Novo cometa C/2012 S1 (ISON) visível a olho nu em Novembro de 2013!

Uma excelente discussão no nosso Facebook sobre esta notícia:
http://www.facebook.com/astropt/posts/488066191218550
onde se critica o sensacionalismo de certos títulos:
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=55690&op=all
“Cometa ISON pode brilhar mais do que a Lua em 2013”

Segundo o Sérgio Paulino:

“O título do artigo é sensacionalista. Poderá o cometa C/2012 S1 (ISON) tornar-se mais brilhante que a Lua cheia? Sim, mas é pouco provável. A trajectória do cometa parece favorável para que tenhamos um espectáculo em Novembro de 2013. Ontem, a equipa do observatório Remanzacco deu conta que a actividade em redor do núcleo é superior ao que se assumia na semana passada. Enfim, tudo isto promete. Agora, a questão é que estamos a mais de um ano da sua passagem periélica, e sabemos que os cometas são muito imprevisíveis. Dizer com esta antecedência que o cometa poderá brilhar mais que a Lua cheia não é informar. É, na verdade, confundir.
(…)
uma coisa é dizer que “poderá atingir magnitudes negativas”. Outra é dizer que poderá brilhar mais que a Lua cheia.”

Segundo o Cristóvão Cunha:
“Se o título fosse “Cometa pode brilhar tanto como Sirius em 2013 ninguém lia. Parece-me a diferença entre o Publico e o Correio da Manhã. O primeiro é um jornal mais serio. O segundo é o top de vendas. Há uns anos a propósito das perseidas um dizia chuva de meteoros, o segundo, cai fogo do céu”

Segundo o Luis Lopes:
“O pico de brilho de um cometa é atingido nas horas imediatamente antes e após o periélio. O valor citado de magnitude -12, *se for atingido*, sê-lo-á apenas durante esse período. Nesse caso o cometa poderá ser visto em pleno dia a poucos graus do Sol (com o devido cuidado, claro). O brilho decresce rapidamente após o periélio facto que só será compensado se a geometria orbital o trouxer para perto da Terra. Mesmo assim, quando passar a ser visível no crepúsculo / céu nocturno o cometa não terá um brilho tão elevado. O grande cometa de 1577, por exemplo, tinha um brilho superior ao de Vénus quando foi visível ao anoitecer, em Novembro desse ano. Relatos da altura falam da luz do cometa ser visível por detrás das nuvens (como a Lua em dias de céu nublado). Note-se que este cometa, para além de ser um dos intrinsecamente mais brilhantes da história, teve também a ajuda de uma geometria orbital muito favorável que o fez passar muito próximo da Terra depois do periélio. Dito isto, este novo cometa parece ter uma órbita parabólica o que indica que vem da Nuvem de Oort pela primeira vez. É *muito* difícil prever o comportamento destes cometas na sua passagem pelo sistema solar interior.
(…)
Reparei que algures foi sugerido que este cometa pode ser o mesmo que o Grande Cometa de 1680, o chamado Cometa de Kirch. Isto é altamente improvável. A órbita do ISON é aparentemente parecida com a do Cometa de Kirch. *Se* as órbitas realmente coincidirem isso não quer dizer que seja o mesmo cometa. A órbita do Cometa de Kirch foi determinada com base nas observações da época e a excentricidade da mesma implica um período orbital muito longo, na ordem de vários milhares de anos. O que poderá acontecer é o ISON e o Cometa de Kirch serem ambos fragmentos de um cometa maior que se desintegrou numa passagem prévia pelo sistema solar interior. Este cenário é uma possibilidade dada a curtíssima distância ao Sol no periélio. Um cenário semelhante deu origem aos cometas da chamada Família de Kreutz.”