Uma lua estranha num céu estranho

Fobos vista da superfície de Marte. Imagem obtida pela MastCam-100 do robot Curiosity a 21 de Setembro de 2012 (sol 45 da missão).
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Malin Space Science Systems/Sérgio Paulino.

À primeira vista, a imagem de cima parece ilustrar um grande vazio cinzento-esverdeado. Mas se olharem com atenção para o quadrante superior direito, vão reparar em algo maravilhoso. Quase dissimulado pelo brilho do céu vespertino de Marte encontra-se o crescente da lua Fobos, a maior das duas luas do planeta vermelho!
Vejam em baixo uma ampliação da mesma imagem:

Ampliação ligeiramente contrastada da imagem obtida pelo Curiosity no sol 45. As quadrículas visíveis no céu são artefactos produzidos pela compressão em jpg da imagem original.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Malin Space Science Systems/Sérgio Paulino.

Fobos é uma lua estranha pelos padrões terrestres. É um pequeno mundo de forma irregular, com dimensões e uma densidade muito diferentes da nossa Lua. A sua órbita é também radicalmente distinta da órbita da companheira da Terra. Fobos viaja em redor de Marte abaixo da órbita areossíncrona, ou seja, move-se a uma velocidade maior que a velocidade de rotação de Marte. Na prática, este fenómeno produz uma trajectória aparente nos céus marcianos de oeste para leste (portanto, contrária ao movimento aparente da Lua nos céus terrestres), e duas passagens completas pelo céu a cada sol, cada uma com uma duração de apenas 4 horas e 15 minutos (ou menor, nas latitudes mais distantes do equador), um comportamento verdadeiramente de outro mundo.

6 comentários

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    • Ricardo Correia on 27/09/2012 at 12:20
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    Pois é… Nunca tinha pensado nisso… Em Venus a translação e a rotação são ” iguais”. Aliás Venus roda ao contrário, ou seja, lá o Sábado vem a seguir ao Domingo… Seja como for “se fosse eu a mandar”, punha Venus na órbita de Marte, acho que havia melhores possibilidades de Terraformação. Muito bom texto do Sérgio Paulino.

  1. Aberta a temporada para um reciclar dos astrõlogos. A Nova Era chegou, expandiu nossa consciência, podemos morar em outros mundos, quem elaborar mapas e fazer previsões agora sob efemérides marcianas vai ganhar dinheiro. Quem será o primeiro? Já estou avisando que tenho direitos autorais sobre esta ideia e vou cobrar comissão. kkkkk.. Já imaginaram pessoas nascendo e morando em Marte? Os céus são outros.

    1. Em Marte pode ficar rico… já em Vénus morreria de fome 😛 ehehehe porque em Vénus toda a gente nasce no mesmo dia. Os astrólogos de lá têm uma valente dor de cabeça… ehehehehe 😛

        • Jonas on 27/09/2012 at 06:56

        Pois é, Carlos, e aí vem a pergunta que não quer calar… deixariamos de ser humanos ou ganharíamos uma alma “diferente”, ou um outro “ritmo” de acontecimentos pela pessoa ser “influenciada” por um número de luas diferente, outros ciclos, nascendo num planeta com características de Venus ou mesmo de Marte? Só o fato de Marte ter duas luas já seria um bom quebra-cabeça para eles.

        Acho que com esse tipo de questionamento os astrólogos poderiam começar a se preocupar.

        • Rui Costa on 27/09/2012 at 14:35

        Os astrólogos não têm que se preocupar com nada disso. Os clientes deles também não.
        Quando Ptolomeu criou (inventou) as bases da astrologia só eram conhecidos 5 planetas, a Lua e o Sol que iam vagueando por entre as constelações do zodíaco.
        Entretanto, e graças à Astronomia (o contributo da astrologia foi Zero… outra coisa não era de esperar…), descobriram-se mais planetas, a precessão dos equinócios baralhou a associação das datas com as respetivas constelações, o Sol passou a ficar mais tempo numa 13ª constelação (Ofiúco ou Serpentário) e não me parece que os astrólogos tenham passado por qualquer crise ou se tenham preocupado com o que quer que fosse 😀 😀
        Neste caso… espero que se um dia vier a ser colonizado um qualquer outro planeta, deixem os charlatãespor cá. Nós não temos o direito de poluir outros mundos…

        • Jonas on 27/09/2012 at 20:02

        Rui, concordo que as bases foram expandidas com as novas descobertas e eles se adequaram, mas o imaginário deles criou um contexto especifico na relação entre o céu visto da Terra (com uma lua) e a alma humana, só que obviamente não poderia funcionar com os mesmos humanos (a mesma alma) nascendo em Marte, com outros céus, com duas luas, por exemplo. A lógica do contexto que justifica a Astrologia, segundo eles mesmos, se estremece.

        Por que? O homem e sua alma não vão mudar mesmo nascendo em outros céus, lá é um outro contexto, só o fato de ter duas luas mudaria muita coisa. Na lógica de como funciona a Astrologia, que eles mesmos divulgam a todo momento, deveria ser diferente, e aí a coisa complica (para eles), na minha ótica, claro.

        Pelo menos eu teria consciência disso e saberia perceber se as justificativas que dariam para o caminho que escolherem seguir não seria discordante do que sempre pregaram.

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