A nossa leitora Sandra Monteiro enviou-nos esta pergunta que me parece bastante interessante e que poderá ter interesse para outros leitores:
“Na revista Quero Saber, edição de Setembro de 2012, li sobre a possibilidade de existirem mais planetas no sistema solar. Isto é mesmo verdade?
A revista escreveu:
O sistema Solar já teve mais Planetas?
Além de Plutão, reclassificado como planeta anão em 2006, nunca houve outros planetas no nosso sistema solar. Contudo, alguns cientistas crêem que haverá um planeta maior que Júpiter escondido na orla do sistema solar.
”
A minha resposta foi esta:
“Olá Sandra,
Se a pergunta é “já teve“, então sim, provavelmente já teve outro que entretanto “foi expulso”, como pode ler neste post.
Se a pergunta é “se tem“, então provavelmente não, já que essa notícia estava cheia de más interpretações, como pode ler neste post.
Por outro lado, eles fazem referência a Plutão como se tivesse sido o único objecto com classificação planetária a perdê-la posteriormente. Dizem mesmo que: “Além de Plutão (…) nunca houve outros planetas no sistema solar”. Ora, isto é errado. Lembro que Ceres, reclassificado recentemente como planeta-anão, foi considerado planeta durante várias décadas. O mesmo aconteceu, por exemplo, aos asteróides Pallas, Juno, e Vesta, que foram considerados planetas durante algum tempo.
Por fim, no trecho que apresentou aqui, saltou-me à vista a expressão “alguns cientistas crêem”. Ora, a ciência não se faz de crenças. Assim, essa expressão específica pareceu-me típica de quem não sabe do assunto.
A revista terá certamente artigos bons. Mas neste trecho em particular tem vários erros.
abraços!”
7 comentários
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Já que comecei por falar acima da hipótese de um corpo semelhante a Marte ter colidido com a Terra, há tmabém outras anomalias no Sistema Solar que podem ser explicadas por colisões de corpos de grandes dimensões:
O caso mais flagrante é o facto de o planeta Úrano ter o eixo de rotação muito inclinado, praticamente no plano de translação.
Outro caso é a rotação de Vénus. Um impacto de um corpo de massa semelhante a um pequeno planeta pode ter feito com que Vénus passasse a ter uma rotação retrógrada (ou que tenha inclinado o eixo de rotação cerca de 180º…).
Todos os meses compro essa revista,acho-a muito interessante…
Esta revista é muito fraquinha, comprei uma vez um exemplar e não gostei sinceramente. De longe a super.
Se a pergunta é “O Sistema solar já teve mais planetas?”, uma resposta mais correta pode ser “talvez”.
Estamos habituados a pensar no Sistema Solar como um conjunto de corpos celestes, girando ordenadamente em torno do Sol, desde a formação do sistema solar, cada um na sua órbita, com apenas um ou outro pequeno meteoróide a colidir com um dos planetas.
Na atualidade as coisas passam-se mais ou menos assim, mas num passado remoto, após a sua formação, o Sistema solar terá passado por uma fase mais caótica, em que é perfeitamente possível que corpos relativamente grandes, com massa e dimensão equiparável a um planeta, mas numa órbita instável, tenha colidido com um dos outros planetas ou, quem sabe, caído no Sol.
Como exemplo disto, temos uma das hipóteses que melhor explica a existência e composição da da Lua: a Hipótese do Grande Impacto. Esta hipótese postula que um corpo de massa semelhante a Marte terá colidido com a Terra, tendo parte da superfície terrestre, juntamente com uma parte do impactor sido projectados para o espaço, vindo a aglutinar-se em órbita terrestre, formando o nosso satélite natural.
Info sobre a Hipótese do Grande Impacto: http://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%B3tese_do_grande_impacto
Sr. Costa,
A hipótese de Theia está sendo colocada em xeque através de um novo estudo, mais recente, proposto pelo geoquímico Zhang, ligado à universidade de Chicago para Cosmoquímica e os pesquisadores desta. Repasso o link do sítio Apolo11 abordando o tema:
http://www.apolo11.com/spacenews.php?titulo=Novos_estudos_desafiam_teoria_atual_de_formacao_da_Lua&posic=dat_20120326-114431.inc
Abraços cordiais. 🙂
Cavalcanti, obrigado pelo link. Não estava a par deste novo estudo. 🙂
No entanto, esse link remete para um notícia que de facto fala do estudo que questiona a hipótese do grande impacto apenas com base na grande semelhança entre os constituintes da Terra e da Lua (apenas da superfície lunar pois apenas temos acesso a rochas trazidas da superfície lunar).
Nessa mesma notícia se alerta para a circunstância de este novo estudo não desarmar de todo a hipótese do grande impactor.
Passo a citar:
«Outros Estudos
No entanto, as semelhanças entre a lua e a Terra também podem ser explicadas pela intensa mistura do material ocorrida após o impacto e que deixou grande parte do material de Theia enterrado sob a lua. Além disso, alguns cientistas especulam que a Lua seja constituída quase que totalmente do material Terra que foi ejetado a partir do movimento de rotação criado depois de um impacto gigante. ».
Aparentmente, the jury’s stil out…
Já agora, deixo aqui o link para um outro estudo “Geochemical evidence for the formation of the Moon by impact-induced fission of the proto-Earth”
http://articles.adsabs.harvard.edu//full/1986ormo.conf..649W/0000649.000.html
Obrigado também pelo link, Rui. 😉
De fato, esse novo estudo não descartaria a hipótese de ter havido um grande impacto: decerto, lança mais uma hipótese: a possibilidade da Terra ter tido duas luas no passado e que se chocaram – e outra (hipótese): o impacto de um corpo celeste com dimensões menores que Theia.
Abraços.
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P.S.: Veja essa barbaridade – que nem sei se podemos chamar de “hipótese”:
http://cosmosvldc.spaceblog.com.br/2053383/Fatos-ocultos-ou-mentiras-A-LUA-E-UM-SATELITE-ARTIFICIAL-E-E-OCA/