Porquê explorar o espaço?

Nascer da Terra. Uma foto que mudou o Mundo, Earthrise foi tirada no Natal de 1968 pela Apollo 8. Pela primeira vez, a humanidade teve uma boa perspectiva da fragilidade, e da beleza, da nossa casa.

 

Em 1970, uma freira da Zâmbia chamada Irmã Maria Jucunda escreveu ao Dr. Ernst Stuhlinger, então director-associado de ciência do Marshall Space Flight Center da NASA, em resposta à sua  investigação em curso sobre uma missão pilotada a Marte. Especificamente, ela perguntou como poderia ele sugerir gastarem-se milhares de milhões de dólares neste projeto num momento em que muitas crianças estavam a morrer de fome na Terra.

Stuhlinger enviou logo a seguinte carta de explicação para a Irmã Maria Jucunda, anexando uma cópia da “Earthrise,” a fotografia icónica da Terra tirada em 1968 pelo astronauta William Anders, a partir da Lua. A sua resposta atenta e carinhosa foi posteriormente publicada pela NASA, e intitulada

“Porquê explorar o espaço?”

 

 

A superfície de Marte, tirada pela Curiosity, 06 de agosto de 2012 – NASA

 

06 de maio de 1970

 

Querida Irmã Maria Jucunda:

 

A sua carta foi uma das muitas que me chegam todos os dias, mas tocou-me mais profundamente do que todas as outras porque proveio das profundezas duma mente curiosa e dum coração caridoso. Vou tentar responder à sua pergunta o melhor que puder.

Antes, porém, gostaria de expressar minha grande admiração por si, e por todas as suas corajosas Irmãs, porque estão a dedicar as vossas vidas à nobre causa do ser humano, e estão a ajudar os vossos semelhantes que estão carenciados.

A Irmã pediu na sua carta como eu poderia sugerir gastos de milhares de milhões de dólares para uma viagem a Marte, num momento em que muitas crianças na Terra estão a morrer de fome. Eu sei que não espera uma resposta do tipo: “Oh, eu não sabia que há crianças a morrer de fome, mas a partir de agora vou desistir de qualquer tipo de pesquisa espacial até que a humanidade resolva os seus problemas!” Na verdade, eu já sabia de crianças famintas muito antes de saber que uma viagem ao planeta Marte é tecnicamente viável. No entanto, eu acredito, como muitos dos meus amigos, que viajar à Lua e eventualmente a Marte e outros planetas é um empreendimento que devemos realizar agora, e também acredito que este projecto, a longo prazo, irá contribuir mais para a solução desses graves problemas que estamos a enfrentar aqui na Terra do que muitos outros potenciais projectos de ajuda que são debatidos e discutidos, ano após ano, e que são tão extremamente lentos a produzir resultados tangíveis.

Antes de tentar descrever com mais detalhe como o nosso programa espacial está a contribuir para a solução de nossos problemas terrestres, gostaria de relatar, com brevidade, uma história supostamente verdadeira, e que pode ajudar a suportar a minha argumentação. Há cerca de 400 anos, vivia um conde numa pequena cidade na Alemanha. Foi um dos condes benfeitor, e doou uma grande parte dos seus rendimentos para os pobres da sua cidade. Isso foi muito apreciado, porque a pobreza era extrema durante a época medieval, e havia epidemias de peste que devastaram o país repetidamente. Um dia, o Conde conheceu um homem estranho. Tinha uma bancada e um pequeno laboratório em sua casa, e trabalhava no duro durante o dia para poder trabalhar algumas horas todas as noites no seu laboratório. Ele polia pedaços de vidro para fazer umas lentes pequenas; montou as lentes em tubos, e usou estes aparatos para olhar para objetos muito pequenos. O Conde ficou particularmente fascinado pelas pequenas criaturas que podem ser observadas sob aquela forte ampliação, e que ele nunca antes tinha visto. Convidou então este estranho homem para se mudar com o seu laboratório para o castelo, para se tornar membro da sua casa senhorial, e doravante dedicar todo o seu tempo ao desenvolvimento e aperfeiçoamento de seus aparelhos ópticos como empregado especial do condado.

As pessoas da cidade, no entanto, ficaram com raiva quando perceberam que o conde estava a perder o seu dinheiro, como eles pensaram, numa actividade sem propósito. “Estamos a sofrer com esta praga”, disseram, “enquanto ele está a pagar a este homem por um passatempo inútil!” Mas o Conde permaneceu firme. “Eu dou-lhe tanto quanto posso pagar”, afirmou, “mas também estou a apoiar este homem e o seu trabalho, porque sei que um dia alguma coisa vai sair dali!”

Na verdade, saiu algo de muito bom do trabalho, e também do trabalho similar feito por outros noutros lugares: o microscópio. É bem sabido que o microscópio contribuiu mais do que qualquer outra invenção para os progressos da medicina, e que a eliminação da peste e de muitas outras doenças infecciosas em muitas regiões do mundo, é em grande parte um resultado dos estudos que tornaram o microscópio possível.

O conde, através da retenção de parte do seu dinheiro para investir na pesquisa e na descoberta, contribuiu muito mais para o alívio do sofrimento humano do que poderia ter contribuído, doando outrossim todas as suas poupanças à sua comunidade sofredora da praga da peste.

A situação que estamos hoje a enfrentar é semelhante em muitos aspectos. O Presidente dos Estados Unidos está gastando cerca de 200 mil milhões de dólares pelo seu orçamento anual. Esse dinheiro vai para a saúde, educação, bem-estar, renovação urbana, rodovias, transportes, ajuda externa, defesa, conservação, ciência, agricultura e muitas instalações dentro e fora do país. Cerca de 1,6 por cento do orçamento nacional foi alocado este ano para a exploração do espaço. O programa espacial inclui o Projeto Apollo, e muitos outros projetos menores em física espacial, astronomia, astrobiologia, projectos planetários, projectos de recursos terrestres, e engenharia espacial. Para tornar esta despesa para o programa espacial possível, o contribuinte americano médio com 10.000 dólares por ano de renda paga cerca de 30 dólares de impostos para o espaço. O resto de sua renda, 9.970 dólares, fica para fazer face à sua subsistência, para a sua recreação, economias, para os seus outros impostos, e todas as demais despesas.

A Irmã provavelmente vai perguntar agora: “Porque não reservar 5, 3 ou 1 dólar desses 30 dólares do espaço que o contribuinte americano médio paga, e enviar esses dólares para as crianças com fome?” Para responder esta pergunta, eu tenho que explicar brevemente como a economia deste país funciona. A situação é muito semelhante noutros países. O governo é composto por um número de departamentos (Interior, Justiça, Saúde, Educação e Bem-Estar, Transporte, Defesa, e outros) e os órgãos (National Science Foundation, a National Aeronautics and Space Administration, e outros). Todos eles preparam os seus orçamentos anuais de acordo com as suas missões atribuídas, e cada um deles deve defender o seu orçamento contra uma triagem extremamente severa das comissões do Congresso, e contra uma forte pressão para se poupar em tudo, que é exercida pelo Gabinete do Orçamento e pelo Presidente. Quando os fundos estão finalmente apropriados pelo Congresso, só podem ser gastos para os itens que estejam especificados e aprovados no orçamento.

O orçamento da National Aeronautics and Space Administration, naturalmente, pode conter apenas os itens directamente relacionados com a aeronáutica e espaço. Se este orçamento não fosse aprovado pelo Congresso, os fundos propostos não estariam disponíveis para outros fins, pura e simplesmente não iriam ser cobrados ao contribuinte, a menos que um dos outros orçamentos obtivesse aprovação para um aumento específico, que passaria a absorver os fundos que não estivessem atribuídos para o espaço. A partir deste breve discurso a Irmã percebe que o apoio às crianças com fome, ou melhor, um apoio para além do que os Estados Unidos estão já a contribuir para esta causa muito digna na forma de ajuda externa, só pode ser obtido se o departamento apropriado apresentar uma rubrica orçamental para este fim, e se esse item for posteriormente aprovado pelo Congresso.

Poderá perguntar agora se eu, pessoalmente, seria a favor de tal medida pelo nosso governo. A minha resposta é um enfático Sim. Na verdade, eu não me importaria se todos os meus impostos anuais fossem aumentados com o objetivo de alimentar crianças famintas, onde quer que estas vivam.

Eu sei que todos os meus amigos pensam da mesma forma. No entanto, não poderia dar vida a esse programa apenas por desistir de fazer planos para viagens a Marte. Pelo contrário, eu até acredito que, trabalhando para o programa espacial, possa fazer alguma contribuição para o alívio e eventual solução destes problemas graves como a pobreza e a fome na Terra. Há 2 funções básicas para o problema da fome: a produção de alimentos e a sua distribuição. A produção de alimentos pela agricultura, pecuária, pesca oceânica e outras operações de grande escala é eficiente nalgumas partes do mundo, mas drasticamente deficiente em muitas outras. Por exemplo, grandes áreas de terra poderiam ser muito melhor utilizadas se os métodos eficientes de controlo de bacias hidrográficas, uso de fertilizantes, previsão do tempo, avaliação de fertilidade, programação de plantio, selecção de campo, hábitos de plantio, tempo de cultivo das culturas e pesquisa e planeamento da colheita forem aplicados.

A melhor ferramenta para a melhoria de todas essas funções, sem dúvida, é o satélite artificial da Terra. Circulando o globo numa altitude elevada, ele pode filtrar grandes áreas de terra dentro dum curto período de tempo, e pode observar e medir uma grande variedade de factores que indicam o estado e a condição das culturas, do solo, secas, chuvas, a cobertura de neve, etc., e pode transmitir por rádio esta informação para estações terrestres para o seu uso adequado. Estimou-se que mesmo um sistema modesto de satélites terrestres dotado de meios terrestres, sensores, que trabalham dentro dum programa para melhoramentos agrícolas para todo o mundo, irá aumentar as colheitas anuais numa soma equivalente a muitos milhares de milhões de dólares.

A distribuição dos alimentos para os necessitados é um problema completamente diferente. A questão não é tanto do volume das remessas, é antes de cooperação internacional. O governante duma nação pequena pode sentir-se muito desconfortável com a perspectiva de ter grandes quantidades de alimentos enviados para o seu país por uma grande nação, simplesmente porque ele teme que, junto com a comida também poderá vir uma importação de influência e de poder estrangeiro. O alívio eficiente de fome, temo, não virá antes que os limites entre as nações se tornem menos divisivos do que o são hoje. Eu não acredito que o voo espacial vai realizar este milagre dum dia para o outro. No entanto, o programa espacial está, certamente, entre os agentes mais promissores e poderosos que trabalham nesta direcção.

Deixe-me apenas lembrar-lhe a recente quase tragédia da Apollo 13. Quando a hora da reentrada crucial dos astronautas se aproximou, a União Soviética interrompeu todas as transmissões de rádio russas nas faixas de frequências utilizadas pelo Projeto Apollo, a fim de evitar qualquer possível interferência, e os navios russos posicionaram-se no Pacífico e no Atlântico caso fosse necessário um resgate de emergência. Tivesse a cápsula com os astronautas pousado junto dum navio russo, os russos, sem dúvida, teriam investido tantos cuidados e esforços no seu socorro, como se de cosmonautas russos de regresso duma viagem espacial se tratasse. Se os viajantes espaciais russos se deparassem com uma situação de emergência semelhante, os americanos fariam o mesmo, sem qualquer dúvida.

Uma maior produção de alimentos através de levantamentos e avaliações orbitais, e melhor distribuição de alimentos através da melhoria das relações internacionais, são apenas dois exemplos de como o programa espacial terá um impacto profundo na vida na Terra. Gostaria de citar dois outros exemplos: estimulação do desenvolvimento tecnológico e geração de conhecimento científico.

Os requisitos para a alta precisão e para a extrema confiabilidade que são impostos sobre os componentes duma nave espacial lunar são inteiramente sem precedentes na história da engenharia. O desenvolvimento de sistemas que atendam a esses requisitos severos proporcionou-nos uma oportunidade única para descobrirmos novos materiais e métodos, inventar melhores sistemas técnicos, novos processos de produção para prolongar a vida útil dos instrumentos, e até mesmo para descobrir novas leis da natureza.

Todo esse conhecimento técnico recém-adquirido também está disponível para aplicação em tecnologias em Terra. Todos os anos, cerca de mil inovações técnicas geradas no programa espacial encontram o seu lugar na nossa tecnologia terrestre, onde introduzem melhores aparelhos de cozinha, equipamentos agrícolas, melhores máquinas de costura e rádios, navios e aviões melhores, melhor previsão de tempo e avisos de tempestade, melhores comunicações, melhores instrumentos médicos, utensílios e ferramentas para melhorar a vida quotidiana. Presumivelmente, vai perguntar agora por que temos que desenvolver primeiro um sistema de apoio de vida para os astronautas da nossa viagem à Lua, antes de podermos construir um sistema de sensor de leitura remota para pacientes cardíacos. A resposta é simples: um progresso significativo nas soluções de problemas técnicos não é, frequentemente, obtido por uma abordagem directa, mas primeiro pela fixação duma meta, dum alto desafio que oferece uma forte motivação para o trabalho inovador, que desperta a imaginação e estimula os homens a dar o melhor do seu esforço, e que actua como um catalisador, quando assimila outras reações em cadeia.

O voo espacial está, sem dúvida, a desempenhar exactamente esse papel. A viagem a Marte não será certamente uma fonte directa de alimentos para os famintos. No entanto, vai conduzir a muitas novas tecnologias e capacidades, tanto assim que os spin-off’s gerados a partir deste projecto vão valer muitas vezes o custo da sua implementação.

Além da necessidade de novas tecnologias, há uma grande necessidade contínua de novos conhecimentos básicos nas ciências, se quisermos melhorar as condições de vida humana na Terra. Precisamos de mais conhecimento em física e química, na biologia e na fisiologia, e muito particularmente na medicina para lidar com todos esses problemas que ameaçam a vida do homem: a fome, a doença, a contaminação dos alimentos e da água, a poluição do meio ambiente.

Precisamos de mais homens e mulheres jovens que escolham a ciência como uma carreira e precisamos dum melhor apoio para os cientistas que têm o talento e a determinação para se empenharem no trabalho da pesquisa aplicada. Devem estar delineados objectivos de pesquisa desafiadores, e devem ser fornecidos apoios suficientes para os projectos de investigação. Mais uma vez, o programa espacial com as suas maravilhosas oportunidades para participar em estudos de investigações verdadeiramente magníficas de luas e de planetas, de física e de astronomia, de biologia e de medicina é um catalisador quase ideal que induz a reacção entre a motivação para o trabalho científico, as oportunidades para observar emocionantes fenómenos da natureza, e o apoio material necessário para realizar o esforço de pesquisa.

Dentre todas as actividades que são dirigidas, controladas e financiadas pelo governo norte-americano, o programa espacial é certamente o mais visível e provavelmente a actividade mais debatida, embora consuma apenas 1,6 por cento do total do orçamento nacional, e três por mil (menos de um terço de 1 por cento) do produto interno bruto. Como estimulante e catalisador do desenvolvimento de novas tecnologias, e para a pesquisa nas ciências básicas, é inigualado por qualquer outra actividade. A este respeito, pode-se mesmo dizer que o programa espacial está assumindo uma função que durante três ou quatro mil anos tem sido a triste prerrogativa das guerras.

Quanto sofrimento humano pode ser evitado se as nações, em vez de competir com as suas bombas caindo de frotas de aviões e foguetes, competissem com seus navios lunares que viajam pelo espaço! Esta competição está cheia de promessas para brilhantes vitórias, mas não deixa espaço para o destino amargo do vencido, que gera nada, excepto vingança e novas guerras.

Embora o nosso programa espacial parece levar-nos longe de nossa terra e em direção à Lua, ao Sol, aos planetas e às estrelas, eu acredito que nenhum desses objetos celestes terá tanta atenção e estudo por cientistas espaciais, como a nossa Terra. Ela vai tornar-se numa Terra melhor, não só por causa de todo o conhecimento científico e tecnológico novo que vamos aplicar para a melhoria de vida, mas também porque estamos a desenvolver um apreço muito mais profundo pela nossa Terra, pela vida e pelo Homem.

A foto que coloquei nesta carta mostra uma vista da nossa Terra a partir da Apollo 8, quando esta orbitou a Lua no Natal de 1968. De todos os muitos resultados maravilhosos do programa espacial, até agora, esse quadro pode ser o mais importante. Ele abriu os nossos olhos para o facto de que nossa Terra é uma linda e preciosa ilha num vazio sem limites, e que não há nenhum outro lugar para nós vivermos, excepto esta fina camada da superfície do nosso planeta, fronteira com o nada sombrio do espaço. Nunca antes tantas pessoas reconheceram quão limitada realmente é a nossa Terra, e como quão perigoso seria mexer com o seu equilíbrio ecológico. Desde que esta imagem foi publicada pela primeira vez, as vozes de alerta pelos graves problemas que afligem o homem nos nossos tempos tornaram-se cada vez mais altas: a poluição, a fome, a pobreza, a vida urbana, a produção de alimentos, o controlo da água, a superpopulação. Certamente não é por acaso que nós começamos a ver as tarefas enormes que nos esperam a partir do momento em que a jovem era espacial nos proporcionou a primeira boa perspectiva do nosso próprio planeta.

No entanto, felizmente, a era espacial proporciona não só um espelho como o qual nos podemos ver, mas também fornece as tecnologias, o desafio, a motivação e até mesmo o optimismo para abordar essas tarefas com confiança. O que aprendemos no nosso programa espacial, creio eu, apoia totalmente o que Albert Schweitzer tinha em mente quando disse: “Estou a olhar para o futuro com preocupação, mas com boa esperança.”

Os meus melhores votos estarão sempre consigo, e com as suas crianças.

Muito sinceramente seu,

Ernst Stuhlinger

Director Associado para a Ciência

 

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No vídeo seguinte a NASA explica como a tecnologia usada na exploração de Marte encontrou aquíferos de água doce em larga escala sob as areias do deserto, quando durante décadas outras tecnologias nada encontraram, um excelente exemplo do retorno aqui na Terra do investimento na exploração espacial.

Nenhum investimento em exploração espacial é gasto no espaço, todo o dinheiro investido no espaço é cabalmente investido aqui na Terra. Não há off-shores nem cofres no espaço, há apenas conhecimento.

8 comentários

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  1. O que mais me impressiona nessa postagem é a extrema educação e respeito do Sr. Ernst Stuhlinger ao responder a irmã Maria Jucunda. Tão diferente de hoje em dia, onde pessoas na internet que sabem tão menos que ele, se sentem no direito de humilhar e pisar pessoas, só por saberem um pouquinho a mais do que elas. Interessante também ressaltar que a indagação da irmã Jucunda é válida, visto que muitas pessoas pensam como ela. Minha mãe é um bom exemplo. Apesar de esclarecida e amiga da leitura, ela tinha muita dificuldade em entender porque se investir “tanto” em pesquisa espacial e “tão pouco” em maneiras de se alimentar as pessoas. Somente depois que passei a cursar Geografia e ter uma visão mais clara da geopolítica mundial, pude explicar a ela que essa visão era enganosa, de uma maneira um tanto quanto similar a do Sr. Stuhlinger com a irmã, apesar de não tão bem elaborada. Hoje ela entende melhor a situação.
    Acredito piamente que o papel de pessoas como nós, como o Sr. Stuhlinger, pessoas que tem um conhecimento a mais, não é a de se pavonear perante aqueles que não sabem, mas com respeito e paciência tentar educar e ensinar aos que não possuem tais conhecimentos.
    Que sirva de exemplo esse caso!

    1. Note que a forma como a irmã Maria Jucunda se dirigiu ao Dr. Ernst Stuhlinger (não é “sr.”) também foi bastante diferente do que se vê hoje em dia na internet, onde pessoas que sabem muito menos que a freira, não querem saber do conhecimento que os especialistas querem dar, mas preferem simplesmente escrever comentários onde afirmam puros disparates.

      Aliás, hoje em dia, qualquer ignorante pode fazer um site e escrever totais disparates, vigarizando um enorme número de pessoas, afirmando mentiras.
      Esses não querem aprender. Esses não querem entender as coisas. Não coloque esses ao nível de quem quer aprender, como a irmã Maria Jucunda.
      Esses merecem ser apontados, humilhados e pisados pelo conhecimento dos assuntos.

      abraços

  2. Se pensarmos que queremos uma colónia na Lua ou em Marte, temos de pensar num modo eficiente de produzir alimentos e se estes podem ser usados no espaço, o mais provável é que possa usar na Terra. Direta ou indiretamente, a exploração espacial ajuda a vida na Terra.

  3. Agora fiquei aqui a pensar se a irmã Jucunda chegou a responder…

  4. Excelente!! 😀

    • Telmo Almeida on 30/12/2012 at 15:12
    • Responder

    Excelente fonte de inspiração e de consulta para esclarecer as dúvidas que muitos colocaram sobre a missão a Marte e do investimento na Curiosity.
    Tentei na altura esclarecer com a minha visão, quem muitas vezes não quer ser esclarecido, inclusive onde muitas vezes a educação e conhecimento são conceitos desconhecidos, talvez porque não tenho o dom nem o conhecimento profundo que este senhor tem, será sem duvida, uma carta a reter para futuras consultas, quando tiver que voltar a explicar o meu ponto de vista sobre os programas espaciais, no fundo a ideia é a mesma, a maneira de a expor devido ao conhecimento é que é distinta.
    Sobre a cooperação e disponibilidade dos Russos na crise da Apollo 13, traz-me sempre à memória uma noticia, não sei o ano mas estávamos em plena guerra fria, um cardume de Baleias ficou preso nos gelos do Alasca, nas imediações apenas barcos Russos e Americanos que rapidamente uniram esforços para abrir um canal, e desta forma as baleias se conseguissem libertar dos gelos que acabariam por as matar. Inimigos e um custo elevado numa operação, bem sucedida. Mas a analise destas situações, não passa só pela boa vontade e cooperação, no fundo todos temos, baleias incluídas, o mesmo inicio e o mesmo fim. Temos mais em comum do que apenas o planeta onde habitamos.

  5. Manel, parabéns pelo texto. Muitas pessoas confundem as aplicações bélicas do progresso científico com a própria Ciência. É o investimento em pesquisas científicas que melhor oferece resultados para resolver os problemas do mundo do que as religiões.

  6. Excelente post, parabéns. Me chamou atenção a parte onde a União Soviética se coloca à disposição para ajudar no pouso da Apollo 13. A astronomia tem este poder de unir os povos.

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