a maioria dos medos da população baseia-se não em factos mas em pura ignorância do assunto. Assim como a incapacidade de algumas pessoas de separarem a ciência das corporações que abusam dela por lucro.
Pessoas com um certo temor quanto aos transgênicos é totalmente normal. O que é anormal para mim é ver que uma quantidade imensa de pessoas que não conseguem discernir que um vegetal é um ser vivo e que possui genes, e para daí então poder ser modificado.