Cérebro de Einstein: à venda por nove dólares

Responsável pela autópsia de Einstein, Dr. Thomas Harvey dissecou o cérebro do gênio e inseriu porções em laminas de laboratório

Pode parecer roteiro de ficção científica. Ou um mórbido anúncio, apenas. Mas o cérebro de Albert Einstein, de fato, está à venda. E por apenas nove dólares.

A loja virtual da Apple, a App Store, lançou na última terça-feira, dia 25, um aplicativo de iPad no qual é possível visualizar fotos das amostras de laboratório com o cérebro de um dos físicos mais famosos de todos os tempos. Trata-se do NMHMC Harvey.

Morto desde 18 de abril de 1955, Einstein teve o órgão removido durante autópsia conduzida pelo médico patologista Thomas Stoltz Harvey. Harvey acreditava que a comunidade científica poderia se beneficiar com o estudo do cérebro do gênio. Sobretudo na busca por eventuais sinais neurológicos que evidenciassem a inteligência do pai da Teoria da Relatividade.

A remoção foi efetuada sem prévio consentimento da família de Einstein. Hans-Albert, filho do físico, soube da manobra efetuada por doutor Harvey apenas um dia após a autópsia, por meio de matérias em jornais. Logo, porém, autorizou o médico a ficar com o cérebro do pai. Com uma condição: resultados de estudos deveriam ser divulgados somente em publicações científicas – evitando os holofotes excessivos da publicidade que tanto desagradavam ao gênio.

Dr. Harvey e dois potes com partes “rejeitadas” do cérebro de Einstein

Diante da positiva, Thomas Harvey seccionou o cérebro de Einstein em cerca de 240 partes, mais ou menos agrupadas pelos lóbulos e o tronco encefálico. Após isso, dissecou o órgão e inseriu as pequenas fatias em laminas de laboratório. Cerebelo, revestimento arterial e um pedaço do córtex, partes que Harvey não considerava “útil” para pesquisas, foram colocadas em potes com formaldeído. Em 1998, o médico doou-as ao Hospital de Princeton – mesmo onde, 43 anos atrás, efetuara a autópsia de Einstein.

Doutor Harvey também concedeu várias amostras em lamina do cérebro do físico para laboratórios de países como Estados Unidos, Canadá, Japão, Inglaterra, Alemanha, Índia e Argentina. No entanto, manteve-se como “proprietário” de grande parte do cérebro de Einstein até sua morte, ocorrida em 2007 – aos 95 anos. Três anos mais tarde, seus herdeiros doaram a coleção ao Museu Nacional de Saúde e Medicina (NMHM), de Chicago.

A expectativa dos responsáveis pelo museu – cujo financiamento privado para digitalizar os slides foi disponibilizado no primeiro semestre desse ano – é que o aplicativo cause interesse ao público em geral, não apenas a neurocientistas, pesquisadores e educadores. Os lucros obtidos com a venda do programa serão repassados ao Museu Nacional de Saúde e Medicina do Departamento de Defesa, em Silver Spring, Maryland, e ao próprio NHMH.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado.

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.