Uma equipa liderada pelo astrofísico Paul Kalas, da Universidade da California (Berkeley) e do SETI Institute (Mountain View), apresentou no encontro da American Astronomical Society (AAS) novas imagens do planeta Fomalhaut b, obtidas com o Telescópio Espacial Hubble, que confirmam o estatuto planetário do objeto. Kalas tinha estado já na origem da descoberta do planeta, em 2008, o primeiro a ser fotografado directamente em torno de uma estrela.
(A imagem da descoberta de Fomalhaut b publicada em 2008. O planeta foi detectado em imagens obtidas, com a Advanced Camera for Surveys (ACS) do Telescópio Espacial Hubble, em 2004 e 2006. Crédito: NASA, ESA, P. Kalas, J. Graham, E. Chiang, E. Kite (University of California, Berkeley), M. Clampin (NASA Goddard Space Flight Center), M. Fitzgerald (Lawrence Livermore National Laboratory), and K. Stapelfeldt and J. Krist (NASA Jet Propulsion Laboratory))
Nos anos que se seguiram surgiram várias dúvidas quanto à natureza planetária do Fomalhaut b. De facto, o suposto planeta não foi detectado em observações realizadas no infravermelho a partir da Terra e usando o Telescópio Espacial Spitzer. Um planeta gigante e jovem, com algumas vezes a massa de Júpiter, como parecia ser o caso, deveria ser detectável pelo Spitzer por estar ainda muito quente. A não detecção implicava que o planeta, se existisse, teria de ser bem mais pequeno, com uma massa máxima semelhante à de Júpiter. Implicava também que o planeta era visível nas imagens do Telescópio Espacial Hubble não devido ao seu brilho mas provavelmente devido à luz reflectida por um anel de material, e.g., partículas de gelo, por ele capturado.
Entretanto, já em 2012, duas equipas detectaram, de forma independente, o planeta nas imagens de arquivo do Hubble, usando algoritmos de processamento de imagem mais sofisticados entretanto desenvolvidos. As observações agora apresentadas por Kalas e a equipa parecem assim estabelecer definitivamente a existência de um planeta rodeado por um anel de material (o anel é necessário para explicar a luminosidade do objecto em comprimentos de onda do visível).
(As novas imagens obtidas com o Space Telescope Imaging Spectrograph (STIS), um dos instrumentos do Telescópio Espacial Hubble, que, combinadas com imagens anteriores, permitiram medir o período orbital do Fomalhaut b em cerca de 2 mil anos. As imagens foram obtidas em 2010 e 2012. Crédito: NASA, ESA, and Z. Levay (STScI))
As novas posições do planeta permitiram também determinar que ele se move numa órbita elíptica muito alongada, com um periastro de 4.6 mil milhões de quilómetros e um apoastro de 27 mil milhões de quilómetros. Se a órbita do planeta se situar no mesmo plano do anel de gás e poeiras que circunda Fomalhaut, então daqui a 20 anos poderá colidir com o material nesse disco. Os autores adiantam que a órbita estranha do planeta poderá ser explicada com a existência de outros planetas mais interiores que perturbam gravitacionalmente o Fomalhaut b.
(Diagrama representando a órbita de Fomalhaut b agora calculada e que poderá levar o planeta a atravessar o anel exterior de gás e poeiras que circunda a estrela hospedeira. Crédito: NASA, ESA, and Z. Levay (STScI)).
Podem ver a notícia original aqui.
2 comentários
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Posso perguntar uma coisa? Se existem planetas com órbitas tão excêntricas, a possibilidade de existir o “muito hipotético” planeta Tyche, ainda que pequena, é real? Atenção, não sou um daqueles malucos que acreditam no fim do mundo, em planetas assassinos ou em tretas parecidas, contudo há uns anos, li um bom artigo no Daily Galaxy sobre dois investigadores que afirmavam existir um planeta na parte exterior da Nuvem de Oort. Este tipo de notícia demonstra que a possibilidade de Tyche existir não está totalmente fora de questão. Não é verdade?
Obrigado pelo vosso tempo!
Cumprimentos 🙂
Sobre o Tyche:
http://www.astropt.org/2011/02/20/tyche-planeta-gigante-nos-confins-do-sistema-solar/
abraços!
[…] – Planetas Extrasolares (tag): Fomalhaut b (zombie). CoRoT-Exo-7b. CoRoT-2b. HR 8799. Gliese 581, Gliese 581d (aqui), Gliese 581g (notícia), Gliese […]