Chama-se HD 140283 e está a 186 anos-luz de distância da Terra, ou seja, está praticamente no nosso quintal.
A sua fama vem de ter uma idade bastante avançada. Esta estrela tem pelo menos 13,2 mil milhões (bilhões, no Brasil) de anos.
Esta deverá ter sido uma das primeiras estrelas a nascer, como prova a sua constituição: maioritariamente hidrogénio e hélio.
A estrela formou-se cerca de 500 milhões de anos após o Big Bang.
Esta estrela foi observada pelo telescópio espacial Hubble, e o líder do estudo é o astrofísico Howard Bond.
No entanto, esta é somente a estrela mais antiga até agora detetada por nós. Mas outras estrelas existiram antes desta.
A primeira geração de estrelas só tinham elementos leves que foram criados aquando do Big Bang (hidrogénio e hélio). O facto desta estrela ter alguns elementos pesados, leva os cientistas a concluírem que esta é uma estrela da segunda geração. Esta estrela nasceu após a morte (supernovas) das estrelas de primeira geração.
21 comentários
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Interessante…
Corrigindo o Carlos Oliveira, vc disse que vemos ela como ela era a 13,2 mil milhoes atras essa afirmativa eh equivocada, pois a distencia desssa estrela é de 186 anos luz daqui, quer dizer pra saber se ela ainda existe ou nao, e eestamos vendo ela como ela era a tantos anos atras isso entra muitos calculos.
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Tem razão.
Ela há 186 anos atrás era uma sub-gigante 😉
abraços
=D
Mas ela não pode ser uma estrela de primeira geração e esses elementos mais pesados terem sido feitos no seu nucleo durante a sua existência pelo processo de fusão nuclear? Baseado na minha imensa ignorância no assunto, pensei ser paradoxal a afirmação de que ela se trata de uma estrela de segunda geração por apresentar elementos pesados e, esses elementos pesados serem forjados dentro de uma estrela de primeira geração. Ora, se eles são forjados dentro de uma estrela de primeira geração, não poderia ser ela própria uma estrela de primeira geração? E se ela não é uma estrela de primeira geração, é a mais antiga conhecida por nós?
Author
Olá Renan,
Nem todas as estrelas criam os mesmos elementos pesados.
Por exemplo, o Sol não consegue criar ferro. Mas uma estrela bastante massiva consegue.
Se o nosso Sol tiver ferro (e tem), isso quer dizer que esse ferro foi absorvido pelo Sol no processo de formação, mas esse ferro foi criado por estrelas anteriores ao Sol.
Por outro lado, elementos mais pesados que o ferro (como o ouro), só são criados numa supernova. Ou seja, tem que haver uma explosão de uma estrela massiva para outra estrela a seguir ter quantidades ínfimas de ouro na sua constituição.
É o que acontece na assinatura química desta estrela 😉
abraços!
Author
“E se ela não é uma estrela de primeira geração, é a mais antiga conhecida por nós?”
Exacto 😉
obrigado pelo esclarecimento! Uma última pergunta: Ainda existem estrelas de primeira geração, ou é impossível elas ainda existirem? Abraço.
Author
Quando olhamos no espaço, estamos a olhar para trás no tempo. 😉
Esta estrela também já não existe… 😉
Nós estamos a vê-la como ela era há 13,2 mil milhões atrás 😉
abraços!
Sim, claro, o tempo é relativo.Isso me deixa louco, pois, o agora aqui não é o agora lá, enfim, …com esse dado novo é impossível não fazer outras perguntas. Se essa estrela tem 13,2 bilhões de anos(sim, eu sou brasileiro), como raios os astronomos fizeram pra detecta-la? Eu não tinha conhecimento de que é possível saber tanto sobre uma estrela tão longíquoa. Se é que existe um tempo presente comum a todo o universo, existem estrelas de primeira geração supostamente atuais, isto é, estrelas de primeira geração com 13,7 bilhões de anos? Cada vez mais eu tenho a certeza que quero ser astronomo, tudo isso é fascinante!:)
Author
Conseguimos ver bastante longe 😉
Quando conseguirmos ver mais longe, veremos estrelas ainda mais antigas… de 1ª geração 😉
abraços!
Gostava de precisar uma coisa: Diz o texto ” 13,2 mil milhões (bilhões, no Brasil)”.
No brasil dizem bilhões de facto, mas a dúvida que poderia sugir neste caso não é para o brasileiro. Isto porque mil milhões são inquivocamente identificados como 10E9 (isto é 1 000 000 000). A dúvida só surgiria ao contrário. Mil na Europa é mil, e na América (incluíndo EUA) também. 1 milhão é 1 milhão em ambos os lados do atlântico. A dúvida surge ao dizer bilhão (ou “bilião” em português padrão, “bilion” em inglês). Aí tem um significado diferente. Em Portugal, a norma diz que 1 bilião = 1 milhão de milhões enquanto na América é só mil milhões.
O problema de usar as palavras bilião ou bilhão ou bilion é que muita gente não as sabe usar correctamente no contexto correspondente, e frequentemente os leitores não estão a par desta diferença de significado, ou nem sabem qual a origem da pessoa que escreveu, pelo que não terão maneira de saber qual o siginficado a dar.
Em suma, as palavras bilião, trilião, e por aí fora deviam ser banidas do jornalismo pois têm significados dúbios.
Encontra aqui a resposta http://www.ciberduvidas.com/pergunta.php?id=11320
Antigamente 1 bilião = 1 000 000 000
Mas afinal está errado e deve ser dito mil milhões…
lol
De acordo com o relatado, então não deve ter se formado qualquer tipo de planeta rochoso na primeira geração de estrelas. Provavelmente os planetas que as circundavam eram todos gasosos.
Mais o fato dela ter elementos pesados significa que de fato ela não é uma estrela de primeira geração? Com a explosão de suas vizinhas, ou outras mais distantes, ela pode ter absorvido matéria pesada de outras estrelas fazendo assim que ela tivesse elementos mais pesados que o hélio. O que não tiraria o “mérito” dela de ser a mais antiga conhecida e de primeira geração.
Por fim, ela é uma anã de que tipo?
Author
Neste momento (na altura em que a luz saiu dela) está na fase de sub-gigante:
http://researchprofiles.herts.ac.uk/portal/en/publications/the-barium-isotopic-mixture-for-the-metalpoor-subgiant-star-hd-140283%28918f0714-d3fb-49f7-868e-74c60b4430e0%29.html
abraços
Author
Quanto à origem dos elementos pesados:
http://voxcharta.org/2012/11/05/origin-of-the-heavy-elements-in-hd-140283-measurement-of-europium-abundance/
abraços!
Herbert, uma estrela tem sua idade determinada de acordo com a análise do espectro da luz que ela emite. Ou seja, de acordo com a análise da luz da estrela, pode-se detectar de que tipo de material ela é constituída e assim a idade (aproximada).
Imagina quantas civilizações teriam chegado ao auge e desaparecido vivendo nos planetas que orbitariam ela…
Sei.. ficção, quando ela se formou não havia muito mais doq gas, e nenhum material mais pesado doq Hélio.
Mas alguns bilhões de anos mais tarde, talvez alguns mateteriais teriam migrado para lá, daí as chances aumentariam.
Gostaria de saber como se determina a idade de uma estrela?
Author
Com a análise espectrográfica determina-se a sua constituição. Se não tiver elementos pesados, será uma estrela muito antiga.
Por outro lado, com observações do Hubble foi possível medir a luminosidade intrínseca da estrela (sabendo a sua distância… é uma relação directa matemática com a luminosidade aparente).
Como foi medido na sua constituição que a estrela está a acabar o hidrogénio no seu núcleo, então sabe-se que ela está numa fase específica de diminuição de luminosidade… que corresponde à sua idade.
abraços!
As partículas sub-atómicas constituintes do núcleo dos átomos são os protões e os neutrões, estes 2 tipos de partículas ainda não elementares (são constituídas por trios – tripletos- doutras muito mais pequenas chamadas up e down quarks) chamam-se no seu conjunto nucleões.
Estrelas e galáxias têm 3 vezes mais Hidrogénio do que Hélio. Quando o Universo arrefeceu o suficiente, os neutrões e os protões puderam juntar-se para formar os primeiros núcleos dos átomos. Existem 14 protões por cada 2 neutrões (ou 7 para 1) o que se vê pelos neutrões sozinhos decaírem ao fim de pouco tempo em protões. Os protões em excesso formam então núcleos de Hidrogénio.
As contas dão assim: cada núcleo de Hélio capturou 2 protões e 2 neutrões, deixando livres 12 protões.
Vejam agora pelo conjunto, pelos nucleões: 12 a dividir por 4 dá 3. Daí a proporção de 3 para 1.
Isto acontece porque é precisa um pouco mais de energia para formar um neutrão do que um protão, porque o neutrão é ligeiramente mais pesado, no sentido de ter mais um pouco mais de massa. A probabilidade decorrente desta pequena diferença é portanto muito a favor (exactamente 3:1) da formação do protão em detrimento do neutrão.
Esta diferença de energia, e aqui é energia é uma régua, é uma medida da massa destes nucleões, corresponde (a cerca de 10 mil milhões de graus Celsius) e satisfaz estatisticamente o facto de existirem 7 protões por cada neutrão.
É assim que se sabe a idade duma estrela após se observar a sua constituição. Há um detalhe nas gerações de estrelas, as de III (3ª em numeração romana) são as mais antigas porque também foram as descobertas mais recentemente.
A escala da idade das estrelas também é chamada de “metalicidade,” isto porque os nossos amigos astrónomos chamam de “metais” a todos os elementos da Tabela Periódica mais pesados (com mais nucleões) do que o Hidrogénio e do que o Hélio, desprezando os elementos residuais Lítio e Berílio.
Têm sentido prático apurado, os astrónomos, e, tal como os físicos, têm estas formas engraçadas de classificarem as suas observações, reparem que também por motivos históricos. Eles sempre podem retorquir, e com toda a razão, que medir a massa duma partícula pela energia como o fazem os físicos é algo até arcaico em termos históricos.
Por estas e por outras é que o ensino e a divulgação das Ciências é sempre mais correcto e fácil de entender à luz da História.
A pergunta do Herbert é excelente! :))
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