Ivy Judensnaider é economista, doutora em História da Ciência, mestre em Filosofia e escritora. É autora do livro Débora Fala Reservadamente com Todos (2005) e edita o Blog da Ivy.
Nesse papo, Ivy conta-nos sobre a “realização” de pessoas que agem no anonimato para criar hoax na Internet.
Astro Pt: Quando uma pessoa faz um trabalho – um texto, por exemplo – é natural que a mesma queira ver seu nome atrelado à respectiva produção. Nesse sentido, no caso dessas pessoas que desenvolvem farsas pela web e se mantém anônimas, de onde acredita que elas extrairiam essa “realização”?
Ivy: Desculpe pelo jargão, mas cada caso é um caso. Há casos, por exemplo, de pessoas que criam novas personas, mantendo a própria identidade em uma condição de anonimato. A pessoa pode estar se protegendo, se o produto criado for ousado ou controverso demais. O benefício ao autor, então, seria o de conseguir maior liberdade no ato de criação, aí desvinculada do contexto de uma autoria já conhecida e “decifrada” pelo público. Há casos em que a pessoa deseja viver uma vida que não é a dela: típico disso seria uma pacata dona de casa que cria uma página pessoal apresentando-se, de forma velada, como cantora ou garota de programa; nessa situação, o benefício para o autor seria o da “compensação emocional”. Acho que a situação mais perigosa é a que se refere à informação divulgada com o intuito de enganar os internautas, para fins ilícitos; geralmente, é o caso de rumores para causar danos a instituições ou pessoas (públicas ou não), ou para disseminar mensagens preconceituosas.
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Acredito que no caso do vários Hoax Pseudo-Científicos e Esotéricos que temos, existe também como motivação a compactuação com oq acontece com outros que já fizeram trabalhos de divulgação assim.
Ou seja já houveram vários hoax de “sucesso” que motivam a criar novos.
Percebi que eles chegam a ler o trabalho dos outros para não os contradizer.
Afinal se um for desmascarado daria motivo para desconfiar que outros também o seriam.
[…] No caso de farsas, onde o único interesse dos falsificadores é pregar peças aos demais internautas, qual seria o “atrativo” – sobretudo em conta que geralmente são efetuadas em anonimato? “Cada caso é um caso”, define a professora de filosofia e escritora Ivy Judensnaider. “Há casos de pessoas que criam novas personas, mantendo a própria identidade em uma condição de anonimato. A pessoa pode estar se protegendo, se o produto criado for ousado ou controverso demais. O benefício ao autor, então, seria o de conseguir maior liberdade no ato de criação, aí desvinculada do contexto de uma autoria já conhecida e ‘decifrada’ pelo público”. Aliás, você pode conferir a opinião completa de Ivy sobre o assunto no blog Astro Pt. […]