Pensa-se que é muito mais difícil haver planetas no centro da galáxia… e muito menos planetas que sejam habitáveis. As razões são de diferentes ordens, mas passam pelas órbitas próximas de estrelas que promovem enormes perturbações gravitacionais, por inúmeras explosões de supernovas que exterminam qualquer vida e até destroem um planeta por inteiro, pelo buraco negro supermassivo relativamente próximo que puxa poderosamente tudo o que está relativamente perto, etc.
Tudo isto torna praticamente impossível haver condições estáveis para a vida nessa zona da Galáxia. E também faz com que o gás e a poeira não se consigam juntar convenientemente para formar os planetas a que estamos habituados.
No entanto, a equipa da professora Ruth Murray-Clay, do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, sugere que talvez esta visão seja demasiado redutora. Para esta equipa, a evidência mais forte que se podem formar planetas é a nuvem de hidrogénio e hélio que está a cair em direcção ao centro da Galáxia. (já falamos desta nuvem de gás “condenada”, neste post)
Esta nuvem será um disco protoplanetário que foi tirado a uma estrela.
Sendo assim, isto quer dizer que a estrela foi capaz de formar um disco protoplanetário por alguns milhões de anos, daí que talvez até possa formar planetas ao seu redor.
A estrela-mãe seria parte de um anel de estrelas que orbita o centro galáctico a cerca de 0,1 anos-luz de distância. Este anel contém muitas estrelas de tipo O, e apesar de não serem detectadas, também deverá conter muitas mais estrelas de tipo G (como o Sol). As estrelas do anel, ao interagirem entre si (forças gravitacionais), de vez em quando enviam algumas estrelas em direcção ao centro galáctico.
Assim, conclui-se que se esta estrela que saiu do anel, tinha um disco protoplanetário que lhe foi arrancado pelo buraco negro supermassivo, é provável que outras estrelas que continuam no anel de estrelas também tenham discos protoplanetários. E alguns desses discos podem neste momento estar a formar planetas…
Desta forma, o que se pensava ser um ambiente completamente hostil para a formação de planetas, continua a ser hostil, mas já há esperança de existirem boas surpresas… 😉
Leiam o artigo em inglês, na Astrobiology Magazine.
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