No dia 3 de Novembro passado, realizou-se a ComceptCon 2012.
Já falei sobre isto, aqui, incluindo parte de um artigo no jornal Região de Leiria.
Agora, deixo-vos este ficheiro – o artigo completo está aqui, e a totalidade dos recursos, estão aqui -, que recomendo vivamente, produzido pelo Claudio Tereso, para a Comcept.
O João Monteiro escreveu um artigo com um resumo do que foi a conferência, aqui.
Retiro estas frases:
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“Pseudociência e vigarices já têm demasiado tempo de antena. É tempo de dar voz à ciência, à razão e ao cepticismo” – David Marçal, in ComceptCon.
(…)
Estiveram presentes três oradores que expuseram à audiência diferentes temas da actualidade sob um olhar crítico. O arqueólogo João Tereso falou da personagem histórica Viriato, o astrónomo Carlos Oliveira abordou o tema do “Fim do Mundo” e o bioquímico David Marçal denunciou a falsa ciência que nos rodeia no dia-a-dia. No final, a bióloga Diana Barbosa fechou a conferência, fazendo uma síntese do que é o cepticismo.
(…)
Viriato, o Herói da nossa História.
João Tereso procurou dar a conhecer os resultados das investigações mais recentes sobre Viriato, personagem da nossa história colectiva, que relembramos como o herói dos Lusitanos. Mas será verosímil a história que nos tem sido contada?
Viriato é recordado por muitos como um pastor, com origem próxima da Serra da Estrela, e que terá comandado o povo Lusitano contra os Romanos. No entanto, João Tereso informou que muita da história referente a Viriato está envolta em mitos e esclarece: para começar não existiu um povo lusitano, mas sim um conjunto de povos que habitavam grande parte da Ibéria e a quem os Romanos deram o nome de Lusitanos; além disso, não se conhece o local exacto da origem de Viriato, sendo que várias cidades portuguesas e também espanholas sustentam ter sido o seu berço de nascimento. (…)
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O Fim do Mundo está para breve?
A ideia do Fim do Mundo acompanha a humanidade há longos milhares de anos. Carlos Oliveira, identificou as diferentes causas atribuídas a possíveis fins da vida no nosso planeta, e analisou-as criticamente.
Segundo demonstrou, ao longo da nossa história houve inúmeras profecias de fim do mundo que nunca foram concretizadas. Carlos explicou que a maioria dessas profecias resultava de desconhecimento dos fenómenos naturais, de superstições ou então de pura charlatanice. O mesmo sucede com as profecias actuais, e aí Carlos é peremptório: “Já assistimos a dezenas de alinhamentos planetários e não aconteceu nada”, “Terramotos existem todos os dias. Prever sismos devido à passagem de cometas é vigarice”, “Nibiru é treta. Não existe”. Contudo, informa que a extinção de várias espécies devido a asteróides é um perigo real, embora improvável, e impossível de profetizar. Aliás, é importante recordar que o nosso planeta já sofreu várias extinções em massa no passado, uma delas devido precisamente à queda de um asteróide que terá extinguido os dinossauros há cerca de 65 milhões de anos. Curiosamente, foi essa extinção que permitiu a expansão e diversificação dos mamíferos que evoluíram, originando várias espécies, inclusive a nossa. Convém ter em conta que nós, enquanto espécie, não habitamos este planeta desde o início, nem o iremos ocupar indefinidamente. (…)
(…)
Falsa Ciência por todo o lado
David Marçal abordou o tema da pseudociência, isto é, ideias que afirmam ser baseadas em conhecimento científico, mas que não se apoiam nos métodos utilizados em ciência. (…)
Dentro desta temática, David aproveitou por mencionar alguns dos assuntos que surgiram no seu novo livro recentemente lançado pela editora Gradiva, “Pipocas com Telemóvel e outras histórias de falsa ciência”.
Assim, David começou por desmistificar os filmes espalhados no youtube em que grãos de milho se tornam pipocas, devido, alegadamente, à radiação dos telemóveis; informou a plateia de um movimento internacional que pretende atingir a paz global através de um orgasmo colectivo; reflectiu sobre os dados existentes referentes às alterações climáticas; alertou para a necessidade de estarmos informados relativamente às informações alegadamente científicas dos benefícios de alguns produtos com suplementos alimentares; e advertiu a audiência para a problemática das terapias alternativas. (…)
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Cepticismo: cuidado com a realidade
Antes da habitual sessão de questões colocadas aos oradores, foi a vez da bióloga Diana Barbosa, em representação da Comcept, falar sobre o que é ser céptico. Mencionou a importância do cepticismo no dia-a-dia; como usar o método científico como ferramenta de identificação de pseudociências; e mencionou a beleza de observar e compreender a realidade tal e qual ela é, sem necessidade de recorrer a superstições ou ao sobrenatural. (…)
(…)
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A Câmara Municipal da Nazaré também publicou um artigo sobre este evento, que podem ler na totalidade aqui.
Realço estas frases:
“(…) Quatro investigadores portugueses, de áreas científicas diversas, apresentaram, ao público, temas distintos, embora intimamente interligados na sociedade atual, com recurso ao pensamento crítico, abordando as vertentes de História; Física/Astronomia e a Pseudo-Ciência.
João Pedro Tereso, arqueólogo, falou de Viriato: o Herói da Nossa História, “um mito que teve início na época romana e que foi exacerbado durante o Estado Novo”. Como se cria o mito de Viriato? “Por conveniência”, disse o investigador, acrescentando, ao longo da sua intervenção, que “as ideias feitas circulam livremente entre as pessoas, o problema é que muitas delas têm bibliografia, isto é, um suporte escrito, tornando-se reais para as pessoas”, sendo, por isso, depois, difícil de as esbater. (…) “o mito de Viriato, fomos levados a acreditar que ele era real, mas o que nos deram a conhecer não é real”.
Carlos Oliveira (…) apresentou a conferência “O Fim do Mundo Está para Breve”, afirmando que “as teorias do fim do mundo existem desde o tempo de Cristo. A diferença é que hoje a internet propaga-as” mais depressa e a mais pessoas. (…) “Os Maias nem fizeram profecias, porque tinham uma ideia de continuidade”. (…) “É em alturas de crise económica e social que existem (mais) profecias do fim do mundo”, mas o certo é que, apesar de tantas profecias feitas, ao longo de décadas, “o mundo nunca acabou, embora a vida tenha acabado para alguns”. O investigador explicou que “faz parte da existência humana imaginarmos coisas terríveis e termos medo delas”, mas “as profecias são mentiras para enganar pessoas”, frisou. (…)”
O jornal Região de Leiria também publicou um artigo sobre este evento, que podem ler na totalidade, aqui.
Realço estas frases:
“Do “menu” da tarde de sábado na Biblioteca Municipal, uma proposta se destacava: “O fim do mundo está para breve?”. (…) 80 almas juntaram-se para ouvir o astrónomo Carlos Oliveira colocar tudo em pratos limpos.
“A noção de fim do mundo esteve sempre presente no imaginário coletivo. Mas ninguém sabe qual é a data do fim do mundo”. Até porque, quando acontecer, a nossa extinção levará muitos anos e o fim dos dinossauros está aí para o provar.
(…)
“A extinção não é algo de extraordinário. Já houve várias extinções em massa” e nenhuma delas aconteceu num só dia, sublinhou Carlos Oliveira. Quanto à “profecia Maia”, o astrónomo nota que “os Maias procuravam provas de continuidade e mais nada. Nós é que pensamos em fim do mundo”.
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Carlos Oliveira: “Há pessoas que se matam ou matam outros devido a isto [as profecias do fim do mundo]. E isto é que é o verdadeiro perigo”
(…)
Na Nazaré, o primeiro encontro presencial da Comunidade Céptica Portuguesa saldou-se pelo êxito. “O facto de o auditório ter estado praticamente cheio e, mesmo após cinco horas de palestras, ainda estar composto, é uma grande satisfação e sinal de que há público na região para este tipo de eventos”, refere Cláudio Tereso da organização.
(…)
Conhecimento e humor cruzaram-se na vila, que, no futuro, pode voltar a contribuir para desmistificar temas como o fim do mundo, iogurtes milagrosos, Viriato ou mesmo o orgasmo global: um movimento que defende um clímax sexual sincronizado à escala mundial em prol da paz na Terra. (…)”
Por fim, deixo-vos algumas fotos do evento, da autoria de L. Abrantes e da Biblioteca Municipal da Nazaré:
2 comentários
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Olh’eu ali com ar muito interessado! 😉
Na Nazaré, seria interessante falar sobre as estórias do D. Fuas Roupinho, colocar em causa a veracidade dos seus feitos na Nazaré, é a mesma coisa que ser Judeu em Gaza !!! Experiência própria…
Fica para a próxima.
Abraços
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