Agricultura Tradicional e o Início dos OGM

Uma lavoura, para ter máxima eficiência, deverá estar protegida contra pragas e, para isso, existem insecticidas e herbicidas. A partir dos anos 50 as substâncias químicas ajudaram as culturas a crescer bastante.

A  agricultura tradicional apresenta alguns problemas. A maquinaria pesada compacta o solo e não permite a infiltração de água no solo. O sistema radicular das plantas também não evolui como o esperado. Os agroquímicos, que são usados contra os invasores (vírus, bactérias, ervas daninhas e insectos), contêm gases de efeito estufa. O DDT, um poderoso praguicida, além de contribuir para o aumento das concentrações de gases de efeito estufa, provoca cancro, efeitos teratogénicos e tóxicos a muitas pessoas e animais além de também poluir cursos de água e o solo, embora tenha sido usado com êxito contra os vectores da malária e encefalite em algumas áreas do Hemisfério Sul.

Um problema foi detectado com um herbicida. Embora o glifosfato tivesse baixa toxicidade matava a soja. Então uma solução surgiu quando, para impedir que a soja fosse danificada, investigadores criaram por engenharia genética uma variedade resistente ao glifosfato inserindo o gene da bactéria, resistente ao herbicida no DNA da planta da soja. Criou-se assim um OGM (Organismo Geneticamente Modificado), transferindo uma dada informação do plasmídeo de uma bactéria e com a ajuda de uma pistola de genes, insere-se o gene na cadeia helicoidal da planta.

Lavouras de Bacillus thuringiencis (Bt) contêm genes que lhes permitem resistir a ataques de insectos ou tolerar herbicidas de ervas daninhas, estas variedades fabricam o seu próprio insecticida. A resistência a insectos tem sido possível graças ao gene de uma bactéria, o Bacillus thuringiencis. Esse gene direcciona a célula para fabricar uma proteína que tem acção contra insectos e pragas que atacam as lavouras, especialmente lagartas e besouros. A proteína codificada pelo gene pode afectar diferentes colónias de insectos.

Opositores das plantações GM afirmam que o ambiente de laboratório não é o mesmo que o ambiente natural e que os insectos de laboratório consomem doses muito maiores de toxina Bt do que o fariam no ambiente natural.

 Fonte: Scientific American

3 comentários

  1. Não seria possível criar OGM sem estarem vinculados a aplicação de venenos, que hoje faz com que produtores se obriguem a comprar, como “venda casada”, sementes e agrotóxicos? Ainda não estamos independentes de venenos que contaminam solos e pessoas.

    • Paulo Batista on 19/11/2012 at 23:54
    • Responder

    Não tenho uma opinião formada sobre o uso de OGMs na agricultura, mas não podia deixar de levantar algumas objecções (já que o artigo sugere alguma “simpatia” com a sua utilização) indirectas:
    a) Os OGMs significam uma mudança de paradigma extraordinário na agricultura: as patentes sobre sementes (e o que isso implica em termos socioeconómicos – o que pode levantar seriamente os fundamentos para a sua utilização na agricultura: aumentar a produção agrícola, para alimentar uma humanidade em expansão exponencial);
    b) Uma possível tendência acentuada de diminuição da biodiversidade (pelo exíguo número de variedades que passam a ser cultivadas, pelos efeitos de destruição das “pragas” invasoras, pela introdução de inovações radicais e em larga escala no curso da “selecção natural” (questionável, mas que talvez seja interessante estudar…));
    c) Risco de “mutações” nas “pragas” (muito embora não sendo vírus, será que os efeitos que encontramos na utilização de antibióticos, não podem ser extrapolados para estas pragas?)
    E aqui ficam algumas questões para o debate / reflexão.

    Cumprimentos.
    Continuação do bom trabalho!

    Paulo

  2. Uma objeção (talvez simplificada mas muito real) é que “estas variedades fabricam o seu próprio insecticida” e nós depois quando comemos, comemos também o insecticida.
    Os ensaios de segurança dessas variedades têm sido muito limitados e sempre conduzidos pelas multinacionais interessadas no negócio.

Deixe um comentário

Your email address will not be published.

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.