A canção completa do Alien

Este ví­deo – «Alien Song» – é um clás­sico. Quase toda a gente já o viu. Se não co­nhe­cem… ve­jam, é en­gra­çado. A ani­ma­ção até pode nem pa­re­cer muito so­fis­ti­cada, mas quando apa­re­ceu na net, em 1999, seis anos an­tes da fun­da­ção do YouTube, tornou-se um fe­nó­meno de po­pu­la­ri­dade e um dos ví­deos mais par­ti­lha­dos (usava-se so­bre­tudo o email).

O au­tor, Victor Navone, ti­nha 29 anos quando gas­tou dez dias do seu tempo li­vre para criar a ani­ma­ção. «Alien Song» era o ter­ceiro de uma sé­rie de es­tu­dos para o aju­dar a apren­der a ani­mar per­so­na­gens por com­pu­ta­dor. Blit Wizbok – é o nome do alien morto pelo disco-sound – foi par­ci­al­mente ins­pi­rado pe­los ET’s de «Toy Story», da Pixar, lan­çado qua­tro anos antes.

Navone apercebeu-se da real di­men­são da po­pu­la­ri­dade do ví­deo quando re­ce­beu um email de um re­pre­sen­tante da can­tora Gloria Gaynor, cujo tema «I Will Survive» usara como paródia.

Seria uma queixa so­bre a vi­o­la­ção dos di­rei­tos de au­tor? Teria Gloria Gaynor fi­cado ofen­dida com a uti­li­za­ção que lhe dera? Nem uma coisa nem ou­tra: a men­sa­gem informava-o de que a can­tora achara tanta pi­ada ao ví­deo que co­lo­cara o link para «Alien Song» na pá­gina pessoal.

Victor Navone

Quando o te­le­fone toca

Ainda em 1999, já «Alien Song» cor­ria de mail em mail, um ex­tra­or­di­ná­rio acon­te­ci­mento pro­vo­cou uma re­vi­ra­volta na vida de Navone.

Uma có­pia do ví­deo che­gara ao email do pre­si­dente da Pixar. Edwin Catmull gos­tou tanto do que viu que en­trara em con­tacto com Navone e lhe ofe­re­cera um em­prego na em­presa como ani­ma­dor. E ele acei­tou o tra­ba­lho de sonho.

Navone tra­ba­lha na Pixar desde en­tão. «Ensinaram-me muito so­bre ani­ma­ção por com­pu­ta­dor e deram-me todo o tempo de que pre­ci­sei para cres­cer an­tes de me po­rem a tra­ba­lhar a sé­rio», afirma. Foi um dos ani­ma­do­res de fil­mes como «Monstros & Companhia», «À Procura de Nemo», «Os Incríveis» e «Toy Story 3».

Um ví­deo de 45 se­gun­dos mudou-lhe a vida e moldou-lhe a car­reira para sem­pre: co­me­çava a nas­cer o po­der da Web, uma rede glo­bal ca­paz de in­ter­li­gar mi­lhões em todo o mundo, mon­tra pla­ne­tá­ria de pro­du­tos e pes­soas cuja vi­si­bi­li­dade já não de­pen­dia da apro­va­ção de uma mi­no­ria com o mo­no­pó­lio de to­das as de­ci­sões. O po­der de­mo­crá­tico do link e da par­ti­lha. Um po­der odi­ado e com­ba­tido até hoje.

P.S. — E claro que as pa­ró­dias com o «I Will Survive» não se fi­ca­ram por um alien…